Fechar menu lateral

“Eu vi a tristeza nos olhos dele, isso era evidente. Sinto profundamente a sua ausência”- Juarez de Andrade

 IMG_8112O professor Juarez de Andrade, 56 anos, contou a vivência de seu pai Gilberto Pontes de Andrade, durante a ditadura. Em 1969, Pontes de Andrade era escrivão do juiz auditor militar Antônio de Arruda Marques. O juiz foi responsável pela absolvição de vários presos políticos durante o regime militar aqui em Juiz de Fora. De acordo com Juarez de Andrade, seu pai foi atuante nesses processos, já que os dois eram muito amigos e partilhavam os mesmos princípios. “No comando da 4ª Região Militar o Dr. Arruda, meu pai e mais alguns, formaram um grupo que abortaram várias prisões ilegais”, contou. Em fevereiro de 1969, o juiz foi cassado com base no Ato Institucional N. 5 (AI-5) e destituído de seu cargo.

 

 Juarez de Andrade contou que durante os momentos de dificuldades seu pai apoiou a família do juiz. “Foi um momento muito difícil, meu pai tentou ser pai dos filhos do Antônio, pois quando tudo aconteceu eles eram muito novos e entraram em crise.”

 

Segundo o professor, durante o tempo que seu pai atuou na 4ª Região Militar de Juiz de Fora, ele presenciou muitas injustiças: pessoas foram julgadas e condenadas sem provas, acusadas de serem subversivas. “O general mandava uma lista com os nomes das pessoas que ele queria tirar do caminho”, revelou.

 

 Com a destituição do juiz Antônio de Arruda, o escrivão foi aposentado involuntariamente.  Durante este período Pontes de Andrade chegou a relatar em um documento, com aproximadamente dez laudas, tudo o que viu e viveu na auditoria militar de Juiz de Fora. Porém, de acordo com o filho esses documentos foram perdidos.

 

 Em fevereiro de 1980, ele faleceu nas escadas da auditoria militar. Muito emocionado, o filho relembrou esses momentos: “Ele insistiu para levá-lo à Justiça Militar, embora eu não quisesse, porque ele não tinha nada para fazer no local. Não me deixou sair do carro. De repente me gritaram: ‘Juarez seu pai está passando mal.’ Quando cheguei lá, ele estava sentado nas escadas com os papéis caídos no chão.” Segundo o professor, estes papéis eram os documentos que o pai havia escrito.

 

Tem interesse neste depoimento? Acesse a transcrição na íntegra.