Título da tese | Mescla da Carapuça: o licenciamento da sensação do conceptualizador de que a mensagem religiosa é dirigida particularmente a ele |
Resumo da tese |
Este estudo insere-se no campo da Linguística Cognitiva e tem como objetivo geral investigar como e com quais propósitos o Discurso Direto Fictivo, um dos tipos de Interação Fictiva, ocorre em mensagens religiosas ministradas em Português Brasileiro. A Interação Fictiva constitui-se do uso do Frame de Conversa para estruturar pensamento, gramática e discurso (PASCUAL, 2014). No caso específico do Discurso Direto Fictivo, o molde canônico de discurso reportado é acionado não necessariamente para reportar falas proferidas, mas principalmente para veicular “pensamento em voz alta”, como debate interno. Tem grande importância na análise os postulados da Teoria dos Espaços Mentais (FAUCONNIER,1994) e da Teoria da Mesclagem Conceptual (FAUCONNIER, 1997). Alguns conceitos da Sociolinguística Interacional são usados para analisar as interações, como Argumentação (SCHIFFRIN, 1987) e Footing (GOFFMAN, 1979/2013). A pesquisa é de base qualitativa (DENZIN; LINCOLN, 2000), sendo o corpus constituído de vídeos de mensagens do padre católico Fábio de Melo, do pastor evangélico Silas Malafaia e do palestrante espírita Divaldo Franco, publicadas na plataforma Youtube. Os resultados deste trabalho mostram que os casos de Discurso Direto Fictivo produzidos por esses religiosos introduzem espaços mentais abrangentes, genéricos e abstratos, em que interlocutores fictivos (não genuínos) dialogam sobre temas amplos e variados. Elementos de Discurso Direto Fictivo instanciados genericamente pelo orador, como a dêixis imprecisa, e componentes que integram posições subjetivas (argumentativas) latentes por parte dos ouvintes, podem ser projetados uns nos outros e culminar no que denominamos de Mescla da Carapuça, operação cognitiva de particularização de instâncias gerais. O fato de elementos do Discurso Direto Fictivo serem apresentados com instanciação genérica contribui para que o ouvinte preencha as lacunas com referentes do seu repertório pessoal. Dessa forma, ele pode ter a sensação de que sua posição, restrita ao seu pensamento, e contrária à do orador, de alguma forma, é acessada pelo líder religioso e revelada por meio de interlocutores fictivos, como se a mensagem religiosa fosse dirigida especificamente a esse ouvinte. Em última instância, desvela-se como a Interação fictiva em discurso direto sociocognitivamente gerencia o propósito potencialmente interventor sobre as subjetividades dos ouvintes.
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Data e horário | Dia 18 de agosto de 2023, às 10:00 horas, na sala de Webconferência. |
COMPOSIÇÃO DA BANCA:
Nome do(a) Prof.(a) | Título e instituição | Vínculo institucional | Função na banca | |
01 | Luiz Fernando Matos Rocha | Doutor /UFRJ | UFJF | Orientador e Presidente |
02 | Sandra Aparecida Faria de Almeida | Doutora / UFRJ | UFJF | Membro Titular Interno |
03 | Amitza Torres Vieira | Doutora/ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro | UFJF | Membro Titular Interno |
04 | Paulo Henrique Duque | Doutor/ UFRJ | UFRN | Membro Titular Externo |
05 | Lilian Vieira Ferrari | Doutora / UFRJ | UFRJ | Membro Titular Externo |
06 | Alexandre José Pinto Cadilhe de Assis Jácome | Doutor/ UFF | UFJF | Suplente Interno |
07 | Denise Barros Weiss | Doutora/ UFF | UFJF | Suplente Interno |
08 | Maria Jussara Abraçado de Almeida | Doutora/ UFRJ | UFF | Suplente Externo |
09 | Ana Larissa Adorno Marciotto Oliveira | Doutora/UFMG | UFMG | Suplente Externo |