Na segunda matéria da série de reportagens que apresenta um balanço do que foi realizado em 2018 e as perspectivas para 2019, o destaque é para a Diretoria de Inovação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A gestão “Reconstruir a UFJF” assumiu a Reitoria em abril de 2016. Desde então, tem se pautado no princípio de transparência das atividades realizadas pela Administração Superior. Nesse contexto, a participação da comunidade acadêmica nas tomadas de decisão que envolvem a Universidade aparece de maneira estratégica.

A Diretoria de Inovação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi constituída para integrar, no mesmo espaço institucional, o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), as empresas juniores e as ações dirigidas à implantação do Parque Tecnológico de Juiz de Fora. Dentro dessa perspectiva, apresenta-se como passo importante no processo de atualização do conteúdo científico produzido dentro da UFJF.

Segundo o Diretor de Inovação da Universidade, Ignacio Delgado, 2018 foi um ano intenso para a Diretoria e para o CRITT.  “Logo em janeiro, foi realizado um treinamento para os colaboradores em planejamento estratégico, e definidas diversas ações que foram encaminhadas ao longo do ano”, conta.

Diretoria conduz ações ligadas à inovação em GV

A Diretoria de Inovação também tem estado presente no campus avançado de Governador Valadares, com diversas missões realizadas pelos setores de proteção ao conhecimento, transferência de tecnologia e incubação de empresas, para esclarecimento e apoio a pesquisadores da Universidade em GV.

O órgão ainda apoiou a participação de estudantes do campus avançado em eventos realizados em Juiz de Fora e participou de ações para viabilização de projetos de interesse da UFJF e da economia das regiões do Caparaó, vale do Rio Doce e Vale do Aço. “Hoje, em GV, foi constituído e institucionalizado um núcleo de pesquisadores da Universidade na cidade, para conduzir ações associadas à inovação e ao empreendedorismo. Sua atuação é autônoma, mas conta com o respaldo da Diretoria de Inovação”, acrescenta Delgado.

Núcleo de Inovação Tecnológica tem números expressivos

O Critt contempla o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da UFJF, cujo objeto é a gestão da política de inovação das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), em especial as normas e ações ligadas à propriedade intelectual e transferência de tecnologia, que tiveram resultados expressivos neste ano.

Segundo o Diretor, a expectativa é concluir o ano com 13 patentes depositadas. “Em 2017, já havíamos igualado o recorde de 2011, com 14 depósitos, num momento atípico, pois havia um programa especial do Governo do Estado, que aportava recursos para os pesquisadores – o que não pôde se repetir até 2018, quando criamos o Intec (Desafio de Inovação e Tecnologia), um projeto exclusivo da UFJF, que deverá produzir resultados já em 2019”.

Em 2018, foram depositados 14 registros de programas de computador (até 2017, em toda a trajetória da UFJF haviam sido depositados apenas sete); e efetuados seis registros de marcas. O ano acumulou 31 iniciativas de proteção ao conhecimento, número expressivo, se comparado à média do quantitativo anual de proteções, que girava em torno de 15 pedidos. O ano de 2018 ainda marcou as duas primeiras concessões de patentes para a UFJF, outorgadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual.   

“Tal resultado é decorrência da crescente importância atribuída à inovação pelos pesquisadores da UFJF e pela comunidade externa, também atendida pela Universidade. Mas precisamos avançar ainda mais. Em 2018 criamos o projeto Intec, dirigido aos professores da Instituição, que selecionou três projetos que receberam apoio, tendo como contrapartida sua conversão num protótipo que possa ancorar um novo empreendimento a ser absorvido na Incubadora de Base Tecnológica (IBT) ou resultar numa patente”, argumenta Delgado.

Melhor desempenho da história em Transferência de Tecnologia

O ano de 2018 foi o melhor da UFJF, no que diz respeito à transferência de tecnologia. Foram firmados 24 acordos de parceria com empresas e inventores independentes (eram 15 em 2017; e 19 em 2015, o melhor ano até então), totalizando R$10.950.317,84 milhões em contratos firmados  – o melhor desempenho da Universidade em todos os tempos – contra R$6.967.141,73 milhões computados em 2017, até então o melhor resultado da instituição.

O setor buscou se capacitar de forma intensa, com a realização de treinamentos e a participação em eventos, numa escala superior a todos os anos anteriores. Neste sentido, desde 2017, tem sido efetuado o mapeamento dos serviços que a UFJF pode oferecer a empresas e inventores independentes, o que gerou um portfólio parcial, apresentado no evento Conecta UFJF, para exibição de ativos intelectuais passíveis de aproveitamento pelas empresas da região, mirando a acentuação dos acordos de parceria.

Outro avanço importante se deu na esfera normativa, com a produção de um parecer referencial pela Advocacia Geral da União (AGU), a pedido do Critt, que deve facilitar a tramitação de projetos de menor vulto.

Ignacio Delgado comenta que tem havido um grande esforço do Critt “para sensibilizar pesquisadores e empresários no sentido da importância da colaboração entre a academia e os agentes econômicos da região. Isso envolve as ações já enumeradas e, ainda, a atuação do Grupo de Trabalho Desenvolvimento e Inovação na Mata Mineira (GDI-Mata), que tem em mira tal aproximação”.

Incubadora de Base Tecnológica reformula sua sistemática de operação

O desenvolvimento das startups e programas de aceleração impôs um desafio às incubadoras de empresa, dada a expectativa de crescimento rápido de novos empreendimentos que esta realidade gerou entre novos empreendedores. A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) salienta, contudo, que a passagem pelas incubadoras eleva em mais de três vezes a possibilidade de permanência de um novo empreendimento.

Na UFJF, a Incubadora de Base Tecnológica reformulou completamente sua sistemática de operação, para atrair novos empreendimentos, reforçando as atividades de pré-aceleração através do projeto Speed Lab, que atualmente conta com 12 equipes dotadas de potencial para conversão dos negócios em novos empreendimentos.

Com o objetivo de incentivar a transformação de ideias e tecnologias em estágio inicial para a geração de novos negócios com potencial de alto impacto para a sociedade, em março o Critt sediou o “Lemonade Experience”, uma das principais iniciativas do Brasil quando o assunto é aceleração de startups, que já desenvolveu mais de 250 startups, formadas por 970 empreendedores e que, de forma agregada, captaram mais de R$ 6 milhões em investimento privado.

Para o Diretor de Inovação, as incubadoras encontram-se diante da exigência de reformulação de sua atuação, dado o atual cenário. “A moda hoje é a realização de eventos rápidos e atividades de formação de curto prazo, que contam com apoio mais amplo de organismos públicos e privados, em detrimento da incubação stricto sensu. No Critt, estamos cientes deste desafio e nos preparando para isso”, afirma.

Além da reformulação da IBT, Delgado comenta que, para 2019, estão previstas a criação do Laboratório de Ideação e Prototipagem (impressão em 3D) – que já conta com recursos de projeto aprovado junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) – e a instalação do Coworking do Critt, que permitirá a intensificação de desafios e hackathons, além de uma aproximação maior entre a IBT e estudantes com perfil empreendedor, vocacionados para a inovação. “Por fim, as atividades previstas na área de transferência de tecnologia miram favorecer a criação de spin offs universitárias, favorecendo o aparecimento de empresas incubadas que mais efetivamente sejam um desdobramento das pesquisas desenvolvidas na Instituição, acrescenta.

Treinamento e qualificação para enfrentar os desafios futuros

O treinamento faz parte do escopo das ações fundamentais do Critt, mirando a capacitação de potenciais empreendedores e agentes econômicos da comunidade externa à UFJF em diversas áreas. As iniciativas, porém, “perderam intensidade nos últimos anos, em face da restrição existente à cobrança de taxas aos clientes para os quais eram dirigidas, impedindo o recrutamento de pesquisadores da Universidade e outros colaboradores, para ministrar as atividades de treinamento”, relata o Diretor.

Ainda assim, em 2018 foi efetivada mais uma edição da Semana Qualifique-se – com sessões conduzidas por colaboradores do Critt, envolvendo diversos conteúdos – além de serem realizadas oficinas de ideação, no Centro e no Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF-Sudeste), com participação direta da equipe da IBT. Além disso, ao longo do ano foram realizados: a Semana de Capacitação dos colaboradores (maio); um treinamento sobre a Agenda 2030 da ONU (agosto); e diversos outros treinamentos sobre Transferência de Tecnologia.

Delgado acrescenta que o Critt pretende lançar um Programa Institucional de Treinamento em Inovação e Empreendedorismo, “com atividades regulares, a partir de demandas identificadas nas interações com parceiros em diversas áreas, além de colaborar com a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC) na oferta de cursos orientados para a sensibilização da comunidade acadêmica para a inovação e o empreendedorismo.”

Ações de apoio ao empreendedorismo e à inovação se intensificam

A Diretoria de Inovação lançou, em abril, o Programa Desafios de Inovação, envolvendo três projetos: o Intec, a Bolsa de Apoio à Inovação e à Tecnologia (BiTec) e o projeto Desafios e Hackathons. Foram concedidas seis bolsas BiTec, com o intuito de estimular estudantes à produção de resultados que, com a aplicação do conhecimento que obtém na Universidade, possam se converter num protótipo que sinalize para um futuro empreendimento ou um ativo de propriedade intelectual.

Em novembro de 2018 a UFJF sediou a edição do Hackathon (foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Já os Desafios e Hackathons buscaram envolver estudantes na resposta a problemas lançados pela UFJF ou parceiros. Neste sentido, foram realizados o Desafio Biomassa (destinado à busca de soluções para uso dos resíduos orgânicos produzidos na Universidade) e o Desafio de Grafite (para estimular a criatividade dos estudantes com um projeto para a fachada do prédio do Critt); além do Hackathon – JF Inteligente (pela busca de soluções a problemas propostos pela Prefeitura de Juiz de Fora).

Houve, ainda, a realização do Unimed Exponencial (desenvolvido para a persecução a soluções na área da saúde, em parceria com a Unimed-JF); e do “UFJF+” (parte do Programa UFJF Inteligente, visando à criação de ações inovadoras dentro do campus universitário, em parceria com o Centro de Gestão do Conhecimento Organizacional (CGCO),com o Departamento de Ciência da Computação e com a Diretoria de Imagem Institucional).

Em agosto, a Diretoria de Inovação ainda apoiou a edição local do “Hult Prize on Campus – Federal University of Juiz de Fora”. A competição internacional é uma disputa entre equipes universitárias, cujo objetivo é selecionar aquelas que participarão da edição regional da disputa, considerada o “prêmio Nobel dos estudantes”.

Da mesma forma, deu suporte à realização do I Encontro de Economia Criativa de Juiz de Fora, realizado no Museu de Artes Murilo Mendes, e participou, ativamente, da 3ª Semana de Ciência, tecnologia e Sociedade da UFJF. “A multiplicidade de eventos realizados tem em mira constituir, na UFJF, num laboratório vivo, voltado para a inovação e o empreendedorismo. Em 2019, tais iniciativas irão se acentuar”, pondera Ignacio Delgado.

UFJF retoma protagonismo perante as redes de empreendedorismo e inovação

Em 2018, o Critt promoveu e participou ativamente de diversos eventos ligados às redes de empreendedorismo e inovação, nos níveis estadual e nacional. Nos dias 12 e 13 de novembro, por exemplo, o órgão promoveu a II Reunião Anual da Rede Mineira de Inovação (RMI). O encontro, que teve a primeira edição em junho deste ano, em Alfenas, reuniu associados e parceiros da rede de incubadoras e parques tecnológicos de Minas Gerais, com o objetivo de fortalecer o ecossistema de inovação, empreendedorismo e tecnologia do Estado.

Em novembro, o Critt promoveu a XX reunião anual da Rede Mineira de Propriedade Intelectual (RMPI), em evento realizado no Anfiteatro das Pró-reitorias. Segundo Delgado, a promoção dessas iniciativas retoma o protagonismo da UFJF na difusão destes temas na sociedade. “A inovação e o empreendedorismo ocorrem cada vez mais amiúde em rede, com a colaboração de diversos parceiros. A presença em eventos e sua promoção favorece a troca de experiências e a projeção da Instituição”.

Avanços normativos impulsionam inovação universitária

No que se refere à regulamentação, na UFJF, da Lei 13.243/2016 (Novo Marco Legal da Ciência e Tecnologia), foi elaborada, por uma comissão constituída por professores indicados pelo Conselho Setorial de Pós-Graduação e Pesquisa (CSPP) e por colaboradores do Critt, uma minuta para orientar o debate, que se iniciou ainda em 2017. Neste ano, a comissão concluiu seus trabalhos, encaminhando os resultados à Procuradoria da UFJF. A minuta servirá de referência para diversos dispositivos que darão centralidade à Política de Inovação da Universidade. A proposta de resolução sobre os aspectos gerais da Política e dos organismos que devem conduzi-la já foi, inclusive, encaminhada ao Conselho Superior (Consu).

A comissão também encaminhou ao Consu uma proposta de resolução sobre as empresas juniores – resultado de debate do Critt com a Liga das Empresas Juniores. Por fim, foi aprovada, pelo Conselho Setorial de Graduação (Congrad) uma resolução que permite o apoio à participação de estudantes em eventos de inovação e empreendedorismo, que favorece a presença de estudantes da UFJF em iniciativas realizadas no país e no exterior, em caráter individual, ou através das diversas equipes de competição da Universidade.

O dispositivo veio complementar a resolução que, em 2017, criou a bolsa de mobilidade internacional para empreendedorismo estudantil, instituída pelo Congrad, que regulamenta a participação das equipes de competição na UFJF e permite a estudantes da Universidade participarem de programas na área em instituições estrangeiras.

Para o diretor, os avanços são significativos, mas ainda há muito por se fazer. “A expectativa é que, no primeiro semestre de 2019, seja plenamente regulamentada a política de inovação da UFJF, adaptando-a ao Novo Marco Legal, de modo a conferir segurança jurídica e favorecer a intensificação e celeridade nos processos de transferência de tecnologia, bem como o incremento dos ativos de propriedade intelectual e a ampliação das ações voltadas ao empreendedorismo na Universidade”.

Ações para aperfeiçoamento da infraestrutura possibilitam novas conquistas

Com recursos próprios da Instituição e de verbas captadas através de emenda parlamentar, de autoria da Deputada Federal Margarida Salomão (PT/MG), foram adquiridos os itens necessários à constituição do Coworking do Critt, além de mobiliário, equipamentos de informática e outros itens, necessários à melhoria do espaço, de modo a permitir o aperfeiçoamento das atividades de gestão da inovação na UFJF. Também estão em andamento ações para reordenação do ambiente de trabalho, favorecendo maior integração entre os setores e melhor adequação às funções de cada um.

Delgado argumenta que as ações desenvolvidas em 2018 terão forte impacto no trabalho desenvolvido em 2019. “Neste ano, também, estão previstas iniciativas para criação de ambientes compartilhados para as empresas juniores e equipes de competição da UFJF, de modo a assegurar condições adequadas ao seu funcionamento. Outras ações estão relacionadas às tratativas em curso para deslindar os dilemas que envolvem a implantação do Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região (PCTJFR).

Apoio a projetos específicos dinamiza processo de inovação

Além das atividades ligadas às atribuições do Critt, do apoio às empresas juniores e equipes de competição e da articulação com atores externos à Universidade – que têm conexão com o empreendedorismo, a inovação e o desenvolvimento econômico regional – a Diretoria de Inovação se empenhou, também, no apoio a projetos que têm dimensão estratégica para o fortalecimento da UFJF como um ambiente de inovação, capaz de impactar a vida da instituição e a economia de seu entorno.

O órgão forneceu apoio à construção do Laboratório de Propulsão Híbrido-elétrica, objeto do Grupo de Conversão Eletromecânica de Energia da UFJF (GCEME), que teve seu primeiro projeto aprovado pela  Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), recebendo um aporte de R$ 500 mil da Embraer, por meio do órgão de fomento.

A Diretoria também teve participação ativa nas ações que visam viabilizar a criação do Instituto de Estudos Translacionais, conduzidas pela Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe) e pela Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (Propp), com potencial para articular a pesquisa científica, a rede de serviços em saúde e a produção de medicamentos e equipamentos médico-odontológicos (em especial próteses). O objetivo é revolucionar a economia regional com segmentos intensivos em tecnologia, a partir de potencialidades efetivas presentes em seu território.

Outro esforço significativo se deu com a colaboração, junto à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), para criação da Certificadora de Produtos Lácteos, com base na relevância da bacia leiteira, da produção de laticínios e da presença de diversas instituições de ensino e pesquisa ligadas ao setor na Zona da Mata, com potencial para acentuar sua importância no contexto nacional da cadeia do leite.

O Diretor pondera que não há garantia de que tais projetos sejam efetivados, mas salienta que “a Diretoria de Inovação tem se empenhado para favorecer a concentração dos atores interessados, de modo a elevar as possibilidades de êxito em sua implementação, ciente de que são estratégicos para a UFJF e a economia regional”.

Articulação com atores externos potencializa desenvolvimento regional

Encontro do GDI-Mata realizado no Museu Murilo Mendes, com a presença do Reitor Marcus David (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

A Diretoria de Inovação da UFJF tem atuado de forma intensa no Grupo de Trabalho Desenvolvimento e Inovação na Mata Mineira (GDI-Mata), que tem realizado meetups, hackathons e workshops com o propósito de sensibilizar pesquisadores e empresários para a importância da colaboração entre a academia e o setor produtivo, no sentido da elevação da competitividade da economia regional.

Em 2018, o órgão aproximou-se das universidades federais de São João del-Rei (UFSJ), Viçosa (UFV) e de Lavras (UFLA) e também do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet) de Leopoldina. A ideia, com isso, é que, em 2019, o GDI converta-se em GDI Mata e Campos das Vertentes, tendo como base a proximidade e complementaridade das duas regiões, constituindo-se como uma rede a integrar instituições de pesquisa, empresários e poder público para acentuar sua colaboração em favor do desenvolvimento regional.

A Diretoria participou, ainda, da condução das reuniões do projeto “Alianças Estratégicas”, promovido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) em fevereiro, na UFJF. A iniciativa objetivou promover o encontro de diferentes agentes do cenário socioeconômico da região compreendida pela Zona da Mata e Vertentes.

O “Alianças Estratégicas” também foi levado para Caparaó, no Vale do Rio Doce, o que favoreceu a implantação do Laboratório de Águas – liderado por professores da UFJF em Governador Valadares – e do Hub de Inovação da Sedectes na cidade, sob direção da Universidade. “A interação com outros atores é fundamental para estimular a cooperação de todas as instituições relevantes para o desenvolvimento regional”, pontua o diretor.

Situação das ações relativas ao Parque Tecnológico

Desde abril de 2016, quando assumiu a atual Administração da UFJF, a Diretoria de Inovação tem buscado dar andamento às ações necessárias para viabilização do projeto do Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região (PCTJFR). Neste sentido, o órgão fez a prestação de contas de projetos pendentes na Fapemig; encaminhou as ações relativas ao processo de licenciamento ambiental; e buscou readequar o projeto aos recursos previstos no empenho do Ministério da Educação (MEC) de 2012, orientados para a obra de infraestrutura.

Em 2017, a UFJF solicitou ao MEC autorização para uso dos recursos previstos no empenho, porém não obteve resposta do Ministério. “Em 2018, dispositivos da AGU nacional e um decreto da Presidência da República, impedindo o uso de ‘restos a pagar’ no ano em curso impossibilitaram totalmente sua utilização, que só será possível com a reversão de tais dispositivos por parte do Governo Federal”, relata Ignacio Delgado.  

Os recursos destinados à obra de edificação da sede administrativa do Parque – derivados de convênio firmado com a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) em 2013 – estão liberados pela Fundação desde dezembro de 2016, “encontrando-se depositados na Fadepe e aplicados no sistema financeiro para, não perderem valor, sem, contudo, haver possibilidade de sua utilização efetiva, seja porque a atual situação impediu a realização das obras de infraestrutura, seja pela exigência do aporte de contrapartida do Governo Estadual, prevista no convênio, para que a UFJF pudesse fazer uso dos recursos previstos”, explica.  

Com o intuito de dar andamento ao projeto, a UFJF negociou com a Finep a utilização dos recursos para a sede administrativa no próprio campus, o que foi aceito. Entretanto, segundo Delgado, resta a exigência do aporte do Governo Estadual. “Negociações foram tentadas com a atual equipe do executivo mineiro, já em final de mandato, sem sucesso, e um documento foi enviado ao futuro Governo, alertando sobre a importância de o Estado honrar o compromisso que firmou em 2013”.

O diretor afirma que a Diretoria de Inovação irá prosseguir buscando a liberação dos recursos da UFJF e que, atualmente, encontram-se retidos nos governos Estadual e Federal. “Simultaneamente, buscamos desenvolver iniciativas que convertam a Universidade e seu entorno regional num Parque Tecnológico vivo, através da interação permanente entre o setor produtivo e a Instituição, para atividades de inovação, pesquisa e desenvolvimento experimental, sem necessariamente radicar tal interação num espaço delimitado”, salienta.

Desafios a enfrentar e vencer

Para a consolidação da UFJF enquanto espaço dinâmico, voltado à inovação, Ignacio Delgado reitera que, para além das ações previstas, é preciso acentuar a interação da gestão da inovação com as áreas da Administração ligadas ao ensino, à pesquisa e à extensão, além de se intensificar a colaboração junto à Fadepe. “Ademais, vamos reforçar o planejamento estratégico no Critt, a gestão da qualidade, a interação entre os setores e a comunicação com toda a Universidade, de modo a ampliar o impacto da nossa política de inovação”.

E acrescenta: “o reforço de nossas condições internas de operação e a articulação com todos os atores relevantes para a inovação, o empreendedorismo e o desenvolvimento regional é que nos permitirá lidar com as incertezas do cenário nacional. É um desafio a enfrentar e vencer”.