É com grande honra que a Comissão de Organização da XXXVII edição da Semana de História, na UFJF, divulga a relação de Simpósios Temáticos aprovados no evento.
Os comunicadores poderão submeter seus trabalhos aos coordenadores dos ST’s de 23/08/21 à 13/09/21.
A avaliação será realizada pelos próprios coordenadores, respeitando os critérios de impessoalidade e múltipla checagem utilizados no evento.
Nós nos vemos em breve na Semana de História!
ST 01 – A construção intelectual e social dos saberes na Era Moderna: letrados, intelectuais, circulação de ideias
Coordenadores: Thayenne Roberta Nascimento Paiva e Leonardo Perovano Camargo
Ementa: Ao longo da Era Moderna, especialmente nos séculos XVII e XVIII, o ambiente intelectual viu uma explosão de novos espaços de discussão. Os diálogos e os lugares de debate, ainda que limitados para público de uma maneira geral, conheceram uma intensa expansão nas Academias e nos salões literários. Porém, de forma mais ampla, as ideias eram disseminadas por meio da atividade de impressão e da chamada “literatura subversiva”. A cultura letrada da Era Moderna, por assim dizer, fervilhava. A proposta do presente Simpósio é contemplar pesquisas que analisam o papel do intelectual (tanto a História Intelectual quanto a função social de suas ideias), os debates intelectuais (quer seja científico, quer seja no campo literário) e a forma pelas quais a circulação de ideias contribuiu para ampliar e ressignificar os saberes emergentes na Era Moderna.
ST 02 – Imprensa e Gênero nos séculos XIX e XX
Coordenadoras: Laura Junqueira de Mello Reis, Natália Lopes de Souza e Olga Mattos de Lima e Silva
Ementa: No Brasil oitocentista, a imprensa era o principal veículo para a difusão de ideais, costumes e solidificação dos papeis sociais, sobretudo no que diz respeito a disseminação de ideários femininos, que impactaram a sociedade e as suas relações interpessoais. As transformações urbanas e sociais que afetaram fortemente a sociedade brasileira no início do século XX repercutiram no processo de modernização da imprensa. Além dos jornais, as revistas voltadas ao público feminino se consolidam ao longo do século. Nesse sentido, o presente simpósio busca pensar a imprensa, ferramenta de consolidação de uma opinião pública (MOREL, 2008), como espaço de relações de poder, estratégias e negociações utilizadas pela sociedade, refletido, sobretudo, através da perspectiva de gênero. Por um longo tempo as mulheres foram esquecidas pela historiografia (PERROT, 2005). Entretanto, na atualidade, vemos ocorrer o processo de resgate e inclusão de mulheres na História, o que revela não apenas momentos inesperados da presença feminina nos acontecimentos históricos, mas também um alargamento do próprio discurso historiográfico, até então estritamente estruturado para pensar o sujeito universal, ou ainda, as ações individuais e as práticas coletivas marcadamente masculinas (RAGO, 1995). Nesse sentido, o alargamento historiográfico nos permitiu entender as mulheres como objeto da História nos possibilitando problematizar o cotidiano feminino, práticas, costumes, trabalhos, literatura, por conseguinte a atuação destas mulheres no espaço da imprensa. Logo, não foi à toa que a imprensa era um dos primeiros veículos de resistência para as mulheres (DUARTE, 2017). O recorte escolhido abarca os séculos XIX e XX no Brasil. Assim sendo, abrange a gênese da imprensa no Brasil, advinda a partir da transmigração da família real portuguesa para o Brasil, em que se difundiu o consumo de impressos; além disso, em meados de 1850 houve uma grande efervescência de produções femininas e circulação destas no espaço público da imprensa, como, por exemplo, a criação do Jornal das Senhoras, um dos primeiros jornais feito por e para mulheres no Brasil. Ademais, o recorte aglutina também as especificidades da imprensa do século XX, com suas revistas e jornais voltadas exclusivamente ao público feminino, tais como a Revista Feminina, Cláudia, Marie Claire, entre outras, que funcionavam não só como uma espécie de instrução para as mulheres mas também construíam modelos de comportamento e de consumo, influenciando fortemente o seu público. Desse modo, pensar a imprensa nos séculos XIX e XX é também pensar as atuações das mulheres nesses espaços, seja uma análise através do escopo do trabalho, da literatura, das relações de poder e/ou da relação com o magistério. Entendemos, dessa forma, a imprensa como uma “arena de combate” nas palavras de Garzoni (2012), um lugar encontrado pelas mulheres onde lhes era possível expressar-se e, dessa forma, se colocarem politicamente no mundo por meio da escrita. No trabalho historiográfico de encontrar fissuras e, então, resgatar a atuação dessas mulheres no universo da imprensa, evidenciando uma agência feminina. Inserido no campo das discussões em torno da relação entre gênero e imprensa, o simpósio tem como objetivo abarcar trabalhos que analisam as relações entre as mulheres e os impressos, abrangendo, dessa forma, obras, panfletos, jornais, revistas, anúncios, entre outros. De acordo com Dulcília Buitoni (1981) a imprensa feminina é aquela direcionada para as mulheres, mas que não é, obrigatoriamente, escrita por elas. Logo, serão aceitos trabalhos que se atentam para a imprensa inteiramente feminista, assim como uma imprensa feminina editada por homens, cujo público alvo era as mulheres e/ou contava com colaboração delas (DUARTE, 2017). Além de abranger pesquisas que procurem entender as mulheres como editoras, redatoras, colaboradoras, mulheres de letras e jornalistas, compreendendo, dessa maneira, uma espécie de “proletariado literário” (DARNTON, 1987) pensado a partir do recorte de gênero. Entendendo que a presença dessas mulheres se dava na imprensa a partir das seções de moda, literatura, como também em seções cujo assuntos voltavam-se para questões de cunho político, ainda que em menor número e não explicitamente.
ST 03 – Mnemosine nas tramas de Clio: o lugar da memória no fazer historiográfico
Coordenadores: Rodrigo Musto Flores e Ana Paula Sena Gomide
Ementa: Nas imagens da mitologia greco-romana, herdadas pela cultura ocidental, Mnemosine é, irmã de Cronos e um das titânides mais poderosas, personificando a memória e a proteção contra o esquecimento. O poder de Mnemosine vêm do significado que a memória possui para os gregos, sendo a capacidade que simboliza a razão, diferenciando homens de animais. Clio, por sua vez, simboliza a história. Filha de Zeus com Mnemosine, sua função é articular o passado e o presente sendo, nesse sentido, muito próxima de sua mãe, mas não se confundindo com ela. As análises das memórias coletivas tocam a atuação do historiador em âmbito público. A relação da história como exercício de pesquisa, confrontação e divulgação do conhecimento sobre o passado se relaciona, profundamente, com as diversas memórias, narrativas e demandas de grupos. Não raro, pesquisadores e professores de história são, frequentemente, questionados sobre o lugar da memória no fazer historiográfico, ou ainda por sujeitos portadores de determinadas memórias, que passam a requerer o status de verdade em seus depoimentos, concorrendo por espaço no debate público. Não se trata aqui de propor uma equiparação entre memória e história, mas, sobretudo, de compreende-las como representação do passado. A primeira, como vestígio e fruto de relações sociais. A segunda, como uma operação cognitiva sendo, portanto, dotada do status de ciência. Assim, grande parte da atuação pública dos historiadores, ao utilizar a análise da memória como metodologia de pesquisa, é dar voz aos silenciados, compreendendo, antes de tudo, os esquecimentos, as disputas de poder, os recortes, seleções e supressões de determinados testemunhos em detrimento de outros. O passado, operacionalizado pelas escolhas feitas no presente, é resultante de uma disputa de forças entre os grupos dominantes, sacraliza, desconstrói, delega ao esquecimento ou enfoca determinadas ‘nuances’ que devem ser lembradas ou esquecidas de pelo corpo social. Com efeito, a memória, assim como o sentimento de identidade e pertencimento a uma coletividade, são valores construídos, sobretudo, através de processos complexos. A memória, se relaciona com as disputas, esquecimentos e silêncios; ao passo que o sentimento de identidade é construído a partir de critérios de aceitabilidade, admissibilidade e credibilidade. Nesse sentido, o exercício de recordar preenche grande parte da vida dos seres humanos, tornando-se fundamental para o fortalecimento do sentimento de pertencimento, engendrando manifestações políticas, religiosas e culturais, que representam polos de resistência na busca pela sobrevivência de costumes e práticas antes silenciados. Dessa forma, a presente proposta de simpósio temático tem como objetivo congregar trabalhos sobre as mais variadas temáticas e recortes cronológicos, que abordem a memória, o esquecimento, as identidades, o patrimônio histórico, as religiosidades, os usos do passado, entre outros. Nosso objetivo, é estimular o debate e as discussões em torno das relações entre esses conceitos, mobilizando-os na construção do saber histórico e da atuação do profissional do historiador, seja no âmbito da pesquisa ou do ensino.
ST 04 – Interfaces entre gênero, história social e cultura
Coordenadoras: Tatiana de Carvalho Castro e Cássila Pessoa de Mello
Ementa: Nos últimos anos a historiografia reconheceu novos percursos de produção e reprodução das representações humanas. O estudo social da categoria gênero permitiu às historiadoras e os historiadores a compreender como, socialmente e historicamente, alguns grupos perpassaram e perpassam por estruturas de violência – simbólica e física – de domínio e de silenciamento. Este ST é um espaço de ampla discussão que envolverá a produção da história social, sua ligação com gênero – perspectivas em diálogo e Interseccionalidade, relação entre classe e raça. Este ST foi pensado para pesquisadoras e pesquisadores que acreditam no potencial modificador do seu trabalho como caminho para uma produção histórica ainda mais diversa, representativa e teoricamente aceita. Junto com a interfaces entre história social e gênero este espaço também visará incluir a ligação lógica com os veículos culturais formadores de representações – como plataformas dispositivas, cinema, música, literatura, etc., – que favoreçam o ofício do historiador/pesquisador e da historiadora/pesquisadora na produção do conhecimento.
ST 05 – Intelectuais, História e Literatura: as narrativas e as linguagens na escrita da História
Coordenadores: Mariane Ambrósio Costa, Daiana Pereira Neto, Pedro Henrique Leite e Daniel Eveling da Silva
Ementa: As discussões sobre o uso da narrativa nas preocupações historiográficas têm se constituído no fazer historiográfico como cerne de um intenso debate. Com as polêmicas causadas pela obra de Hayden White, em meados dos anos de 1960, e o chamado Giro Linguístico, percepções complementares e contrárias sobre a estrutura da narrativa tem se colocado dentro dos trabalhos históricos. Diante dessas preocupações, este simpósio temático pretende abarcar as variadas vertentes historiográficas que colocam no centro da discussão as narrativas, os discursos e as representações advindas desse processo. Nossa proposta visa discutir a pluralidade de problematizações acerca da relação entre intelectuais, história e literatura na escrita da história. Para compreender a amplitude temática, serão bem-vindos trabalhos que partam em direções nas quais se debata temáticas como: a literatura usada como fonte para pensar os processos históricos, a análise da linguagem, as opções dos autores/escritores colocadas nas problematizações históricas e trabalhos que problematizem a relação entre a história e a literatura como documento, as narrativas de si, as narrativas de grupos marginalizados, as diferentes formas narrativas em veículos como quadrinhos, séries, filmes e produtos da mídia em geral. De igual modo, abrimos espaço para trabalhos que busquem incluir o papel dos intelectuais e seus espaços de atuação, tais como: os jornais e as revistas, suas redes e sociabilidades. As balizas temporais e espaciais são amplas, sendo desejáveis, portanto, trabalhos cujo enfoque esteja pautado na compreensão da complexa relação entre história e narrativas, bem como a relação dos intelectuais e da sociedade da qual fazem parte. Alguns dos eixos temáticos possíveis – mas não somente – são: obras literárias e a representação das sociedades nas quais se inserirem; a apropriação dos processos históricos pela literatura; as obras literárias como documentos históricos; o papel dos intelectuais na consolidação do campo literário; a literatura de viagem e a sua importância na consolidação de identidades; intelectuais e suas redes e sociabilidades; intelectuais e sua atuação em jornais, revistas e outros suportes de mídia; condições histórico-sociais de circulação/recepção de textos literários e jornalísticos; narrativas literárias e narrativas historiográficas, pontos de afinidade e distanciamento; narrativas em geral como espaço de luta política e formação/afirmação de identidades individuais e/ou coletivas e culturas políticas.
ST 06 – A DESINSTITUCIONALIDADE DOS “TRIBUNAIS” NO EMBATE ENTRE CANGACEIROS E SOLDADOS DE VOLANTE, NOS SERTÕES NORDESTINOS, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX.
Coordenadores: JOSÉ FERREIRA JÚNIOR e JANAINA FREIRE DOS SANTOS
Ementa: Os sertões nordestinos se revelam espaço de ocorrências de fatos sobre os quais os historiadores se debruçam, levando-se em conta as três primeiras décadas do século XX. Essa temporalidade foi palco de atuação de cangaceiros e soldados de volantes. Esses sujeitos históricos, dentre os seus traços identificatórios eram possuidores de regras e costumes que se mostravam como inegociáveis, cujas violações remetiam à condenação de quem os violavam. Entre os cangaceiros, aqui levado em conta o cangaço lampiônico, verificava-se a inadmissibilidade do adultério feminino (NEGREIROS, 2016) e da delação (MACEDO, 1995), sendo os autores de tais ações punidos com a morte violenta, sendo no caso de delação, geralmente sangramentos, antecedidos por torturas diversificadas e por ações relacionadas ao corpo da vítima, como esfolamento, dentre outras (RODRIGUES DE CARVALHO, 1974). Entre os membros de volantes, perseguidoras de cangaceiros, havia violência no trato com quem, pertencente ao extrato baixo da população campesina, ajudava cangaceiros (ALBUQUERQUE, 2016), bem como a ação impiedosa de decapitação de cangaceiros mortos em confronto, ato que lhes infringia, conforme crença à época, penalização pós-morte (PERICÁS, 2010), além de revelar, em relação ao vencido, o desrespeito e descaso com o seu corpo. Assim verificado, para cangaceiros e membros de volante o corpo era tido como um locus de punição, justiça e exemplo, revelando-se corpo incircunscrito (CALDEIRA, 2000). Percebe-se, diante de tal quadro, haver uma espécie de “tribunal desinstitucionalizado”, ou seja, desprovido de aprovação legal, tendo como parâmetros a honra e a vingança, não cabendo ao réu ou à ré nenhuma possibilidade de absolvição. Não obstante a ilegalidade de tais “tribunais”, as narrativas relacionadas ao embate entre cangaceiros e volantes revelam que havia conhecimento de tais práticas e, de maneira extra-oficial, aprovação das mesmas pela autoridade estatal (PERICÁS, 2010). Este Simpósio Temático se propõe discutir, a partir de diálogo com os campos da antropologia, sociologia e demais ciências afins, pesquisas, concluídas ou em andamento, que estejam atreladas à discussão da desinstitucionalização dos tribunais existentes no conflito entre cangaceiros e soldados de volante. Assim, serão recepcionados trabalhos, além dos atrelados ao campo historiográfico, que procedam de áreas de conhecimento que mantenham diálogo com a História, a saber, da Geografia, da Antropologia, da Sociologia, da Ciência da Religião, da Literatura, da Psicologia e etc.
ST 07 – Tramas Sociais, Conflitos, Poder e Economia no Brasil
Coordenadores: Randolpho Radsack Corrêa, Vinicius Maia Cardoso e Arthur da Costa Orlando
Ementa: Em vista do expressivo número de inscrições e apresentações realizadas neste simpósio no ano de 2020, na XXXVI Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF – optamos por readequar uma proposta semelhante no ano de 2021. Justifica-se tal escolha pela grande contribuição historiográfica ocorrida sobre diferentes tramas sociais, conflitos, relações de poder e economia. Nesse sentido,este simpósio temático busca reunir pesquisas com abordagens teórico-metodológicas e análises que objetivem a trocas de saberes e experiências relacionadas às interfaces entre diferentes tramas sociais, conflitos, relações de poder e economia.Aprofundando os aspectos enfatizados, compreende-se que a palavra poder remete ao pensamento de uma força que permeia as relações sociais e pode ocorrer de forma direta ou indireta entre indivíduos que, a partir de diferentes meios, estabelecem a capacidade ou a faculdade da realização de algo em uma sociedade, assim como a posse do mando e da imposição da vontade. Segundo Giovanni Levi, “o poder não é uma coisa”, ele não está “acima” da sociedade ordenando as relações, mas é parte de um aspecto relacional entre agentes sociais interagindo de várias maneiras, construindo tramas sociais e autoridades compartilhadas, nas quais se agrega um sistema social urdido através de relações de troca. Fredrik Barth afirma que um comportamento humano de obediência não é uma aceitação mecânica das regras, mas ditado pelos valores de cada ator social e dos resultados que se podem obter nessas relações. Ao analisar uma sociedade, busca-se “entender o ponto de vista dos próprios atores, pois, assim, percebe-se o sistema agregado não pela sofisticada operacionalidade e índices bem medidos, mas pelas categorias cognitivas compartilhadas e os valores dos participantes do sistema”. Outrora, o conflito, como produto das relações sociais e suas dinâmicas, surge na perspectiva dos interesses e das disputas no Brasil. Como característica inerente aos processos de coexistência, os embates são comuns às dinâmicas de sociabilidade independente das conjunturas e contextos. Evidentemente, não se pode compreender que as relações sociais urdidas nas diferentes sociedades no Brasil, numa ampla temporalidade, foram conduzidas e balizadas, exclusivamente, por contendas. Contudo, a realidade da violência não pode ser desconsiderada, uma vez que o fenômeno do conflito é inerente à natureza das relações políticas, econômicas e sociais. Logo, é preciso compreender a violência como um fenômeno que ultrapassa as relações de fissuras, transições ou rupturas. No entanto, essas relações podem, sim, interferir nas dinâmicas sociais. As ações de violência não devem ser interpretadas de maneira frívola ou simplista, não devem ser interpretadas como produto do uso indevido das regras simplesmente. O recurso ao ato da violência, em resposta aos conflitos, ocorria independente da natureza de seus autores e as ações nasciam das mais diversas situações sociais, não caracterizando, assim, um grupo social específico. O que estava em jogo era a possível defesa de um posicionamento, da delimitação de um espaço social e das aspirações do indivíduo ou do coletivo. Somado às perspectivas mencionadas, compreende-se também que, uma abordagem voltada para a dinâmica econômica brasileira, possibilita a desconstrução de alguns paradigmas que foram construídos sobre ela e que, durante muitos anos, foram interpretados como verdades absolutas. Ademais, entende-se que a intensificação e organização da produção ocorrida nos mais variados territórios existentes dentro do espaço geográfico brasileiro, possuíam suas especificidades em diferentes âmbitos – relações de trabalho, propriedade agrícola, etc – e possibilitou, a determinados grupos, uma acumulação endógena de capital, mesmo em um período pré-capitalista. Acumulação que pôde ser reinvestida em diferentes meios, o que, invariavelmente, gerou condições para o desenvolvimento de diversas atividades comerciais, como também melhorias de infraestrutura urbana em variadas cidades. Desse modo, o presente simpósio abre-se a pesquisas que tenham como enfoque as permanências, as ambivalências, as simultaneidades e os antagonismos historicamente tecidos nas múltiplas formas de relações sociais entre as elites e as camadas populares no Brasil, nas mais diversas dimensões temporais e espaciais de envolvimentos do poder e seus reflexos na sociedade e na economia brasileira.
ST 08 – História da Educação: sujeitos, práticas, memórias e instituições.
Coordenadores: Danilo Araújo Moreira e Thayná Luana Borges
Ementa: Atualmente, o campo temático da História da Educação vem conquistando destaque e amplitude entre os estudos históricos. Sobretudo nas últimas duas décadas, os problemas discutidos na área têm sido interpretados como parte importante da formação educacional, social, cultural e política do Brasil. Face a esse cenário, o simpósio temático aqui proposto pretende congregar estudantes, pós-graduandas e pós-graduandos, pesquisadoras e pesquisadores que se dedicam ao estudo das diversas práticas ligadas à educação ao longo da história brasileira. O movimento de consolidação deste campo de pesquisas é recente. No Brasil, a área se forjou como disciplina estritamente vinculada aos cursos de formação de professores e esteve tradicionalmente relacionada mais ao ensino do que à pesquisa. Por consequência, entre os estudos históricos, os objetos referentes à educação foram relegados à posição secundária. Felizmente, nos últimos anos, a pesquisa a respeito dos processos educativos em perspectiva histórica tem se ampliado e diversificado. O desenvolvimento dessa produção foi impulsionado pelo fortalecimento de grupos de pesquisa e programas de pós-graduação na área e pela realização regular de eventos acadêmicos específicos. Vale destacar, nesse sentido, a recente criação dos Grupos de Trabalho de História da Educação na ANPUH – Brasil (2015) e na ANPUH – Minas Gerais (2018). A diversificação temática guarda ligações, ainda, com reorientação possibilitada nas últimas décadas pelo aprofundamento das discussões sobre História Regional e Local, bem como com a renovação dos pressupostos teórico-metodológicos dos campos da História Cultural e da História Política que marcaram as décadas de 1980 e 1990. É importante ressaltar, ainda, que, nos estudos mais recentes da área de História da Educação, alguns pesquisadores, como Magalhães (2014), consideram o local como um meio promissor para análises históricas. Sob esse recorte, é possível ter em vista espaços menores, e por vezes menos estudados, como os municípios, que são permeados por nuances específicas do ponto de vista social, histórico, econômico e de desenvolvimento. Por meio desse tipo de análise, os estudos mais recentes que se preocupam com a análise do local e do regional têm possibilitado ao campo de pesquisas encontrar novas facetas, em busca de compreensões gerais sobre os processos educativos existentes na educação brasileira. Assim, em perspectiva ampla, o simpósio buscará promover um espaço de discussão e diálogo que propicie o intercâmbio acadêmico entre pesquisas dedicadas aos diversos temas e problemas que perpassam ao campo da História da Educação, em especial entre finais do século XVIII e a primeira metade do século XX, frutos de análises documentais e orais. Nesse sentido, serão bem vindos trabalhos que versem sobre políticas educacionais, práticas educativas não-escolares, imprensa, educação e espaços públicos, instituições escolares, memória, historiografia da educação, história oral, educação feminina, fontes para a história da educação, entre outros.
ST 09 – OS TRIBUNAIS NO IMPÉRIO PORTUGUÊS: ENTRE A MORAL E A FÉ (SÉCULOS XVI- XIX)
Coordenadoras: Letícia Maia Dias, Grayce Mayre Bonfim Souza e Maria de Deus Beites Manso
Ementa: No decorrer da história da expansão e colonização portuguesa, o catolicismo foi fundamental na tentativa de controlar e disciplinar os comportamentos, práticas e costumes da sociedade, consoante as diretrizes e a moral da religião. Logo, no bojo das comemorações dos 200 anos da extinção do Tribunal do Santo Ofício português, este simpósio temático busca contemplar as pesquisas e discussões relacionadas as articulações e disputas engendradas entre as jurisdições de instância civil, eclesiástica e inquisitorial no Reino, no Brasil, bem como nas mais distintas localidades do Império. Enquanto recorte temporal, delineamos o período compreendido entre os séculos XVI e XIX , conjuntura que evidencia os esforços empreendidos pela Coroa e pela Igreja em unificar os territórios ultramarinos através da fé católica, a disseminação e a interiorização das exigências da reforma tridentina frente ao avanço do protestantismo, a ampliação dos poderes e das hierarquias eclesiásticas, o surgimento e o declínio da ação inquisitorial lusa, e o crescente processo de secularização estatal, em curso sobretudo a partir da segunda metade setecentista, com o governo do Marquês de Pombal. Entretanto, a tentativa conformar as heterogêneas populações coloniais mediante a égide da cristandade, fez com que as constituições e ordenações adquirissem simultaneamente contornos dinâmicos e complexos, de modo a adaptar a linguagem jurídica aos cotidianos sociais, culturais, políticos e religiosos locais. Nesse aspecto, legislações como as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia de 1707, primeiro código promulgado na América portuguesa, demonstram não apenas a essencialidade alcançada pela religião, mas as especificidades daquele contexto, marcado pela forte presença das ordens religiosas como os jesuítas e franciscanos, e ordens seculares como as ordens terceiras, sendo determinantes na formação do clero, na evangelização de seus habitantes, e na consolidação do catolicismo colonial. Além disso, o fato de alguns dos delitos serem Mixti Fori, isto é, julgados pelo foro civil, eclesiástico e inquisitorial, a exemplo da sodomia, da bigamia e da feitiçaria, revelava que a coexistência jurídica muitas vezes não se dava de maneira pacífica, visto que, principalmente no que tange as heresias, não existia uma definição clara de qual Tribunal teria a prerrogativa nestes casos. Portanto, visamos abranger os estudos que tratam acerca dos conflitos de poder entre as jurisdições, das relações estabelecidas entre as ordens religiosas, os bispados e o Santo Ofício – pois muitos agentes inquisitoriais eram também bispos e realizavam visitas diocesanas – , da formulação e da aplicação das constituições e ordenações civis e religiosas, e das trajetórias de indivíduos que se inseririam nas complexas teias que envolviam a prática da moral, da fé e por fim, da justiça no Império português.
ST 10 – Direitas, História e Memória
Coordenadores: Leandro Pereira Gonçalves, Gabriela Santi Ramos Pacheco e Pedro Ivo Dias Tanagino
Ementa: O Simpósio Temático “Direitas, História e Memória” busca reunir pesquisadores que se dedicam aos estudos sobre as direitas contemporâneas, a fim de refletir sobre suas tradições, culturas, formas de ação política e também sobre a memória de determinados grupos. A proposta está vinculada a rede de investigação Direitas, História e Memória (https://www.direitashistoria.com ), um ativo espaço de discussão entre pesquisadores e estudantes da área, que tem como objetivo fomentar intercâmbios e diálogos transnacionais acerca dos estudos sobre as direitas nos séculos XX e XXI.
ST 11 – A História da Arte como representação de narrativas das sociedades: expressões artísticas no entresséculos XIX e XX.
Coordenadores: Brenda Martins de Oliveira, Paula Nathaiane de Jesus da Silva e Álvaro Saluan da Cunha
Ementa: Esse Simpósio Temático se destina aos pesquisadores que se propõe a estudar as plurais narrativas a partir de diferentes suportes artísticos. Para os excluídos, para os invisíveis, seja como autor de uma obra ou como um suporte de arte que ainda não possui grande divulgação. Pretendemos abarcar estudos de grupos artísticos variados, como escultores, litógrafos, chargistas, compositores, escritores, dançarinos, pintores, fotógrafos, cantores, entre outros. Variados também em seu repertório temático, tendo como viés uma perspectiva de diversidade que compreenda a comunidade negra, as mulheres artistas, o movimento LGBTQIA+, enquanto produtores e produtoras de conteúdo artístico. Nosso objetivo, primeiramente é dar visibilidade aos formatos de arte que permaneceram e/ou permanecem às margens de estudos sistemáticos, o que corrobora com seu conhecimento pelo grande público. Desse modo, nossa proposta pretende apresentar trabalhos que pensem a história da arte como uma forma de representação de diferentes possibilidades de narrativas e expressão de identidades ao longo do tempo.
ST 12 – Combates pelo Ensino de História: Temporalidades, Sujeitos, Saberes e Práticas
Coordenadores: Henrique Dias Sobral Silva e Ana Carolina Oliveira Alves
Ementa: Parafraseando o título do antológico livro “Combates pela História” (FEBVRE, 1953) e renovando os compromissos construídos por Lucien Febvre em meados do século XX, quase setenta anos mais tarde, nossa luta volta-se para o reforço dos combates pelo Ensino de História em tempos sombrios e desagregadores para a ciência histórica e para a escola. Desse modo, o presente simpósio temático busca ampliar e reafirmar um diálogo necessário entre Universidade e a comunidade escolar, fomentando o intercâmbio de vivências, tempos, sujeitos, saberes e práticas que compõem o Ensino de História. Partindo da premissa de que o Ensino ainda é a seara prioritária de atuação daqueles que se dedicam à disciplina da História, consideramos importante reforçar nossa compreensão da sala de aula como campo de pesquisa, ainda que a alienação e a precarização estejam disputando espaços com a conscientização e a criticidade. Nesse sentido, é necessário superar o antagonismo entre teoria e prática, pautado na reprodução de assimetrias de poder e em estruturas curriculares engessadas, em nome de uma ação significativa que aponte saídas, modos de luta e resistência para os reveses que o Ensino de História têm experimentado ao longo das últimas décadas. Essa proposta se alinha também com uma opção política de defesa da educação pública frente ao fenômeno da desescolarização, da pandemia, do ensino remoto e da consolidação da agenda neoliberal sob a educação no país. Tendo isso em vista, o convite que aqui se materializa busca engajar pesquisadoras/es na discussão e na exposição de suas reflexões, aqui entendidas como ferramentas de combate a favor do Ensino de História, em um cenário de disputas e resistência frente aos ataques sofridos pela educação. Sabe-se que o exercício da docência em História é complexo e demanda uma permanente reflexão que sirva para fomentar a própria prática, nesse sentido, consideramos que esse espaço de diálogo se torna essencial. Esperamos reunir neste simpósio professoras/es pesquisadoras/es da educação básica que tenham comunicações advindas de iniciações científicas, especializações, mestrado – profissional e acadêmico – e doutorado e que tenham foco no Ensino de História e seus múltipos campos de análise. Buscamos receber, assim, investigações que versem sobre disciplina escolar e suas matrizes, o currículo, a BNCC, análises críticas sobre conteúdos, experiências docentes, sequências didáticas, ações educativas, práticas em educação popular, precarização da profissão docente, metodologias ativas, didática em História, Educação e ensino remoto dentre outros temas, sendo esses alguns eixos que esperamos discutir neste simpósio.
ST 13 – EPISTEMOLOGIAS FEMINISTAS E FORMULAÇÕES CONTRA-HEGEMÔNICAS PARA SE PENSAR A ESCRITA DA HISTÓRIA
Coordenadoras: CRISTIANE RIBEIRO, SILVANA MOTA BARBOSA e STELLA FERREIRA GONTIJO
Ementa: Este Simpósio Temático, em sua 4ª edição, objetiva agregar discussões que buscam contribuir para o estabelecimento de um campo de produção epistemológico e feminista, a partir das relações entre gênero, raça, classe, religião, sexualidade e etc.. Objetivamos colaborar com pesquisas, nacionais ou estrangeiras, recentes ou em andamento, e propiciar uma interdisciplinaridade nas diversas áreas das Ciências Humanas através dessas questões e suas disputas, sobretudo na História, trazendo para a discussão as diversas vertentes teóricas em diálogo no campo dos estudos feministas. Sabemos que nas últimas décadas, como consequência dos movimentos sociais, a crítica feminista revolucionou as formas de se produzir conhecimento. As epistemologias feministas, junto aos estudos de gênero, foram centrais para questionar conceitos, teorias e métodos pensados unicamente a partir de experiências consideradas universais, isto é, masculinas, heteronormativas, brancas e ocidentais. Assim, tem contribuído para propor novas inteligibilidades a antigos saberes. Com isso, os estudos das relações de gênero tiveram avanços significativos, em que inúmeros trabalhos foram e continuam sendo produzidos. Inicialmente a História das Mulheres, com forte vínculo com a História Social. Uma referência precursora nesse campo é Gerda Lerner, uma intelectual do campo que dedicou seus dias à docência para demonstrar que as mulheres tinham [e têm] uma História, e que, ao perceberem isso, criam entre si uma consciência coletiva. Para essa autora: “o fato de as mulheres terem filhos ocorre em razão do sexo; o fato de as mulheres cuidarem dos filhos ocorre em razão do gênero, uma construção social. É o gênero que vem sendo o principal responsável por determinar o lugar das mulheres na sociedade”. A partir de 1980, no entanto, começaram a aparecer as discussões teóricas de gênero, sobretudo no campo do pós-estruturalismo. O intento era o de contrapor a ideia de diferença sexual com particular atenção para os sistemas de significação, isto é, as maneiras como as sociedades representam o gênero, sempre numa perspectiva relacional. Entre as pesquisadoras desse momento figura o nome de Joan Wallach Scott, personagem importante no campo teórico nos estudos das relações de gênero. Não podemos perder de vista ainda que o conceito de mulher deve ser compreendido de forma múltipla, como mulheres. Ao partirmos da perspectiva das mulheres como “sujeitas históricas”, atuantes e fundamentais para assimilar os acontecimentos do passado e a sociedade atual, devemos analisá-las sob a suas complexidades, partindo da análise de como os fatores de raça, classe e sexualidade foram, e são, fundamentais para o papel social-político-cultural desempenhado por elas, isto é, categoriais percebidas de maneira consubstanciais e coextensivas (HIRATA, 2014; KERGOAT, 2010). Além disso, essas especificidades levaram ao surgimento de diversos outros campos epistemológicos, entre os quais podemos destacar o feminismo decolonial, a teoria queer, os feminismos negros, de fronteira, etc. Ao propormos uma revisão da historiografia, incluindo essas “sujeitas”, consideramos que a narrativa hegemônica parte de uma visão equivocada de um sujeito universal, sendo este o homem-branco-Ocidental-cristão-heterossexua. Como consequência disso, os estudos desenvolvidos dentro das epistemologias feministas têm como principal objetivo contraporem-se à narrativa hegemônica, que reforça as estruturas de poder dominantes atualmente em nossa sociedade, incluindo as mulheres como sujeito ativo, de maneira transversal nas diversas fontes e períodos, dando um novo olhar a velhos e novos objetos e objetivos de pesquisa, incluindo todas as vertentes teóricas. Convidamos as pesquisadoras e os pesquisadores, que trabalhem com os mais diversos objetos, fontes e períodos históricos, a fazerem parte de nosso Simpósio Temático, que intenta fomentar e compartilhar discussões que concernem as vinculações no campo das epistemologias feministas e das relações de gênero, que são aqui compreendidas como construtos sociais e estruturantes de desigualdades ao longo da história. Este Simpósio objetiva também ampliar as discussões fomentadas desde a sua 1º edição, visando continuar contribuindo para o debate sobre as dimensões do gênero nas mais diversas áreas. Nas últimas edições, o ST possibilitou conversas com pesquisadoras e pesquisadores das mais distintas universidades do país, em que foi possível um compartilhamento de trabalhos, conhecimentos e muitas trocas de aprendizados relacionados a sua temática. Além disso, é possível afirmar a consolidação do campo e seu exponencial aumento. Temos, com isso, a pretensão de estabelecer esse espaço como referência nas discussões que tratam das epistemologias feministas e dos estudos de gênero na Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que já se encontra em sua XXXVII edição.
ST 14 – As relações entre poder secular e religioso nos vice-reinos da América hispânica (séculos XVI a XVIII).
Coordenadoras: Mariana Sarkis Olson e Flavia Silva Barros Ximenes
Ementa: O presente simpósio temático tem como objetivo reunir pesquisadores interessados nas linhas de investigações e nos problemas relacionados com a história sociopolítica dos diferentes atores eclesiásticos na América hispânica e suas formas de impartir e administrar a justiça e os costumes morais católicos. Os religiosos sempre tiveram papel de destaque no governo das monarquias ibéricas onde cardeais, bispos e inquisidores frequentemente integraram Juntas e Conselhos. Como ocupantes de uma posição particular na estrutura do poder e detentores de enorme influência, os eclesiásticos muitas vezes entraram em conflito com a jurisdição de vice-reis e audiências, o que faz destas figuras ricos instrumentos de análise da estrutura de poder de que faziam parte. Desse modo, o presente simpósio temático pretende refletir sobre a participação eclesiástica no governo das Índias de Castela, em particular, considerar trajetórias públicas, redes de apoio e estratégias particulares desses agentes de poder. Os cambios ocorridos entre a política eclesiástica de Felipe II e as Reformas Bourbônicas atravessam esse cenário, adaptando-se à realidade dos distintos vice-reinos hispânicos. Portanto, compreender as relações entre o episcopado e o rei, e seus reflexos na política colonial, é fundamental para o entendimento do processo de consolidação da Igreja no mundo hispanoamericano. Nessa perspectiva, os trabalhos que analisam esses atores eclesiásticos, assim como, projetos e ações de certos seguimentos sociais que reclamaram seus espaços nas instituições eclesiásticas (tribunais, conventos, hospitais, colegios, juzgados, cabildos, etc.) contribuem para o avanço e compreensão da história sociopolítica e religiosa da América hispânica nos seus mais diversos vice-reinos.
ST 15 – História da Arte, patrimônio e memórias: diálogos possíveis
Coordenadores: Carlos Lima Junior, Andreia de Freitas Rodrigues e Francislei Lima da Silva
Ementa: Os debates acalorados pela destruição ou não dos monumentos erigidos, no passado, em homenagens de escravagistas, colonizadores e religiosos, em diferentes países da Europa, mas também da América Latina, reverberaram nas estátuas de personagens históricas dispostas em logradouros públicos de cidades brasileiras. Monumentos aos bandeirantes, em São Paulo, e a estátua em homenagem à Princesa Isabel, no Rio de Janeiro, por exemplo, passaram a ser vigiados pela polícia militar com a intenção de prevenir ações que pudessem vandalizar as esculturas. Em consonância à temática da XXXVII Semana de História da UFJF, “Os Tribunais da História. Alcances e Limites das Narrativas no Tempo”, a polêmica dos monumentos parece servir-nos como um bom pretexto para a reflexão acerca dos embates entre as esferas públicas e civis em torno do que (e como) se preservar, rememorar, (re)significar. Para além do caso sobre as estátuas, assiste-se o confronto entre a construção, por parte do atual governo, de uma memória laudatória da ditadura, e, na contramão, ações que visam a troca dos nomes de ruas e escolas públicas até então batizadas em homenagem aos presidentes militares. Esse atrito entre narrativas díspares, esbarra em questionamentos sobre a importância das pesquisas acadêmicas, sintonizadas com museus, arquivos, bibliotecas e centros de memória, pela intervenção e tensionamento de memórias cristalizadas em bens materiais que tendem a ser naturalizados. Tal debate acerca do patrimônio cultural intensifica e aproxima formas de transdisciplinaridade, o que permite a junção e o diálogo entre profissionais e estudantes de diversas áreas. Isso se dá principalmente devido ao artigo 216 da Constituição de 1988 abarcar no conceito de patrimônio cultural de forma ampla: prédios, conjuntos urbanos, paisagens e sítios arqueológicos, entre outros – e imateriais – classificados como saberes, modos de fazer, formas de expressão e celebrações – considerados relevantes para a constituição dos valores de um grupo social. Tal debate acerca do patrimônio cultural intensifica e aproxima formas de interdisciplinaridades, o que permite a junção e o diálogo entre profissionais e estudantes de diversas áreas. Desta forma, também propomos uma reflexão interdisciplinar aos limites entre essas áreas de estudo. História da Arte e preservação vêm constituindo um papel relevante na permanência/construção/apagamento de representações coletivas e na identificação de símbolos representativos como patrimônio cultural brasileiros. Estas relações estão em permanente transformação de acordo com diferentes interesses e perspectivas. Dessa forma, organizam-se políticas públicas e se formam práticas e valores individuais e coletivos. Tentando dar lugar à proposta temática da XXXVII Semana de História da UFJF, abrimos, assim, espaço para receber trabalhos que, a partir do âmbito do Patrimônio Cultural, material e imaterial, da História da Arte e da Preservação desenvolvem discussões atuais e urgentes, de forma plural, valorizando o universo científico, acadêmico e social dentro dessa temática.
ST 16 – História Ambiental: a natureza em diálogos interdisciplinares
Coordenadoras: Natasha Augusto Barbosa e Hana Mariana da Cruz Ribeiro Costa
Ementa: A coexistência de seres humanos e processos biofísicos tem muito a dizer sobre a nossas experiências históricas. Partimos do princípio de que toda a vivência humana sobre à terra se expressa a partir de atos biológicos que produzem as relações sociais e culturais. Assim, em diálogo permanente e complementar entre cultura, política, economia e natureza. Nesse sentido, buscamos construir essa proposta de simpósio temático debruçadas sobre a História Ambiental. A perspectiva da História Ambiental proporciona estímulos para a escrita da História, integrando elementos humanos e não-humanos, em variados espaços, e distintas temporalidades, na construção de uma relação com a natureza. E esta, por sua vez, deve ser retirada de uma concepção cênica e compreendida em constante intercâmbio com novos interlocutores e elementos analíticos de diversas áreas de conhecimento. A estruturação do conceito de “Natureza”, como uma palavra plurivalente e genérica, que busca representar um universo de processos que estão a parte dos processos culturais, é um dos pilares do pensamento ocidental. Quando tratamos de natureza na historiografia, o que percebemos é uma relação ambígua, onde algumas tradições desconsideram a importância dos processos naturais na construção das sociedades humanas, enquanto outras assentam-se no perigoso determinismo geográfico/ecológico. Buscamos reunir trabalhos com recortes temporais diversos, que ofereçam discussões sobre cultura e natureza, representações, ações de movimentos sociais relacionados à integração entre a experiência histórica humana e não-humana, sustentabilidade, deslocamentos populacionais motivados por questões ambientais, mudanças climáticas, memórias de movimentos ambientais ou projetos de conservação, transformação de paisagens, entre outros.
ST 17 – Usos públicos da Antiguidade e do Medievo: possibilidades de diálogos
Coordenadores: Denise da Silva Menezes do Nascimento e Matheus da Silva Carmo
Ementa: Ao longo dos anos tem multiplicado as pesquisas que analisam os diferentes atores das sociedades antigas e medievais, seja oriental ou ocidental, dando destaque a sujeitos, acontecimentos e perspectivas preteridos durante longa data pela historiografia ocidental. Por sua vez, a Antiguidade e o Medievo estão presentes em nosso cotidiano por meio de filmes, séries ou jogos; nesse sentido, não nos espanta que as imagens sobre essas temporalidades históricas estejam impregnadas da visão que os meios de comunicação insistem em transmitir sobre elas. O presente simpósio visa, assim, congregar pesquisadores que analisam a Antiguidade e o Medievo em suas diversas perspectivas – social, política, econômica, cultural – de modo a estabelecermos um diálogo sobre os usos públicos dessas duas temporalidades.
ST 18 – Escravidão e liberdade nas Américas: séculos XVI – XIX
Coordenadoras: Ana Beatriz Ramos de Souza e Hevelly Ferreira Acruche
Ementa: Este ST se propõe a discussão das dinâmicas de escravização e de liberdade de indígenas e africanos nas Américas entre os séculos XVI ao XIX. De indivíduos considerados “sem história”, passamos por um processo de reformulação teórico metodológica cuja dimensão historiográfica tem sido pujante, sobretudo nos últimos trinta anos. O papel de indígenas e africanos e seus descendentes no tempo presente nos faz pensar a própria formação dos impérios coloniais e dos Estados Nacionais, dentre os quais destacamos o Brasil. As histórias das Américas perpassaram o fenômeno da escravização em massa de indígenas e africanos, constituindo um ponto de convergência importante para a compreensão de nossa história. Indígenas e africanos mobilizaram leis, discursos, opiniões, leituras das sociedades envolventes e tais aspectos são importantes tanto na discussão do protagonismo destes grupos em prol de suas demandas quanto para entendermos a face violenta da colonização. A liberdade, nesse sentido, era um extremo a ser almejado; mas um tratamento considerado mais justo no universo escravista poderia ser uma alternativa de negociação entre esses diferentes grupos. Pensar as interações políticas, culturais, econômicas e sociais que tiveram como espinha dorsal o comércio/tráfico negreiro se impôe para o entendimento de nossa sociedade. Nesse ínterim, trabalhos que abordem dinâmicas do Brasil e das Américas enquanto espaços coloniais escravistas são importantes ao diálogo, bem como ao estabelecimento de comparações férteis a discussão histórica.Ao compreendermos esses sujeitos enquanto agentes que mobilizaram categorias das sociedades envolventes para fazer valer suas demandas e constituir esferas de negociação com os colonizadores/representantes dos Estados Nação em desenvolvimento, entendemos a necessidade de discutir sobre as múltiplas histórias e categorias de análise encontradas nas sociedades escravistas desenvolvidas nas Américas ao longo dos períodos colonial e independente, percebendo suas rupturas e continuidades no tempo presente.
ST 19 – Juiz de Fora: História e Pesquisa
Coordenadores: Fabio Augusto Machado Soares de Oliveira e Felipe Marinho Duarte
Ementa: O simpósio temático “Juiz de Fora: História e Pesquisa” destina-se a discutir e divulgar pesquisas de âmbito local que tenham Juiz de Fora como foco de análise, desde a consolidação de seu arraial no século XVIII até meados do século XX. Pretende-se promover debates sobre as dimensões dos distintos e complementares espaços do que o veio a ser o município e seu entorno, a saber, o campo e a cidade, suas especificidades e suas inter-relações com outras partes de Minas Gerais e do Brasil, bem como suas conexões internacionais. O objetivo principal é estimular uma produção historiográfica própria, cujo crescimento nos últimos anos é visível, colocando em contato pesquisadores que se dedicam aos estudos deste Locus sobre os mais variados temas: cafeicultura, escravidão, movimento operário, crédito, industrialização, urbanização, arquitetura, cultura política, associativismo urbano, religião, entre outras propostas investigativas que elucidem a História de Juiz de Fora. As diversas pesquisas e fontes que compõem a escrita da História sobre Juiz de Fora, ao longo do tempo, colaboraram para consolidar um ponto de vista próprio, pautado em elementos circunstanciais que permitiram expressar formalmente uma relativa unidade quanto ao passado do município. A interiorização dos centros de pós-graduação no país tem provocado inúmeros efeitos positivos sobre a organização e disponibilização das fontes em várias cidades do interior e, em muitos casos, tem ocorrido uma verdadeira reviravolta nos estudos locais com o surgimento de novos temas, a complO simpósio temático “Juiz de Fora: História e Pesquisa” destina-se a discutir e divulgar pesquisas de âmbito local que tenham Juiz de Fora como foco de análise, desde a consolidação de seu arraial no século XVIII até meados do século XX. Pretende-se promover debates sobre as dimensões dos distintos e complementares espaços do que o veio a ser o município e seu entorno, a saber, o campo e a cidade, suas especificidades e suas inter-relações com outras partes de Minas Gerais e do Brasil, bem como suas conexões internacionais. O objetivo principal é estimular uma produção historiográfica própria, cujo crescimento nos últimos anos é visível, colocando em contato pesquisadores que se dedicam aos estudos deste Locus sobre os mais variados temas: cafeicultura, escravidão, movimento operário, crédito, industrialização, urbanização, arquitetura, cultura política, associativismo urbano, religião, entre outras propostas investigativas que elucidem a História de Juiz de Fora. As diversas pesquisas e fontes que compõem a escrita da História sobre Juiz de Fora, ao longo do tempo, colaboraram para consolidar um ponto de vista próprio, pautado em elementos circunstanciais que permitiram expressar formalmente uma relativa unidade quanto ao passado do município. A interiorização dos centros de pós-graduação no país tem provocado inúmeros efeitos positivos sobre a organização e disponibilização das fontes em várias cidades do interior e, em muitos casos, tem ocorrido uma verdadeira reviravolta nos estudos locais com o surgimento de novos temas, a completa mudança de perspectiva, seguidas, muitas vezes, pelo abalo de antigas interpretações já consolidadas. Ao longo dos anos, o curso de História da Universidade Federal de Juiz de Fora se manteve próximo das discussões pertinentes ao seu município através da promoção de eventos acadêmicos, núcleos de estudos, laboratórios de pesquisas e das investigações publicadas por seus docentes e discentes. Nesse sentido, torna-se relevante a promoção de um simpósio capaz de reunir num mesmo espaço os pesquisadores do tema, procurando abarcar, sobretudo, a produção historiográfica mais recente desse universo de pesquisa tão diverso, mas que compartilham um mesmo objeto – Juiz de Fora -, de modo a acrescentar questões, sobre métodos, fontes e estratégias que possam ser exploradas e comparadas. eta mudança de perspectiva, seguidas, muitas vezes, pelo abalo de antigas interpretações já consolidadas. Ao longo dos anos, o curso de História da Universidade Federal de Juiz de Fora se manteve próximo das discussões pertinentes ao seu município através da promoção de eventos acadêmicos, núcleos de estudos, laboratórios de pesquisas e das investigações publicadas por seus docentes e discentes. Nesse sentido, torna-se relevante a promoção de um simpósio capaz de reunir num mesmo espaço os pesquisadores do tema, procurando abarcar, sobretudo, a produção historiográfica mais recente desse universo de pesquisa tão diverso, mas que compartilham um mesmo objeto – Juiz de Fora -, de modo a acrescentar questões, sobre métodos, fontes e estratégias que possam ser exploradas e comparadas.
Comunicações Livres
As Comunicações Livres constituem um fórum de apresentação e troca de experiências promovida pela Comissão Organizadora.
Neste espaço, os comunicadores poderão submeter à análise trabalhos que não se enquadram dentro dos Simpósios Temáticos propostos.
A avaliação segue os mesmos padrões de impessoalidade, e avalia apenas a relevância científica do trabalho, mas sem julgar a adequação a uma linha de pesquisa.