Armadilha de caixa

Armadilha de caixa metálica instalada no Jardim Botânico (Foto: Raul Mourão/UFJF)

Quatro armadilhas metálicas em formato de caixa retangular foram colocadas no interior do Jardim Botânico da UFJF e em área externa do local, nestas quinta, 9, e sexta, 10, como parte das estratégias usadas para capturar uma onça-pintada, vista em pelo menos sete localidades em Juiz de Fora.

“As caixas estão posicionadas em pontos estratégicos de trajetos usados com regularidade pelo felino e com mais probabilidade de alcançá-lo”, explica o professor da UFJF Artur Andriolo, especialista em comportamento animal e biologia da conservação.

Ao entrar na caixa, de cerca de dois metros de profundidade, o animal é atraído até o fundo da armação para pegar uma isca. Com isso, aciona um gatilho que solta a porta de entrada, trancando o felino. Depois de ser sedado, ele receberá cuidados veterinários e um colar com GPS e sensor de movimento.

As novas armações somam-se às seis armadilhas de laço, camufladas no chão, já em funcionamento no Jardim. Em todas as estruturas de laço, foram instalados transmissores que emitem sinais sonoros, captados na sala de controle da equipe de monitoramento. Em duas dessas armações, estão posicionadas duas câmeras de vigilância que transmitem, em tempo real, imagens da área e emitem um alerta, ao ser constatado movimento nos arredores.

“Nosso objetivo é levar a onça-pintada para uma área florestal de vida livre, segura e ampla e com menos riscos de contato urbano, onde há população da sua espécie com possibilidade de reprodução”, afirma a pró-reitora da UFJF, Ana Lívia Coimbra. Especialistas estimam restar entre 200 a 250 onças-pintadas em Mata Atlântica.

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Ao todos são dez armações de caixa e de laço usadas para a captura (Foto: Raul Mourão/UFJF)

Onça avistada
A equipe técnica de monitoramento recebeu notificações de avistamento do animal na madrugada deste sábado, 11, no entorno do Jardim Botânico. Por recomendações de segurança e de estratégia da equipe, o local exato não será informado para não atrair pessoas à área, a fim de que ampliar condições para que o felino, sem se sentir intimidado, possa fazer os trajetos esperados para captura.

A Polícia Militar de Meio Ambiente continua as rondas no entorno da Mata do Krambeck. Em dois casos nesta semana –  um de possível avistamento, no bairro Jardim L’Ermitage, e outro de ataque a galinhas, no Bairro Parque das Torres, ambos na Zona Norte -, a equipe de especialistas acompanhou os militares para dar orientações, verificar o local e agir em situação de incidentes.

Orientações
Caso esteja certo de ter avistado o animal, a orientação é acionar a Polícia Militar de Meio Ambiente pelos telefones 190 e (32) 3228-9050. Se o felino estiver em ambiente fechado, precisa ligar também para o Corpo de Bombeiros por meio do número 193.

Evite atividades nas margens do Rio Paraibuna, na área coberta pela Mata do Krambeck, e em imediações da floresta, entre 17h e 6h.

Conforme o Guia Prático de Convivência entre Predadores Silvestres e Animais Domésticos, elaborado pelo Cenap/ICMBio, onças-pintadas normalmente têm medo do homem e tendem a evitar sua presença. No entanto, segundo o guia, é preciso evitar atividades que possam causar habituação do animal ao ser humano, ter precaução e seguir orientações de segurança.

Caso se depare com a onça

– Mantenha a calma.

– Levante o braço, sem movimentos bruscos, para se parecer maior.

– Nunca corra de uma onça, pois isso pode estimular seu instinto natural de caça.

– Afaste-se lentamente de frente; não dê as costas.

– Dê espaço para ela se afastar também, o que é uma tendência do animal.

– Se estiver com criança, pegue-a no colo, para evitar que ela saia correndo; ou leve-a para trás de você, protegendo-a.

– Não atire pedras ou outro objeto e nem corra, para não atiçar o instinto do animal.

– Sem tirar os olhos da onça, fale alto e firme, não grite;

O Guia Prático de Convivência está disponível em bit.ly/jdbotanico_guiaOnca.

Os trabalhos relacionados à onça-pintada em Juiz de Fora envolvem sete instituições que formaram uma comissão para coordenar as ações, com acompanhamento e atuação técnica do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio).

Integram o comitê:  Campo de Instruções do Exército Brasileiro em Juiz de Fora, Corpo de Bombeiros, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Estadual de Florestas (IEF/Cetas), Polícia Militar (incluindo a Polícia de Meio Ambiente), Prefeitura de Juiz de Fora e UFJF.

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