Programa de extensão dá dicas de atividades para idosos fazerem sem sair de casa

Dicas do Polo de Envelhecimento vão desde jogos a leitura e filmes (Imagem de Sabine van Erp por Pixabay)

*Atualizada às 11h30

Apesar da suspensão das atividades presenciais, a fim de evitar a propagação e o contágio do Coronavírus (Covid-19) para idosos e público em geral, o Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), segue a recomendação de autoridades de Saúde sobre o distanciamento social, mas promove uma ação de orientação de atividades que podem ser realizadas dentro de casa por meio das redes sociais. A proposta é ampliar os vínculos com o público mais velho, evitar um isolamento social ainda maior do que o já existente e o aparecimento e/ou agravamento de doenças psíquicas, como a depressão e a ansiedade.

O intuito do programa, que atende a cerca de 400 idosos e já possui demanda de procura superior à oferecida este ano, é fornecer aos idosos, e ao público em geral, dicas sobre ocupações que podem ser desenvolvidas durante o momento de distanciamento social, como opções de leitura, filmes, jogos, artesanato e atividades a serem desenvolvidas dentro dos próprios lares. De acordo com a coordenadora da iniciativa, Estela Saleh da Cunha, as orientações a serem dadas são advindas de sites de confiança, como o da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e de grupos de pesquisas científicas.

“Temos todo o cuidado de trazer informações que sejam verídicas, principalmente entendendo que serão vistas por um grupo de alto risco e podem ser propagadas pelos familiares desses idosos. Além de informações sobre o corona, teremos o cuidado de orientar sobre visitas on-line a museus, filmes, sites com atividades para a memória, podendo ser desde palavras-cruzadas a boas leituras. Nosso cuidado é para não bombardeá-los apenas com notícias ruins, que causem medo exacerbado ou apresentem ausência de perspectiva de solução da crise e alienação. Buscamos oferecer conforto e momentos de alegria para evitar ainda mais o isolamento, que já existe, pelo simples fato de serem idosos.”

Lugar de idoso é on-line

Muito se engana, quem pensa que o lugar da população mais velha ainda são as cadeiras de balanço para a realização de atividades como a prática do tricô e do ponto cruz. Um levantamento realizado pela operadora de telefonia celular TIM, em 2019, aponta que a terceira idade está cada vez mais conectada, sendo que 64% dos clientes acima de 60 anos já acessam a internet pelo celular. Além disso, os vídeos e as redes sociais são os prediletos, usados por 96% e 98% desse público, respectivamente. É importante salientar que o Facebook ainda permanece como o mais querido, tendo 100% de aderência. “A maioria dos nossos idosos têm acesso às redes sociais, inclusive nós os incentivamos a tê-las. Quando não possuem há netos e filhos que estão conectados nas redes”, ressalta a coordenadora do Polo Interdisciplinar sobre o Envelhecimento.

A partir dessa adesão ao mundo virtual, Estela reitera que usar as redes sociais para manter os idosos ocupados e informados pode ser uma boa técnica para tirá-los de um isolamento social que pode, inclusive, trazer danos para a saúde mental. “Quando houve a suspensão das atividades presenciais da UFJF, nossa equipe teve o cuidado de ligar para todos os inscritos e comunicar sobre a atual conjuntura. Além disso, passamos orientações necessárias e informamos sobre o início dessa série de dicas que vamos passar pelas nossas redes sociais. Temos o compromisso de repetir as ligações para eles, até mesmo, para evitar parte do isolamento, principalmente do psíquico, pois esse público, já possui um histórico de doenças, como depressão, serem muito comuns. Temos medo do agravamento desse isolamento, já existente por serem pessoas mais velhas, e ainda se agravar por serem parte do grupo de risco.”

A também professora da Faculdade de Serviço Social, conta que as orientações de postagens feitas pela equipe são realizadas on-line, por meio de e-mail ou aplicativos, como o whatsapp. Dessa maneira, os integrantes fazem pesquisas para postarem boas dicas ou informações, é criado um fluxograma, inicialmente previsto para os 15 dias de suspensão, e somente após a aprovação elas são, finalmente, postadas nas redes sociais. “Com a ausência desses espaços de convivência para os idosos, uma população isolada socialmente por não ter mais a juventude e a força de trabalho, o que me preocupa é o adoecimento. O desafio é manter um estado mental saudável, no qual os familiares também podem ajudar ao fazer contato com eles. Em uma situação como essa, é preciso evitar a histeria, o pânico e trabalhar o fortalecimento de vínculos, mesmo que virtuais, para não permitir ainda mais o isolamento.”

Acolhimento além dos muros da UFJF

Fora do período de excepcionalidade, o Polo desenvolve ações com intuito de resgatar a cidadania, a saúde e o bem-estar, a autonomia e a melhoria das relações intergeracionais. Ainda busca promover a “reinserção” na sociedade, ampliar o conhecimento dos direitos dos idosos e da rede socioassistencial no município, despertar o interesse da participação em espaços socioculturais e políticos, tendo em vista a promoção e a ampliação da cidadania, da valorização da experiência, da memória e da reconstrução dos vínculos familiares e comunitários.

“Essas atividades demonstram a importância das instituições de ensino superior federais neste momento, pois elas promovem o vínculo entre a academia e a comunidade, fazendo parte de uma preocupação extensionista da UFJF. Elas são respostas às demandas e anseios da sociedade e demonstram preocupações, mesmo que virtualmente, e buscam ajudar a comunidade na fase da pandemia, como é o nosso caso, que trabalha com esse grupo de risco”, finaliza Estela.

O programa da Faculdade Serviço Social, existente há cerca de 30 anos, atende a pessoas a partir de 60 anos. O Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento fica localizado na Casa Helenira Preta, na Avenida Rio Branco 3.372.

Outras informações: (32) 3215-4694 – Casa Helenira Preta

polodoenriquecimentocultural@gmail.com

No Facebook: Polo Interdisciplinar sobre o Processo de Envelhecimento da UFJF

No Instagram: @polosobreenvelhecimento

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