O bate-papo será conduzido pelo diretor da DRI, Anderson Bastos, contando com a participação do  gerente de Relações Internacionais, Hugo Rocha, e da  servidora da DRI, Clarissa Campos, ambos atuantes nos núcleos de Acordos e de Incoming, e responsáveis pela equipe do Global July.

Serão discutidos temas relevantes dentro da internacionalização como o conceito da internacionalização em casa. “Vamos fazer nosso encerramento pegando uma carona no formato virtual que propiciou a própria organização do evento. Apresentaremos um balanço desta edição do Global July através de uma live, para que possamos ter um alcance bem amplo na comunidade acadêmica e no público geral. Será uma conversa descontraída, mas ao mesmo tempo engajada na reflexão sobre a internacionalização de nossa universidade”, explica Bastos.

O Global July oferece cursos em idiomas estrangeiros como atividade extracurricular para todas as áreas do conhecimento durante o mês de julho, o que originou o seu nome. Neste ano, foram duas semanas preenchidas com uma grade multidisciplinar de cursos ministrados em inglês, espanhol, francês, italiano e português para estrangeiros, e devido à emergência sanitária da Covid-19, foi realizado totalmente em formato digital. Conversamos com Hugo e Clarissa que estão à frente da realização do programa para saber os resultados desta edição, assim como os desafios para os próximos anos.

Confira a entrevista

DRI: O que podemos identificar como sucessos e como pontos de atenção nesta edição?

Hugo Rocha: Tivemos diversos desafios neste ano. Fazer o Global July on-line nos trouxe muitas possibilidades mas, também, muitas dificuldades. O cadastro dos professores e dos alunos das nossas parceiras foi muito trabalhoso, as limitações da plataforma causaram alguns inconvenientes e o processamento das inscrições foi dificultado pelo reduzido número de pessoas que compõem a Equipe Global July. O grande sucesso dessa edição on-line foi o maior engajamento dos alunos internacionais ao Global July. Tivemos uma melhor dimensão do alcance nacional e internacional do programa, porque recebemos inscrições de diversas instituições no Brasil e no mundo, que tivemos que recusar, pois só aceitamos inscrições dos nossos parceiros. Isso indica que o programa conseguiu ao longo dos anos criar uma boa reputação e ser visto por pessoas de diversas universidades pelo mundo. Isso também indica o comprometimento e engajamento internacional dos nossos professores, que são o principal veículo de comunicação do Global July. Também tivemos um recorde de inscrições da comunidade da UFJF. Ficamos muito felizes com esse número, porque o programa é uma iniciativa para promover a internacionalização em casa e estamos conseguindo a cada ano cumprir melhor esse objetivo. Isso significa para nós que estamos no caminho certo.

DRI: Falamos muito em internacionalização em casa, mas me parece que é um conceito ainda relativamente desconhecido pela comunidade acadêmica. Poderiam explicar do que se trata? 

Clarissa Campos: Quando se pensa em internacionalização, a maioria das pessoas associa imediatamente a intercâmbio, a viagens internacionais. Mas esses são apenas alguns dos aspectos da internacionalização de uma universidade. São importantes, claro, mas por natureza acessíveis a uma pequena parcela dos nossos estudantes, funcionários e mesmo professores e pesquisadores. Então, precisamos trabalhar aqui dentro com ações de internacionalização para permitir que a UFJF se consolide como um ambiente realmente cosmopolita, contribuindo para a formação cidadã de toda a comunidade. A internacionalização em casa é justamente o outro lado da moeda da mobilidade. Se no intercâmbio nós levamos nossos alunos para o exterior, na internacionalização em casa nós trazemos o ambiente internacional para dentro do campus. Nós nunca conseguiremos que a maioria dos nossos alunos tenha uma experiência acadêmica no exterior então, para que de fato formemos cidadãos e profissionais preparados para um mundo multicultural e globalizado, precisamos fomentar ações de internacionalização em casa, como o Global July. Para que ocorra de uma maneira eficaz, a internacionalização em casa depende de outras ações como internacionalização do currículo e dos processos da universidade, política linguística, políticas de reconhecimento e aproveitamento de créditos e diplomas, cooperação internacional em pesquisa, dentre outros.

DRI: Como o Global July contribui para a internacionalização em casa? 

Hugo Rocha: Ao trazer para alcance imediato da UFJF a oportunidade de participar em atividades de ensino em língua estrangeira, com participação de professores internacionais, os estudantes exercitam várias habilidades importantes para a vida num mundo globalizado: competência linguística, comunicação intercultural, contato com práticas acadêmicas distintas. Por mais que esse tipo de interação seja idealmente feita presencialmente, no contexto atual de restrição de mobilidade que vivemos é uma ótima oportunidade para exercitar essas competências sem os custos nem a burocracia inerente a uma viagem internacional. Com o Global July proporcionamos aos nossos alunos quase todos os benefícios esperados da internacionalização em casa: que eles tenham contato com professores e estudantes de diversas partes do mundo; que saibam o que está sendo pensado, ensinado e pesquisado em diferentes países e instituições; que descubram novas formas de fazer ciência e que tenham seus horizontes expandidos pelo contato com outras formas de pensar. Também proporcionamos a alunos e professores que possam trabalhar e aprimorar suas habilidades linguísticas, já que eles têm cursos completamente dados em língua estrangeira e precisam interagir e produzir em outro idioma. O Global July também abre novas possibilidades de colaboração internacional, especialmente em pesquisa e ajuda a UFJF a balancear a mobilidade in e out, que é uma dificuldade histórica do relacionamento da UFJF com suas parceiras internacionais.

DRI: O que seria mais urgente colocarmos como foco para a internacionalização da UFJF daqui pra frente?  

Clarissa Campos: No atual quadro restrito de mobilidade internacional em razão da pandemia, consideramos muito importante trabalhar internamente para criar as estruturas e as condições de retomada dos deslocamentos internacionais num futuro próximo, que provavelmente ocorrerão em grande volume. Assim, trabalhar nossos processos administrativos de modo que contemplem a dimensão internacional da atividade acadêmica vai nos ajudar a consolidar os avanços de nível intermediário que já conquistamos. Considerar a participação de migrantes, refugiados e intercambistas em todas as dimensões da vida acadêmica (Ensino, Pesquisa, Extensão, Cidadania) bem como consolidar pesquisa e extensão internacional para os nossos alunos, já que o ensino foi o foco primordial das ações de internacionalização e ele já está mais bem estruturado. Também são necessárias mais ações de capacitação em idiomas estrangeiros para todos os segmentos da universidade, visto que o domínio de línguas estrangeiras é o primeiro requisito para a cooperação internacional. Outro aspecto que se mostra cada vez mais urgente é a busca por diversificação das fontes de financiamento da universidade, dada a situação cada vez mais grave do repasse de recursos governamentais. A cooperação internacional nos abre caminhos para receber financiamento para atividades de pesquisa, ensino e extensão a partir de organizações internacionais. Consideramos que ações nessas áreas são fundamentais para elevarmos o nível de internacionalização da UFJF.

DRI: Quais os principais desafios esperados para a edição 2022 do Global July?

Hugo Rocha: Estamos com expectativas altas para 2022 com uma possível retomada das atividades presenciais. Assim, estamos planejando uma oferta híbrida, com cursos presenciais e on-line. Esperamos voltar a receber alunos e professores internacionais no nosso campus. Naturalmente, será necessária uma maior articulação institucional, visto que o volume de trabalho numa oferta híbrida vai no mínimo dobrar. Especialmente se considerarmos o crescimento constante do alcance e da relevância do programa. Para aumentar a imersão dos convidados internacionais na cultura brasileira, estamos planejando em parceria com a Inova Rumos, empresa júnior do curso de Turismo, a oferta de passeios e viagens culturais dentro e fora da cidade que os coloquem mais em contato com nossa história, cultura e natureza. Também queremos incluir cursos diretamente relacionados à temática da internacionalização, no intuito de mostrar como ela se manifesta no dia a dia da comunidade acadêmica. Acreditamos que uma capacitação para professores e funcionários da UFJF em conceitos e práticas sobre o tema possa facilitar o engajamento dos interessados na internacionalização de nossa universidade. Por fim, estamos cogitando a inclusão de um tema norteador da oferta acadêmica que possa dar coesão aos assuntos dos cursos nas diversas áreas do conhecimento. O apoio e comprometimento das pró-reitorias e diretorias, bem como das unidades acadêmicas é fundamental para que essa iniciativa pioneira continue crescendo e promovendo a internacionalização da UFJF. 

Global July em Números:

Cursos 43
Horas de cursos no total 336
Idiomas 4 + Português para estrangeiros
Total de inscritos 1.413
Inscritos da UFJF 1.128
Inscritos das instituições parceiras 285
Total de professores 64
Professores da UFJF 36
Professores convidados 28
Total de instituições participantes 21
Instituições brasileiras 7
Instituições estrangeiras 14
Países participantes 11
Custo 0 (zero)