O estudante de medicina da UFMG, José Luiz Moreira Guedes foi eleito para a presidência da UEE – União Estadual dos Estudantes, em 1964, sendo logo depois, em meio ao endurecimento da repressão, eleito à presidência da UNE – União Nacional dos Estudantes. Em seu depoimento, ele faz referência a 64 como “uma muralha que se interpôs a um processo político que vem desde o final da década de 50, (…) impedindo a sociedade brasileira e a juventude de alcançar seus ideais”. Foi preso no Congresso de Ibiúna e em outros momentos, o que o levou a viver na ilegalidade.
Para Nair Barbosa Guedes, não foi fácil ficar longe dos filhos e submetê-los a uma vida de clandestinidade. Ela relembra, agradecida, toda a ajuda recebida dos familiares, companheiros e amigos. Faz homenagens especiais à amiga Gilce Consenza, que foi presa e torturada e, também, ao irmão falecido, José Barbosa. Vinda de Araguari, interior de minas, para cursar a Faculdade de Serviço Social em Belo Horizonte, Nair diz ter vivido o momento de grande movimentação no Brasil e entrou na luta “com muito desejo de participar, de mudar esse país, de mudar a vida das pessoas”.
Quando estava na clandestinidade, José Luiz Guedes trabalhou como ceramista no interior do Ceará, onde era conhecido por Isaac Andrade Mendonça. Ter identidades diferentes era uma das estratégias do casal e de outros perseguidos políticos e líderes estudantis, na intenção de não serem presos, pois muitos foram assassinados nas prisões.
Nair diz ser fundamental, para que vivamos realmente numa sociedade democrática, que os crimes cometidos pelo Estado sejam revelados. Para José Luiz Guedes “a história de um povo não pode ser clandestina” e também defende ser dever do Estado tornar público todos os crimes.
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