| Título da Tese | Nominalizações Infinitivas e Regressivas no Português Brasileiro: uma abordagem formal em interface com a perspectiva experimental |
| Resumo da Tese | Este trabalho investiga dois diferentes tipos de nominalização zero no Português Brasileiro, as infinitivas (cantar – o cantar) e as regressivas (cantar – canto) a partir da abordagem da Morfologia Distribuída (HALLE; MARANTZ, 1993, MARANTZ, 1997), ao mesmo tempo em que faz interface com a abordagem experimental no âmbito da Psicolinguística. Nossa hipótese de partida é que as nominalizações zero estão sujeitas aos mesmos mecanismos sintáticos que licenciam as formas concatenativas, não sendo necessário recursos específicos, como a conversão morfológica ou uma operação formal de regressão para derivar essas formas. As nominalizações têm ocupado um papel central nas discussões linguísticas, com a percepção de que elas não são um fenômeno homogêneo. Chomsky (1970) propõe, por exemplo, uma distinção entre os nominais gerundivos, derivados e mistos, sendo os primeiros tratados na sintaxe e os dois últimos no componente lexical. Propomos que os nominais infinitivos do PB apresentam propriedades compatíveis ora com os nominais gerundivos, ora com os mistos, enquanto os nominais regressivos se comportam como nominais derivados. Grimshaw (1990), por sua vez, propõe que as nominalizações podem ser divididas em três classes: os nominais de evento complexo, de evento simples e os de resultado, sendo que somente o primeiro tipo licenciaria uma estrutura argumental obrigatória. Apesar de se desenvolver na perspectiva lexicalista, a proposta de Grimshaw (1990) vêm fomentando análises de natureza sintática em que a presença de estrutura argumental é fruto de projeções funcionais específicas. Nessa perspectiva, Borer (2014a) propõe uma sistematização das classes definidas em Grimshaw (1990) em dois tipos: os nominais de estrutura argumental complexa (ASNs) e os nominais referencias (RNs). Propomos que os nominais infinitivos do PB se comportam como ASNs, enquanto os regressivos são ambíguos entre ASNs e RNs. Partindo dessas propriedades empíricas, investigamos também o processamento das nominalizações zero através de um teste de leitura automonitorada do tipo labirinto (maze task), em que manipulamos diferentes configurações associadas à estrutura argumental das nominalizações. Foram definidas duas variáveis independentes: (i) tipo de nominalização zero (infinitiva ou regressiva) e (ii) estrutura argumental (inacusativo, inergativo e transitivo). Tempo reação/escolha e escolhas-alvo foram tomadas como variáveis dependentes. Como as sentenças contextos empregadas na tarefa experimental apontam para um nominal do tipo ASN, nossa hipótese de base é que as escolhas alvo seriam maior para as nominalizações infinitivas e que, nesse caso, o tempo de reação fosse menor. Em conjunto, no entanto, os resultados não foram significativos estatisticamente em nenhuma das variáveis dependentes. Nesse sentido, os resultados não confirmam a hipótese testada, segundo a qual a preferência por nominalizações no PB é pela nominalização infinitiva. Ainda no rol da investigação experimental, nos propusemos a investigar a aceitabilidade dessas nominalizações por meio da aplicação de formulários de aceitabilidade em que foram manipuladas duas variáveis independentes: i) O tipo de nominalização, com dois níveis: infinitivo e regressivo; e, ii) estrutura argumental, com três níveis: inacusativo, inergativo e transitivo. Finalmente, em termos formais, a partir do trabalho de Alexiadou, Iordächioaia e Schäfer (2011), propomos que as nominalizações infinitivas são estruturalmente caracterizadas pelas seguintes camadas verbais: v, Voice, Asp. Já os nominais regressivos que são ASNs, apresentam também v e Voice, mas não Asp. A semelhança estrutural nas camadas verbais dos ASNs, sejam regressivos ou infinitivos, dialogam de maneira interessante com a ausência de distinção no processamento dessas formações. Por sua vez, os nominais regressivos identificados como RNs apresentam apenas o categorizador verbal como parte da projeção estendida do verbo. Em relação às camadas nominais, propomos que as nominalizações infinitivas apresentam uma estrutura nominal empobrecida, contendo Class e D, enquanto as regressivas são formadas por Class, Number e D.
Palavras-chave: Nominalização Infinitiva. Nominalização Regressiva. Estrutura Argumental. Morfologia Distribuída. Processamento. |
| Data e Horário | Dia 13/10/2025 às 14 horas, via webconferência. |
| Composição da Banca | |||
| Nome do(a) professor(a) | Vínculo institucional | Título e Instituição | Função na Banca |
| Paula Roberta Gabbai Armelin | UFJF | Doutora – USP | Orientador(a) e presidente da banca. |
| Mercedes Marcilese | UFJF | Doutora – PUC-Rio | Membro titular interno |
| Rafael Dias Minussi | UNIFESP | Doutor – USP | Membro titular externo |
| Isabella Lopes Pederneira | UFRJ | Doutora – UFRJ | Membro titular externo |
| Ana Paula Scher | USP | Doutora – UNICAMP | Membro titular externo |