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Acolhimento e Grupos de Conversas

Coordenador: prof. Luiz Gibier de Souza 

Resumo: Um momento para trocas de vivências com muitas histórias semelhantes e, ao mesmo tempo, singulares. O objetivo é fazer com que os migrantes se sintam acolhidos e fortalecidos.

 

Frente ao quadro complexo e de necessidade de ações humanitárias eficazes, decidimos propor a montagem de grupos de conversa com os imigrantes e refugiados na região de Juiz de Fora. As possíveis soluções dos desafios encontrados pelos imigrantes e refugiados serão articuladas com programas públicos, com a prefeitura local e com as instituições religiosas que desenvolvem trabalho com este tipo de população.

O projeto tem como objetivo propiciar um espaço de conversas e trocas entre os migrantes na região de Juiz de Fora. Beneficiários chegarão ao projeto por meio do encaminhamento dos diferentes grupos religiosos que fazem trabalhos com imigrantes, além da demanda espontânea.

Inicialmente teremos grupos mistos entre homens e mulheres, e iremos redefinindo as dinâmicas de montagem dos grupos de acordo com as necessidades e propostas emergentes no contexto em que estaremos trabalhando. Esperamos que o grupo seja o espaço de acolhimento, portanto, de trocas, de aprendizado e de aquisição de ferramentas que possam dar elementos para que os imigrantes se sintam acolhidos e fortalecidos para seguir com as suas vidas. O trabalho irá acontecer tanto a nível virtual como presencial, assim que for possível.

O projeto de Acolhimento e Montagem de grupos de conversas dos imigrantes em Juiz de Fora justifica-se por responder às demandas concretas de migrantes que estão vivendo em Juiz de Fora atualmente. Estar no grupo, onde todos participam, portanto, abrindo espaço para trocas e dividindo o que estamos vivendo e sentindo, percebendo que muitas dessas histórias são semelhantes e, ao mesmo tempo, singulares. Os beneficiários deste projeto serão diretamente todos os migrantes e refugiados que queiram participar deste grupo de conversa, além dos familiares imediatos, assim como toda a região de Juiz de Fora. Os recém chegados terão neste grupo um ponto de referência para chegar e se situar nessa nova cidade, nova cultura, nova casa.

O trabalho irá se desenvolver em grupo de dez pessoas, semanal ou quinzenalmente, tendo como método de pesquisa a cartografia social, formulado por Deleuze e Guattari. O método se baseia não em formulações ou regras já prontas, mas no mapeamento da realidade e no acompanhamento dos movimentos e dos sujeitos, que estão em constante processo de produção. Já o método de intervenção corresponde ao da clínica transdisciplinar. A perspectiva transdisciplinar é uma perspectiva da multiplicidade, ou seja, o ato clínico experimenta o múltiplo, o rizoma, a diferença a cada instante que se constrói nesse caminho que se abre o tempo todo. A clínica transdisciplinar emerge desse lugar que o coordenador/facilitador/socializador ocupa, fazendo agenciamentos com outros campos, definindo conexões e catalisando a produção do inconsciente, e apostando que a vida tem esse componente imanente o tempo todo (Rauter 2015). Assim, através dos grupos de conversa/fala com os imigrantes e refugiados, poderemos juntos tentar desembaraçar as tramas sociais vividas, não com base em pressuposições, mas nas falas que os sujeitos buscam retratar.

Devido a pandemia, os migrantes que têm acesso à internet, serão convidados a participar de um grupo online. No entanto, assim que a UFJF retomar as atividades presenciais, retomaremos os grupos no Centro de Psicologia Aplicada da UFJF ou na Casa de São Francisco de Assis.

As universidades devem contribuir com respostas concretas, ou seja, com projetos para ajudar a realidade do mundo ao seu redor. Problematizar a questão dos migrantes e refugiados, recebê-los no Centro de Psicologia Aplicada da UFJF, iniciar um processo de conversa e escuta em grupo, definir códigos de funcionamento do grupo, problematizar a questão da adaptação, das dores, das incertezas, dos direitos e deveres, da vida e da sociedade que vivemos, abre espaço para que a pessoa perceba a possibilidade de seguir e que o exercício da cidadania é um direito de todes. O recebimento de migrantes e refugiados traz uma nova questão à cidade que os acolhe. Dessa forma, é evidente a necessidade de buscarmos ações que deem conta dessa outra realidade que se constitui.

O projeto pedagógico do curso apoia que os estudantes exerçam atividades nos diferentes setores da sociedade civil fazendo com que consigam contextualizar a teoria apreendida às diferentes realidades encontradas. Preza ainda pelo contato com o manejo grupal, respeitando-se as diferenças que emergem nesse tipo de trabalho. Portanto, a pertinência do projeto se dá não só pela prática da Psicologia na vida, mas também pela interface com outros campos de saber e níveis de atuação, notadamente o poder jurídico – penal, direitos humanos, criminologia crítica, filosofia e política.

Os indicadores de monitoramento, avaliação e divulgação serão: Número de imigrantes encaminhados ao projeto pelos grupos religiosos – Percentagem de mulheres imigrantes que procuram o grupo – Percentagem de homens que procuram o grupo – Participação da coordenação nas reuniões online ou presenciais junto aos grupos religiosos e outras instituições em 2021 – Número de entrevistas individuais realizadas – Fazer um questionário follow up dos participantes.