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“Tortura não é crime político, não. Tortura é tortura. É um crime contra a humanidade” – João Carlos Reis Horta

JOÃO COMUNISTAJoão Carlos Reis Horta, também conhecido como João Comunista, nasceu em Juiz de Fora em 1934. Em 1966 inaugurou com dois amigos a livraria Sagarana, que em 1967 foi alvo da ação da ditadura. A repressão confiscou livros e efetuou a prisão de João Carlos.

 

Depois  de solto,  foi  trabalhar  no Rio  de Janeiro,  onde  se envolveu  com o  movimento  da Resistência Armada Nacional – R.A.N., apesar de ter participado de apenas uma ação armada.Em 1973 foi  preso novamente, quando foi torturado e também presenciou amigos sofrendo torturas inimagináveis. “Eu olhei  ele,  nu, lá só ficavam todos os presos nus, no pênis dele saindo sangue, porque eles introduziam para dar choque…”

 

João Carlos relata também momentos emocionantes que viveu na prisão, como aquele em que recebe a visita da mãe, fundadora da ASCOMCER: “Na hora que abriram, que eu vi minha mãe,  olhei  para ela,  assim…  Ela  deu um sorriso até aqui,  me abraçou:  “Ô meu filho!”  Eu comecei a chorar… Ela falou: “Não, meu filho, não chora mais não, eu tenho orgulho de você,você não é bandido, não, você não é ladrão, não. Eu tenho orgulho de você.”

 

Na  opinião  do  depoente,  os  torturadores  teriam que  ser  julgados,  mas  com  as  garantias constitucionais,  com  direito  à  defesa,  e  não  da  forma  como  eram  feitos  os  julgamentos militares. “Julgamento, como um criminoso que fez tortura. Porque tortura não é crime político,não, tortura é tortura. É um crime contra a humanidade.”

Tem interesse neste depoimento? Acesse a transcrição na íntegra.