O primeiro depoimento gravado pela Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora foi o da ex-telegrafista Marita Pimentel França Teixeira, 84 anos, viúva de Mizael Cardoso Teixeira, considerado o primeiro preso político em Juiz de Fora, dias antes do golpe militar de 1964. Marido e mulher eram funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Juiz de Fora, cargos que conquistaram após aprovação em concurso público.
Mizael atuava como diretor, o que na época era um cargo de prestígio e que, por isso, mantinha contatos com governantes brasileiros, como Miguel Arraes, Magalhães Pinto e o então presidente João Goulart. Para Marita, esta teria sido uma das causas para a prisão do marido.
O casal morava em um apartamento que se situava em cima da agência onde trabalhavam, na Rua Marechal Deodoro. Foi neste imóvel que Mizael, dias antes do golpe, foi preso diante da esposa, dos filhos pequenos e dos clientes. Ele também foi cassado do cargo, já que nos Correios ocupava uma posição institucional importante.
No depoimento, Marita disse que não sabe exatamente o que aconteceu, mas que os médicos que trataram de Mizael acreditam que ele sofreu torturas com choques. Após sair da prisão, onde ficou quatro meses, teve graves problemas neurológicos, o que acarretou convulsões e internações em hospitais psiquiátricos. A ex-telegrafista disse ainda que seus filhos também tiveram problemas de saúde, pelo trauma de verem o pai sendo preso.
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