A saga de captura da onça-pintada em Juiz de Fora reuniu coincidências de nomes relacionados a animais, com mais um desdobramento do caso nesta quinta, 16. Dois estão relacionados a felinos: o tenente-coronel Tigre Maia, do Campo de Instrução do Exército no município, e o soldado da Polícia Militar de Meio Ambiente Lyonn Jarrie – “lyonn” pode remeter a “lion” em inglês, que significa leão. Outro nome é do aposentado Francisco de Assis Ferraz, de 73 anos, associado ao santo católico, conhecido como protetor dos animais. Nesta manhã, o idoso recebeu uma surpresa em casa.
Dezenove integrantes da comissão interinstitucional responsável pela captura da onça, na cidade, doaram 13 galinhas e 20 quilos de ração ao aposentado, dono do galinheiro atacado provavelmente pelo felino, no Bairro Parque das Torres, na Zona Norte. Especialistas encontraram vestígios, como pegadas, que indicaram a presença do predador e classificaram o relato do proprietário como contundente.
As novas galinhas vão se juntar às mais de cem criadas soltas no quintal, entre bananeiras e goiabeiras, observadas por 16 felinos… Desta vez são gatos domésticos, acostumados com as aves.
“O que vocês vão fazer com essas galinhas?”, perguntou o proprietário, surpreso com a chegada da gaiola em frente à casa dele. “Não precisava… Se fosse preciso até deixava a onça comer mais galinhas”, conta ele, na torcida para a sobrevivência do animal ameaçado de extinção.
“A gente quer só retribuir a ajuda que o senhor deu para pegar a onça. Pessoas como o senhor precisam ser valorizadas”, justificou a bióloga e analista ambiental Sarah Stutz Reis, do Centro de Triagem de Animais Silvestres, em Juiz de Fora, do Instituto Estadual de Florestas (Cetas/IEF).
“Pensamos que não custava nada nos juntarmos e ajudá-lo. Ele não pediu nada. Mas vimos que foi uma perda”, completa o analista ambiental Glauber Barino, também do Cetas/IEF. Os dois profissionais foram responsáveis pela condução do furgão que levou o felino de Juiz de Fora à nova área florestal e por levarem as aves, compradas com recursos próprios dos 19 integrantes, à casa do aposentado.
Armadilha no quintal
O proprietário deixou a equipe de especialistas instalar uma armadilha de caixa metálica ao lado do galinheiro, na última quinta, 9, na esperança de o animal retornar ao quintal. Para isso, foi preciso retirar parte do muro de madeira da casa para a passagem da estrutura. Ele também se dispôs a ficar atento à movimentação no local e a avisar a equipe de captura em caso de a onça ser alcançada. “Fiquei de olho. Dormi até 22h, depois disso, fiquei vigiando de tempo em tempo. Aqui já veio gambá, lagarto, tamanduá. Mas onça não”.
Conforme o aposentado, foram mortas oito galinhas e feridas outras três, incluindo um galo. Ainda segundo o relato do aposentado, a onça foi por duas noites seguidas ao terreiro dele, na quarta, 8, e na quinta, 9. Na primeira, atacou as aves. Na segunda, veio comê-las. “Na primeira vez, ela ficou a menos de dois metros de mim, dentro do galinheiro. Ela me olhou bastante, estava chovendo bem. Aqueles olhos grandes, vermelhos. Saiu lentamente, sem fazer nada.”
Na noite do domingo, 12, a onça foi capturada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em uma armadilha de caixa, próximo ao primeiro lago da área verde. Na mesma noite, seguiu para uma área florestal de vida livre, mais ampla e mais segura, onde há possibilidade de reprodução. Existem três fêmeas e um macho no local.
Mais fotos
Novas imagens da reintrodução da onça-pintada foram divulgadas também nesta quinta, 16.
São fotos do animal na caixa metálica usada para transporte e dele já solto na nova área florestal.
Foto 3
Foto 4
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