O advogado Antônio Modesto da Silveira veio a Juiz de Fora para prestar depoimento à Comissão Municipal da Verdade (CMV-JF), contribuindo para rememorar as circunstâncias vivenciadas na ditadura. “O país não pode se esquecer e tem que rememorar com toda verdade”, afirmou.
Com 87 anos e considerado o advogado que mais defendeu presos políticos no período da ditadura, Modesto da Silveira é mineiro, mas vive no Rio de Janeiro. Guarda entre as memórias dos anos de chumbo o dia em que foi sequestrado pelo DOI-Codi, em 1970. “Autoridade que sequestra não é autoridade, é bandido”, contou.
Tornou-se deputado federal pelo MDB, em 1978, sendo reconhecido pela luta em prol dos direitos humanos. Por conta dos processos que atuou relativos a juiz-foranos e das ações que transcorreram na Auditoria Militar instalada na cidade. Durante seu mandato de 1979 a 1983, o advogado foi um dos encaminhadores da votação da Lei de Anistia, no Congresso Nacional, a pedido do Presidente Ulisses Guimarães, Lei n. 6683/79. “Juiz de Fora deixou muitas sequelas, aqui havia uma Auditoria Militar que recebeu muitos processos”, contou.
Dentre as inúmeras pessoas que ele defendeu, consta o primeiro preso político da ditadura na cidade, Misael Cardoso Teixeira, cuja esposa prestou depoimento à CMV-JF. “Todos os que me procurava eu defendia. Eu não era advogado das organizações, e sim dos perseguidos políticos; de qualquer cidadão que necessitasse ter direitos defendidos.”
“Os casos que vi aqui não foram tão graves, como por exemplo, da Casa da Morte em Petrópolis. Mas ouvi algumas referências sobre uma casa que eles torturavam na beira do rio, ainda tenho curiosidade de saber onde fica esta residência”, relatou.
Modesto da Silveira foi sequestrado juntamente com outros advogados e intelectuais na cidade do Rio de Janeiro: o famoso jurista Sobral Pinto e o professor de direito Heleno Fragoso, entre outros. “Eu estava em uma sessão de cinema, quando cheguei em casa e vi uma movimentação diferente. Foi chegando um grupo dizendo: ‘Temos ordens para levar o senhor.’ Posteriormente, me levaram para uma sala de tortura e condenação, para ser interrogado”, contou. Depois de solto não respondeu a processo.
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