A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se distingue no cenário das instituições de ensino superior brasileiras por bens e acervos artístico-culturais de relevância que passaram a integrar seu patrimônio ao longo de sua história. Isso motivou a criação, em 2006, da Pró-reitoria de Cultura (Procult), específica para a gestão de órgãos como o Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) e o Cine-Theatro Central, aos quais se somaram posteriormente o Centro Cultural Pró-Música, o Memorial da República Presidente Itamar Franco, o Museu de Arqueologia e Etnologia Americana (MAEA) e o Forum da Cultura. Além deles, vincula-se à Procult o tradicional Coral da UFJF, com mais de 50 anos de atuação. São, portanto, os relatos das realizações desse importante setor que integram a sexta reportagem da série do Relatório de Gestão 2019.

Cine-Theatro mantém-se jovem, aos 90 anos

Espetáculo Valencianas, parceria entre a Orquestra Ouro Preto e o cantor Alceu Valença, emocionou o público com hits como La Belle de Jour, Anunciação e Morena Tropicana (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

No ano de comemoração dos 90 anos, o Cine-Theatro Central contabilizou 97 eventos, que alcançaram um público estimado de 90 mil pessoas. O ápice da celebração foi em março, com “Valencianas”, de Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto. “Esses números expressivos se deveram, principalmente, à abertura do segundo andar do teatro, que contempla o Balcão Nobre e os Camarotes”, observa a pró-reitora de Cultura da UFJF, Valéria Faria. O Palco Central realizou sete apresentações internas e na Praça João Pessoa.

Segundo Valéria, também merecem destaque as apresentações do Centro Cultural Pró-Música, com os projetos “Operando”, “Trilhas Sonoras” e os tradicionais concertos do Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, todos abertos ao público. O Luz de Terra proporcionou sete apresentações, gratuitas ou com preços populares e ingressos de contrapartida distribuídos para instituições parceiras. Outra boa notícia é que o projeto Visita Guiada foi ampliado.

Para 2020, os planos incluem a abertura da Galeria Ângelo Bigi, a partir de obras assinadas pelo pintor e doadas por Antônio Carlos Duarte; pintura de restauração de paredes, fachada e portas; aquisição de totens digitais; melhoria na acessibilidade do público; acesso ao palco com aquisição de uma plataforma; e a reformulação do “Luz de Terra”, aprimorando o projeto com parcerias e compra de equipamentos; além de novo edital do Palco Central, com premiação para artistas e ampliação do número de apresentações.

Galeria Reitoria: modelo de efervescência artística

Já consolidada como espaço de efervescência artística, abrigando propostas diversificadas e abrangentes culturalmente, a Galeria Reitoria não se deixou vencer pelos recursos escassos e ofereceu ao público acadêmico e à comunidade sete grandes mostras em 2019.

Nesses registros, pesam a continuidade da exposição “Viva a Vida, Combate ao Suicídio”, entre janeiro e março; a estreia da instigante e internacional “France eMotion – Le Voyage anime”, em abril; a força documental de “Carriço Film – Tudo vê, tudo sabe, tudo informa”, em maio; a evocação dos 30 anos de cartazes do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, em julho; a homenagem a Marcel Duchamp com “Pensamento Subversivo – 100 anos de L.H.O.O.Q”, em agosto; a presença do projeto Arte em Trânsito, do Colégio de Aplicação João XXIII, respondendo ao questionamento “O que pode o artista na escola?”, em setembro; e a presença dos pacientes da Rede de Atenção Psicossocial, integrantes o projeto Trabalharte, na coletiva “InsPira, ExPira e Segue – 18 anos de Loucura pela Arte”, em novembro.

Para a pró-reitora Valéria Faria, 2020 chega com a expectativa de um trabalho que integra, acolhe, incentiva e agita o caldeirão das propostas artísticas em plena sintonia com ações de cidadania que alcançam e aproximam diferentes públicos.

Galerias levam arte ao Jardim Botânico

Mostra “Maxakali – A Resistência de um Povo” foi um dos destaques (Foto: Ramon Rafaello)

Atrações à parte no Jardim Botânico da UFJF, as galerias Tchóre, Mehtl’on e Tlegapé representam importante conquista para a Pró-reitoria como diferentes espaços expositivos, sendo que seus nomes referendam a presença ancestral do povo indígena Puri/Coroados. Sob a curadoria da Procult estão nove salas, dispostas na casa-sede do antigo sítio Malícia, com acervo permanente de 30 aquarelas e guaches sobre papel com representações de pássaros da região, desenhados por Raphael Dutra e uma linha do tempo.

A primeira mostra de caráter temporário entrou em cartaz com a inauguração do espaço, em abril, trazendo aos visitantes a mostra “Entre enigmas e percursos”, que reuniu, na Mehtl’on, percepções próprias de 12 artistas sobre as paisagens do Jardim. A mesma galeria registra, junto com a Tlegapé, desde novembro, outro importante trabalho, desta vez evocando a importância da cultura de outra grande nação indígena: “Maxakali – A Resistência de um Povo”, com destaque para a presença de representantes de duas aldeias (nove integrantes, ao todo) em eventos paralelos à mostra. “Para 2020, a ideia é incrementar as ações da Pró-reitoria no Jardim, com a realização de um Parque de Esculturas, projeto ainda em andamento”, adianta Valéria.

Festival de Música Colonial e Antiga marca 2019 do Pró-Música

30º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

O ano de 2019 foi de comemoração e realizações para o Centro Cultural Pró-Música. Em julho, a celebração dos 30 anos do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga levou cerca de seis mil pessoas a 18 concertos, em diversos espaços da cidade, em apresentações gratuitas e da melhor qualidade. Além disso, quase 300 alunos, de várias partes do país, participaram de 28 oficinas de instrumentos, canto e orquestra – o maior número já oferecido pelo Festival sob a gestão da UFJF.

Segundo o supervisor do Centro Cultural e diretor do evento, Marcus Medeiros, cada edição realizada pela Universidade representa “o cumprimento de um compromisso assumido pela Instituição com um evento de tamanha expressão no cenário da música antiga e histórica – e, nesse sentido, chegar à 30ª edição tem um significado ainda mais especial”.

Para o ano que vem, a expectativa é a possibilidade de retomar o projeto original do evento em termos de extensão, isto é, ampliar a programação cultural com sua realização em duas semanas, proposta que as dificuldades financeiras ainda não permitiram concretizar.

Apesar das contenções orçamentárias impostas às universidades, em 2019 o Centro Cultural conseguiu iniciar as atividades da Escola de Artes Pró-Música, que, embora ainda não disponha da infraestrutura necessária, foi cenário da realização de palestras de grupos de pesquisa da Universidade, de ações culturais de teatro e música e de atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Artística (Pibiart).

Em 2020, o espaço, que é tombado pelo patrimônio municipal, deverá ser revitalizado. A expectativa da direção e da Procult é que a Escola esteja equipada e entre em funcionamento pleno no próximo ano, com a ampliação da oferta de oficinas de música e arte para o público em geral.

Coral Pró-música (Foto: Divulgação)

Em plena atividade, o Coral Pró-Música realizou 29 apresentações este ano, enquanto a Orquestra Sinfônica encerra 2019 com um total de 21 apresentações, todas gratuitas, incluindo a participação dos grupos no projeto Operando, que chegou à sua terceira edição já consolidado como uma proposta de divulgação do gênero Ópera para o público leigo. Além disso, os grupos regidos pelo maestro Victor Cassemiro atuam no projeto Música nas Igrejas e participam, no final de 2019, de uma série de concertos em diversos espaços da cidade.

Forum da Cultura celebra Centenário do casarão

Evento que marcou as comemorações do centenário do casarão (foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

O início das atividades do Forum da Cultura, em 2019, foi marcado pela abertura das comemorações do centenário do casarão. A realização do Concerto para Cecy contou com a apresentação do pianista Bernard Rodrigues e da Orquestra Juiz de Fora. Além do Concerto, o espaço recebeu uma mostra sobre os primeiros anos do casarão e seus moradores, da construção deste até a época em que foi adquirido pela Faculdade de Direito, em meados dos anos 1950.

A Galeria de Arte fechará o ano com a realização de 22 exposições, que receberam, até o momento, mais de 1.500 visitantes. O Forum recebeu cinco concertos, incluindo três da série Concertos de Outono, criada em 2019 para estimular os aficionados da música erudita, e que receberam, juntos, um público de cerca de 500 pessoas. O Centro de Estudos Teatrais Grupo Divulgação, núcleo de ensino, pesquisa e extensão que mantém um acordo de cooperação com a UFJF, realizará até o fim do ano, oito espetáculos, em trabalhos com seus núcleos principal e de adolescentes e da terceira idade, que já somam um público de 1.345 espectadores.

“O ano de 2019 foi de grandes desafios para o Forum da Cultura, especialmente, a realização das obras emergenciais de contenção do muro que faz divisa com a Escola Delfim Moreira”, avalia o diretor, Flávio Lins.  Em função da interdição parcial da casa, durante quase todo o ano, o número de frequentadores foi impactado. “Felizmente, tudo terminou bem e o muro já foi estabilizado. Mesmo com restrições de funcionamento, conseguimos abrir ainda mais o espaço, especialmente, através da temporada dos Concertos de Outono, sucesso absoluto das manhãs de domingo na cidade, transformando a Galeria de Arte também em espaço para música erudita”, afirma o diretor. “Para 2020, pretendemos ampliar as atividades e as parcerias com os eventos locais, regionais e nacionais”.

Museu de Arqueologia resgata tradições de povos históricos

Uma das ações de destaque do Museu de Arqueologia e Etnologia Americana (MAEA) foi a organização da exposição Maxakali A Resistência de um Povo, aberta em 24 de novembro no Jardim Botânico da UFJF, com peças da importante e rica coleção etnográfica da cultura Maxakali, pertencente ao acervo do Museu. Houve, ainda, mostra fotográfica e programação cultural com 10 atividades, incluindo palestras, rodas de conversa, performance e cinco oficinas com 30 vagas cada, logo esgotadas; a programação contou com a participação de convidados indígenas da cultura Maxakali. De acordo com Valéria Faria, a exposição é “uma oportunidade de dar visibilidade a esse rico acervo e às pesquisas desenvolvidas pelo MAEA há décadas junto à cultura Maxakali”.

Além da exposição, o Museu realizou ações educativas em quatro escolas de Juiz de Fora e região, com a participação de cerca de 150 alunos. O workshop “Iconografia e parentesco em sociedades estatais arcaicas: o exemplo de Tiwanaku”, ministrado pelo arqueólogo Julián Alejo Sanches, atendeu a aproximadamente 30 pessoas. Dentre várias outras atividades, o MAEA realizou ações de extensão, com estudos, mapeamento arqueológico e cultural e coleta de dados etnográficos na Zona da Mata mineira, especificamente nos municípios de Pequeri e Guarará.

Para 2020, a pró-reitora Valéria Faria ressalta a proposta de criar recursos pedagógicos e expográficos para ampliação da acessibilidade à Sala Professor Franz Hochleitner, no Centro de Ciências que apresenta a coleção arqueológica da cultura Tiwanaku, uma das mais relevantes do MAEA -, por meio de protótipos, recriação de objetos em materiais e suportes diferenciados. Além disso, acrescenta, pretende-se ampliar as atividades do Museu no Centro de Ciências, com a concretização de roteiro para o público escolar e a implantação do sítio-escola.

23 projetos nascidos do Programa Institucional de Bolsas

Foram distribuídas 91 bolsas a graduandos da UFJF nas modalidades Projetos Artístico-Culturais, Grupos Artísticos e Mediação Artística, totalizando 23 projetos desenvolvidos este ano, com propostas de alcance artístico-cultural e social, que culminaram com a realização do Ciclo Feminino nas Artes, apresentando à comunidade de Juiz de Fora os processos de pesquisa e criação desenvolvidos pelos estudantes do Programa nas interfaces do feminino nas Artes Visuais, na Moda e no Cinema.

Na opinião da pró-reitora, a edição mostrou “a relevância do projeto para o desenvolvimento artístico de alunos de graduação e a repercussão dos projetos junto à sociedade”. Por essas razões, o programa terá mais vagas em 2020, com um total de 120 novas oportunidades para os alunos.

Mamm a caminho de se tornar referência nacional

Exposição de Andrea Buttner durante abertura ao público da 33a Bienal de São Paulo. (foto: © Leo Eloy / Estúdio Garagem / Fundação Bienal de São Paulo.)

O Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) deu, em 2019, prosseguimento ao objetivo de se tornar um espaço de referência museal para o país. Até outubro deste ano, o Mamm já havia ultrapassado a marca de 12 mil visitantes, tendo realizado, até novembro, 11 exposições, incluindo a 33ª Bienal de São Paulo, que insere a instituição no circuito mundial de arte contemporânea. Além disso, as ações de formação de público, através do setor de arte-educação, atingiram a marca de 5 mil pessoas, incluídos visitantes espontâneos e estudantes do ensino público da cidade, que chegam ao Museu através do projeto Coletivo Cultural, que disponibiliza ônibus para levar crianças e adolescentes de suas comunidades para conhecer o Mamm.

O Museu de Arte Murilo Mendes ainda contabiliza mais de 70 ações em sua programação durante o ano, incluindo palestras, seminários, apresentações musicais, exibições de filme, oficinas, entre outras.

Para 2020, o Mamm planeja uma série de atividades comemorativas pelos 15 anos do Museu e os 25 anos da chegada da coleção de artes visuais do poeta que dá nome ao espaço. Ademais, o projeto CineMamm ganha o reforço do Cineclube Movimento, do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF . A parceria promoverá um circuito alternativo de exibições de filme e o MusicaMamm contará com o apoio do Departamento de Música do IAD.

Sete mil visitações no Memorial da República

Memorial recebeu cerca de 7 mil visitações em 2019 (foto: Twin Alvarenga)

Com a missão de dar visibilidade ao acervo do ex-presidente Itamar Franco e, a partir disso, discutir questões relativas à política, história, economia e sociedade, o Memorial da República baterá a marca de 7 mil visitações no ano.

Com quatro anos de existência, o espaço tem se consolidado como alternativa de cultura e formação na cidade. Além da montagem de exposições temáticas, que ocorre de forma paralela à mostra permanente sobre o presidente, o Memorial também realizou exibições de filme, colônias de férias, debates, ações poéticas, entre outras atividades.

Neste ano, também iniciou um trabalho de formação continuada junto aos alunos da Escola Municipal Antônio Faustino, do bairro Três Moinhos, em Juiz de Fora. O projeto, de longo prazo, envolve ações do setor Educativo da instituição no ambiente da Escola, no entorno e também no Memorial. Segundo Valéria, a ideia é que, a partir de questões sugeridas pelo acervo e exposições do Memorial, os pequenos possam refletir e aprender sobre sua realidade, colaborando para sua formação cidadã.

Preservação da Memória Social

O Centro de Conservação da Memória (Cecom) tem entre seus objetivos promover a preservação da memória social, através da realização de oficinas, canteiros-escola e cursos de extensão que auxiliem na formação e capacitação de mão de obra, organização de eventos acadêmicos e custódia de acervos arquivísticos.

Em 2019, o órgão realizou duas oficinas – “Montar, desmontar, remontar: apre(e)ndendo as cidades”, com alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, e a oficina de apresentação do Cecom para alunos da disciplina de Patrimônio Histórico III, do curso de História. Também foram realizadas duas edições do curso “Introdução à Metodologia de Tratamento de Arquivos”, com a participação de 50 pessoas, dentre funcionários do próprio Centro, estudantes, servidores da Universidade e outros interessados.

Outra das ações realizadas pelo órgão este ano foi o lançamento do livro “Comunicação e universidade:reflexões críticas”, organizado pela professora da Faculdade de Comunicação (Facom) da UFJF, Christina Ferraz Musse. Além disso, foram realizadas três edições do projeto MemoriArte, que discutiu os temas ”Mídia e memória: tempo do passado no tempo presente”, Protestantismo e Política no Brasil” e “Cultura como forma de resistência”.

Além de cursos e eventos, o Cecom se dedicou aos seus projetos contínuos; voltado para a preservação da memória da instituição e à organização e preservação da memória do DCE, o projeto História da UFJF, por exemplo, concluiu este ano a catalogação dessa documentação, possibilitando sua abertura para pesquisa.

Para 2020, o Cecom prevê a realização de novas edições do MemoriArte, além da construção do Memorial do Movimento Estudantil, com uma exposição permanente, visto que o Centro ocupa um lugar de memória deste movimento (o antigo prédio do Diretório Central dos Estudantes – DCE).

Outra proposta é a realização de cursos de extensão, oficinas e minicursos relacionados à memória, patrimônio, história e áreas afins, ressaltando o caráter multidisciplinar do setor, além de eventos acadêmicos na área de conservação da memória. O diretor Marcos Olender planeja avançar com os projetos História da UFJF, Organização do Acervo da Pantaleone Arcuri e o Desenvolvimento de uma Política de Museus da UFJF, bem como com as propostas de que o Cecom preste consultoria ou assessoria a projetos ligados à conservação da memória e do patrimônio sócio-cultural.

Mais de 20 apresentações do Coral

Coral da UFJF em uma de suas apresentações durante as colações de grau da UFJF (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Em mais de meio século de atividades ininterruptas, o Coral da UFJF manteve a tradição de suas apresentações, totalizando 25 audições em 2019, sendo cinco em colações de grau da Universidade. A direção do Coral, em 2019, esteve sob a responsabilidade dos professores Adriano Del Mastro Contó e Hellem Pimentel, em diferentes períodos.

Outras informações: (32) 2102-3965 – Pró-reitoria de Cultura