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“A atuação do meu pai é para mim motivo de muito orgulho” – Francisco Pinheiro

FRANCISCOFrancisco Carlos Limp Pinheiro, conhecido como Chicão, tinha apenas nove anos quando o Golpe de 1964 aconteceu e a partir de suas memórias contou à Comissão Municipal de Juiz de Fora (CMV-JF) sobre a prisão de seu pai, Francisco Afonso Pinheiro.

 

Na época, o pai era funcionário da Companhia Mineira de Eletricidade e começou a participar do movimento sindical, vindo a se tornar pouco tempo depois presidente do sindicato da classe. No final da década de 1950, filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e conquistou um mandato de vereador na Câmara Municipal de Juiz de Fora, que encerrou-se com o Golpe. Por ordem dos militares, Francisco Afonso foi cassado juntamente com outros quatro vereadores acusados de serem comunistas.

 

De acordo com Chicão, o pai participou de várias lutas da classe trabalhadora do período. Dentre elas: o movimento pelo aumento dos cem porcento do salário mínimo, em 1954, participou da elaboração da primeira lei orgânica da Previdência Social, da luta pelo 13º salário e por melhorias das condições de trabalho.

 

No dia 31 de março de 1964, o pai saiu para trabalhar e não voltou mais para a casa. “Recebemos um aviso de um colega de trabalho avisando que ele havia sido preso”, contou. Francisco Afonso ficou preso durante noventa dias no Quartel General (QG) em Juiz de Fora e no Pronto Socorro , sob vigilância dos militares. “No momento de sua prisão teve crise de asma e disse que precisava da ‘bomba’. Eles entenderam errado. De repente, tivemos nossa casa invadida pelo exército armado com metralhadoras, procurando por bombas.”

 

O depoente revelou ainda que durante a infância, por decorrência da prisão do pai, a família sofreu preconceito. “Não podiam brincar conosco, porque éramos filhos de ‘comunista'”, contou. Após a prisão Francisco Afonso voltou para sua atividade, continuando na luta pelo trabalhador. Por conta do forte engajamento nos movimentos sociais, Chicão revelou que o pai mantinha contato com outros atores da política desse período como, Tancredo Neves, Leonel Brizola e até João Goulart. Depois da anistia foi eleito vereador novamente, exercendo mandato de 1983 até 1988.

 

Chicão seguiu os passos do pai e durante a faculdade entrou para o Movimento Estudantil, atuando de 1975 à 1982. Foi secretário geral do Diretório Acadêmico Tristão de Ataíde e um dos primeiros militantes da região a fazer parte da Tendência Estudantil de Liberdade e Luta (Libelu). “A atuação do meu pai é para mim motivo de muito orgulho”, contou.

 

Tem interesse neste depoimento? Acesse a transcrição na íntegra.