As Nações Unidas estipularam 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Arte: Diretoria de Imagem Institucional)

A sigla ODS está se tornando cada vez mais difundida no Brasil e no mundo. Afinal, o acordo firmado em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU) prevê a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030. Para reforçar o papel da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) na consolidação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), foi criado um selo exclusivo para divulgação das ações de pesquisa da Universidade. 

Ambiciosos e interconectados, os objetivos abordam os principais desafios de desenvolvimento e por isso precisam envolver diferentes atores e setores da sociedade, como o setor privado, governos locais e organizações diversas. Eles visam acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

Nesse contexto, a UFJF tem investido em ações voltadas à mobilização e engajamento da comunidade com relação aos ODS. Em 2019, foi promovida a campanha Sustentabilidade da vida para mostrar como os trabalhos desenvolvidos na instituição se alinham com a aplicação da Agenda. Neste ano, a estratégia conjunta entre a Diretoria de Imagem Institucional e a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp) está solicitando que os pesquisadores indiquem os ODS que estão alinhados ao seu estudo. Desde 17 de fevereiro, as matérias de Pesquisa e Inovação vêm ilustradas com a identidade visual do selo dos objetivos. 

Responsável pela Coordenação de Divulgação Científica da Imagem, a jornalista Bárbara Duque explica que a campanha foi a primeira iniciativa da comunicação para apresentar e dar visibilidade aos objetivos, uma vez que, dentro da comunidade acadêmica, muitos ainda não conheciam a proposta. 

“No âmbito institucional, percebemos três passos como prioritários neste momento: o mapeamento das iniciativas já em andamento na instituição; o esclarecimento sobre os objetivos e suas 169 metas contempladas; e o incentivo ao desenvolvimento de ações alinhadas às metas propostas”, detalha. 

Em sua opinião, muitas vezes, o próprio pesquisador ainda não conhece os objetivos e as metas. “Nosso intuito é provocar tal exercício, mesmo que se conclua que não há alinhamento. Acreditamos que não podemos mais seguir sem refletir sobre a importância de desenvolver ações de pesquisa, ensino e extensão com sustentabilidade, de forma ampla e irrestrita”, afirma Bárbara.

É também nesta perspectiva que a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro, defende a importância da iniciativa: “Não podemos nos esquecer da dimensão política do fazer ‘Ciência’. Toda pesquisa produzida na sociedade brasileira, principalmente pelas universidades públicas pela magnitude e nível de excelência, deve buscar sua vinculação aos ODS”.

Ainda que para um pesquisador de base a vinculação aos ODS possa parecer distante ou mesmo inalcançável, Mônica reitera que a ciência básica amplia e aprofunda conhecimentos, cria estoque dos mesmos para serem utilizados por outras áreas de pesquisa aplicada. Assim, “direta ou indiretamente, todas as áreas do conhecimento têm uma responsabilidade social, econômica, política e cultural com a construção de um mundo melhor para todos”.

Os pesquisadores devem, portanto, ler minuciosamente as metas de cada ODS. No site da ONU Brasil, é possível ver os detalhes, ao clicar sobre cada objetivo. Para a pró-reitora, os cientistas precisam se conscientizar que qualquer produção de conhecimento e em qualquer área tem uma responsabilidade social, produz impactos e pode colaborar para a transformação de um mundo mais justo e sustentável. 

Impacto internacional 

Diretora de Avaliação Institucional (Diavi) da UFJF, a professora Michèle Farage lembra que os rankings internacionais empregam indicadores diversificados e bem definidos para medir a qualidade das universidades nos mais variados aspectos. Ela destaca dois – ambos organizados pela Times Higher Education – o World University Ranking (WUR) e o Impact Ranking. Este último “emprega indicadores que se propõem a medir o avanço das instituições no atendimento aos 17 ODS”.

“Este ranking em particular, pode ser, para a UFJF, uma forma de acompanhar a evolução institucional neste tópico, além de confrontar a nossa instituição com outras do mundo todo. O Impact Ranking avalia a sustentabilidade de uma forma abrangente e sistêmica, considerando, além do respeito ao meio ambiente propriamente, aspectos como a redução da pobreza e das desigualdades e a equidade de gêneros”, comenta.

Segundo a docente, ainda há dificuldade em coletar os dados que, de modo geral, estão dispersos ou restritos aos setores que efetivamente realizam as ações. “No nosso entender, o mais importante para a UFJF, neste momento, é estabelecer formas de organização e armazenamento das informações para ter o próprio mérito reconhecido internamente e externamente.”

Atualmente, também há rankings bem específicos, como o UI GreenMetric World University Ranking. A classificação é feita a partir de indicadores de sustentabilidade, em seis categorias: paisagem e infraestrutura; energia e mudança climática; resíduos; água; transporte; ensino e pesquisa.

Fórum de Sustentabilidade

Criado em 2019, o Fórum de Sustentabilidade da UFJF é uma instância permanente da comunidade universitária da UFJF, de caráter representativo, com funções consultivas e de assessoramento ao Conselho Superior e à Administração Superior na área de sustentabilidade institucional. A expectativa é orientar todas as propostas relativas à temática quanto aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

“Mesmo que o pesquisador não tenha, a princípio, pensado especificamente sobre os ODS quando da elaboração do projeto, identificar sua relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável proporciona maior visibilidade à pesquisa”, pontua o coordenador do Fórum, o professor Márcio de Oliveira

Segundo ele, as atividades do Fórum de Sustentabilidade foram prejudicadas pela pandemia, mas, ainda assim, seus integrantes participaram das discussões para construção do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFJF. “Esperamos que, com a aprovação e publicação do PDI, algumas ações sejam delineadas, a partir de nossas propostas, e possamos, de fato, contribuir de modo mais prático. Com a retomada das atividades presenciais estamos construindo uma agenda, um plano de trabalho. Acredito que em breve teremos bons resultados para compartilhar”, vislumbra.

Saiba mais: 

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