Nascido e criado em Juiz de Fora, o professor Rogério Medeiros, em sua juventude na década de 60, já participava politicamente nos meios culturais e estudantis da cidade. Através de um cineclube que participava, Rogério conheceu e ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). “Nesse sentido cultural que eu participava, né? Então, através de críticas, comentários, artigos, ensaios, no Diário Mercantil, já extinto, no Suplemento Literário de Arte e Literatura do Diário Mercantil, que saía todos os domingos”, conta Rogério.
No início da década de 70, Rogério Medeiros se mudou para o Rio de Janeiro para trabalhar no Jornal dos Esportes. No Rio, Rogério deixou o PCB e ingressou na Resistência Armada Nacional (RAN). O juiz-forano explica que nunca participou de nenhuma ação armada, mas sim de atividades intelectuais dentro do movimento. Seu papel era elaborar artigos para o Jornal Independência ou Morte e divulgá-lo. Em abril de 1973, depois de acabar seu expediente no jornal, Rogério Medeiros volta para casa e encontra agentes da repressão. Ele e sua esposa Marília foram presos. Ela trabalhava para a Sociedade Civil Bem-Estar Familiar (BEMFAM) e também participava desenvolvia atividades intelectuais na RAN. De casa, Rogério e sua esposa foram levados encapuzados para o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Ao chegar, Rogério foi encaminhado para uma cela escura e gelada, onde foi deixado nu com outros presos. Segundo seus cálculos, permaneceu por dez dias no DOI-CODI sofrendo torturas. “Eram torturas dosadas entre o físico e o psicológico. A tortura não é apenas o choque elétrico, a tortura também é estar nu, estar num lugar escuro, com barulho infernal o tempo todo, uma temperatura baixíssima, você no escuro”, conta. Após sair do DOI-CODI, Rogério foi encaminhado para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), onde ficou por mais cerca de quarenta dias.
Durante o tempo em que permaneceu preso, Rogério não teve notícias de sua esposa. Seu contato com ela só aconteceu quando ambos foram soltos, no mesmo dia, no final de maio de 1973.
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