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“À noite, chegavam e tiravam a nossa roupa, tiravam a cama, não deixavam uma peça de roupa, ficávamos com um frio de todo tamanho”- Colatino Lopes Soares

Colatino_LopesO professor aposentado Colatino Lopes Soares Filho, de 66 anos, contou sobre sua prisão em 1968, quando ainda era jovem e fazia parte do Movimento Estudantil. Ex-militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), ele foi presidente da União da Juventude Estudantil Secundarista (UJES) de 1967 a 1968. Antes de ter a sua prisão decretada ficou escondido durante três dias no Colégio dos Jesuítas, atualmente localizado na Av. Presidente Itamar Franco. Sua casa foi invadida pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e depois teve sua prisão preventiva decretada. Foi levado para a Polícia do Exército (PE) e para o QG (Quartel General), onde permaneceu por mais de 30 dias. “Ficamos sem comunicação nenhuma”, contou.

 

 Foi transferido para a prisão de Belo Horizonte onde sofreu torturas físicas. “Lá em BH fui torturado! Várias pessoas pressionavam para falarmos alguma coisa. Fiquei no DÓI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) e às vezes no quartel, quando íamos prestar depoimento”, relatou. Após julgado e condenado retornou à Juiz de Fora, na Penitenciária de Linhares, onde cumpriu o restante da pena até 1970. Ele relatou ter sofrido torturas psicológicas e humilhações em Linhares. “À noite, chegavam e tiravam a nossa roupa, tiravam a cama, não deixavam uma peça de roupa, ficávamos com um frio de todo tamanho”. Quando Colatino foi preso pela primeira vez, ele tinha apenas 19 anos e chegou a passar dois aniversários na prisão.

 

Para o professor, a pior fase veio depois do julgamento, pois ele precisava tomar cuidado nos lugares aonde ia. E devido a prisão, as pessoas tinham preconceito e o “olhavam diferente”.

 

Tem interesse neste depoimento? Acesse a transcrição na íntegra.