João Comunista é o apelido pelo qual é conhecido João Carlos Reis Horta, que prestou depoimento à Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora. Ele contou a história dos dias em que passou preso e que foi torturado durante a ditadura militar que se instalou no Brasil entre os anos 1964 e 1985.
João Carlos foi preso em 1967 pouco tempo depois de inaugurar a livraria Sagarana, em sociedade com amigos. O lugar foi alvo dos militares, que confiscaram exemplares de livros considerados subversivos. Depois de solto, foi morar e trabalhar no Rio de Janeiro e lá passou a fazer parte da Resistência Armada Nacional (R.A.N.), um dos movimentos que lutava contra o regime militar.
Neste período foi preso novamente, e, segundo ele, experimentou terríveis experiências, como ficar preso nu em uma cela chamada de “geladeira”, por ser escura, fria, sem janelas, e com ar condicionado ligado no máximo, ou ainda, ficar confinado em uma solitária, sem ver nem conversar com ninguém por mais de 30 dias.
Dentre as torturas que sofreu, levou choques nas partes mais sensíveis do corpo, foi espancado, levou chutes, teve a cabeça mergulhada em água até perder o fôlego, andou de capuz sem poder ver o que ia acontecer, teve armas apontadas para sua cabeça e disparadas sem balas, como forma de pressão psicológica. “Não existe qual que é pior. Qualquer uma é ruim. O choque elétrico, o afogamento, a tal de ‘geladeira’, tudo é uma coisa horrorosa”, contou.
João Carlos contou a história de amigos que também foram presos e torturados e com quem dividiu tristezas e vitórias, revelando que, infelizmente, não foram mentiras as situações inimagináveis de violação aos direitos humanos ocorridas no período da ditadura no Brasil.
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