Matéria publicada no jornal “O Globo” citando a pesquisa sobre Rubem Fonseca (Andressa Marques Pinto, 2013 – LINK) feita no PPG Letras: Estudos Literários sob orientação do Prof. Dr. Alexandre Faria.
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Trecho da matéria publicada pelo jornal “O Globo” em 15/04/2020 citando o PPG Letras: Estudos Literários
Para seu mestrado, defendido em 2013, a professora de literatura e pesquisadora Andressa Marques Pinto realizou um mapeamento de personagens de Rubem Fonseca que tinham como nome José, que é o primeiro nome do autor, mas pouco conhecido do público.
– Pelos íntimos, ele costumava ser chamado de Zé Rubem. Com o mapeamento, pude perceber que a personagem José, do conto “A matéria do sonho”, do livro Lúcia McCartney (1967), é protagonista também de outros contos, como em “A força humana”, do livro “A coleira do cão” (1965), mesmo que não nomeado. Busquei demonstrar que a personagem passou, ao longo da obra, por processos de subjetivação diversos, até culminar numa espécie de autobiografia do autor, intitulada “José”, livro publicado em 2011, como “desenvolvimento” de uma crônica, “José – uma história em cinco capítulos”, publicada no livro “O romance morreu”, de 2007 – conta Andressa, autora da dissertação “José, autor de Rubem Fonseca: os processos de subjetivação através da escrita e da memória”, disponível na biblioteca digital de teses e dissertações da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Rubem Fonseca saiu de sua cidade natal, Juiz de Fora (MG), ainda na infância, segundo a pesquisadora, que também publicou artigos sobre o autor.
– Em Juiz de Fora, ele morou provavelmente na Rua Floriano Peixoto 607, lugar onde nasceu, os partos eram em casa. É provável que não more nenhum familiar dele na cidade, a família toda se mudou para o Rio – diz.
Andressa está cursando o doutorado em Estudos Literários, no Programa de pós-graduação em Letras: Estudos Literários, na UFJF. A tese está em fase de finalização, o título provisório é “(Con)figurações da inocência na literatura brasileira”. Nela há um capítulo sobre Rubem Fonseca, em que ela faz uma leitura do conto-poema “Os inocentes”, de Lúcia McCartney.
Também especialista da obra de Fonseca, o professor de literatura Alexandre Faria acredita que o autor é o grande nome da prosa brasileira, depois de Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
– Foi de todos o mais preciso, no estilo e no recorte temático, a dar conta da realidade brasileira urbana num momento em que nossas cidades explodiam na desigualdade social que culminaria nas cenas de violência que até hoje presenciamos. Não há como fazer uma cartografia do nosso crescimento urbano sem passar pelos mapas que Rubem Fonseca desenhou. Destaco dois fatos decisivos para que ele tenha se tornado o escritor que é (e sempre será): ter sido um leitor voraz de tudo, principalmente poesia, e ter trabalhado como comissário de polícia. Houve ali uma educação sui generis do olhar e do estilo, que tornou Rubem Fonseca este patrimônio – acredita Alexandre.
Para o professor, foi interessante perceber como Rubem Fonseca, tido como um autor avesso a aparições públicas e cuidadoso de sua intimidade, sempre se contou, se expôs em sua obra, e como a literatura do autor, fruto de um consciente projeto literário, foi um espaço no qual ele buscou apreender a condição humana na sua dimensão mais profunda.
– Por isso, Rubem Fonseca está entre os grandes da literatura ocidental – conclui.