O granjeiro José Salvati Filho, de 67 anos, era estudante e membro da União Juiz-forana de Estudantes Secundaristas (Ujes) quando foi preso em 1968, pela Polícia Federal. Os policiais encontraram em sua casa no bairro Santa Luzia jornais com conteúdo subversivo. O ex-militante, foi levado para o Quartel General (QG) de Juiz de Fora onde ficou preso por 30 dias.
Segundo o granjeiro, após a soltura fugiu para São Paulo na companhia de seu amigo Rodolfo Troiano. Na capital, trabalhou em uma fábrica e participou do movimento operário como integrante da Ação Popular Marxista-Leninista (AP). Em 1970, houve uma campanha salarial organizada pelo movimento com distribuição de panfletos. Para ele, esse movimento teve certa repercussão e, após dois dias foi preso novamente pelo DOPS/SP, onde sofreu uma série de interrogatórios com torturas físicas no final. Segundo ele, levou socos, pontapés, ficou no pau de arara e na “cadeira do dragão”, uma cadeira elétrica com apoio para os braços, onde a pessoa é amarrada pelos pulsos e fios conduzem a eletricidade até o indivíduo. “Eles te sentam, aí tem uma corda aqui, outra ali, um fio ligado a um aparelho de televisão, que é de onde eles tiram a amperagem. Conforme o choque, eles vão controlando”, contou.
Devido a série de torturas cometidas, Salvati teve que ser levado para o hospital, no qual ficou mantido preso por cerca de vinte dias enquanto se recuperava. “Eu estava deitado, saindo desfalecido. Então, veio um policial e falou assim: ‘Menos um comunista’”, relatou. Segundo o ex-militante, nesse período a família pensou que ele estivesse sido assassinado.
Depois de solto, ficou aguardando em liberdade o processo que estava em julgamento. Condenado pela Justiça Militar, 4° Circunscrição Judiciária Militar (4° CJM), voltou para Juiz de Fora, em 1973, para cumprir pena na Penitenciária de Linhares.
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