O diretor de teatro e professor aposentado José Luiz Ribeiro foi o primeiro diagramador do jornal Diário Mercantil. No momento do golpe militar em 1964, ainda trabalhava nos Moinhos Vera Cruz e estava se preparando para entrar na Faculdade de Filosofia e Letras, que começou no ano seguinte. Quando se formou em 1968, foi trabalhar no jornal como diagramador e também passou a ser responsável por uma página de cultura e teatro.
José Luiz conta que percebia a censura no jornal, no teatro e nas salas de aula. Segundo ele, após o Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968, a situação piorou. “E a gente começou a aprender a falar nas entrelinhas”, relata. No jornal, ele revela que os fatos que não podiam ser publicados eram entregues por um militar em um balcão. No teatro, as peças eram analisadas e algumas, como “Deus, Pátria e Família”, eram proibidas de serem exibidas. Quando dava aula, o professor conta que apareciam militares disfarçados de estudantes para vigiar o que estava sendo falado.
O diretor de teatro destaca o humor como grande ferramenta de resistência, sendo o riso um elemento de desestabilizava a ditadura. “Quanto pior o ditador, mais genial é o Charles Chaplin”, afirma.
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