A Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora (CMV-JF) ouviu o depoimento de Márcia Maria Pereira de Carvalho, filha do ex-sargento Ubirajara Gomes de Carvalho. Na época do golpe, ele servia em São João Del Rei e foi surpreendido com uma ordem de prisão.
De acordo com a filha, a decorrência da prisão deveu-se ao fato de seu pai ter se negado a cumprir ordens de seus superiores, cometendo um ato de insubordinação. “Meu pai foi para a Guanabara e quando retornou foi preso, porque se negou a entrar em conflito com os civis”, contou.
Ubirajara passou dez dias na prisão juntamente com outros sargentos e subtenentes do Exército na mesma condição. “Pelas caraterísticas do meu pai, acredito que ele tenha se negado a cometer torturas”, relatou. Por conta disso, o ex-sargento foi transferido para a cidade de Aquidauana (MT). Na época, Márcia ainda não era nascida, mas rememorou os relatos de sua mãe sobre o episódio: “Quando meu pai foi transferido para Aquidauana, foram com ele minha mãe e meu irmão em um container de trem. Ficaram três dias sem água e sem comida”. Durante esse processo de mudança, revelou Márcia que a mãe se encontrava grávida de oito meses e chegou a perder o bebê durante a viagem. Segundo ela, o ocorrido deixou uma marca muito grande, da qual a mãe sofre até hoje.
O pai faleceu em 1968 quando Márcia tinha apenas um ano de idade, vítima de doença hepática. A depoente contou que não chegou a conhecê-lo, mas afirma que conhecia seus valores.
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