Paulinho Manacá e Diorgem Junior desenvolvem projeto de preservação da viola e da folia. (Foto: arquivo pessoal/Paulinho Manacá)

Quando Diorgem Júnior e Paulinho Manacá se juntam a cultura sempre sai ganhando. Acrescente-se a este encontro uma viola, um tambor e um pandeiro, e estaremos diante de dois verdadeiros expoentes de uma das principais manifestações artísticas de Minas Gerais. O trabalho desses músicos, que se dedicam a manter vivos no folclore e na cultura popular a folia e a viola caipira, é mais um dos projetos de Governador Valadares contemplados no “Prêmio Janelas Abertas” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

“Traz uma relevância social e histórica bastante grande. Resgatar elementos desse instrumento é de fundamental importância para a divulgação da arte e da música típicas do interior do Brasil e em especial do interior de Minas”, afirma Luiz Cláudio Ribeiro, referindo-se à iniciativa dos dois músicos valadarenses. Ribeiro foi um dos responsáveis pela avaliação dos projetos participantes do edital.

No vídeo apresentado ao “Janelas Abertas” (clique aqui para assistir), a dupla de artistas interpreta três canções de Diorgem Júnior – “Saudade Matadeira”, “Viola Esperançada” e “Calango Desassombrado” –, que além de compositor também responde pelos vocais e viola. Já Paulinho Manacá comanda o pandeiro e o tambor de folia.

A parceria entre os dois músicos é de longa data. Eles se conhecem há mais de 30 anos e, apesar de terem seguido caminhos artísticos distintos, vez ou outra se encontram e tocam juntos em festivais. E foi em um desses eventos que veio à tona o projeto voltado para a preservação desse importante segmento musical.

“Ele [Diorgem] me chamou para trabalhar com ele (em 2010, eu acho). Eu fui como percussionista, tocando tambor de folia e pandeiro. A gente viajava para festivais, mas eu dava aulas de música e arte em escola regular. E ele montou uma escola de viola. E a gente teve essa ideia, para não deixar morrer a cultura da viola e do tambor. Valadares é uma cidade mediana que não tem uma raiz cultural, todo mundo sempre tocou tudo. E o único que está fazendo isso é o Diorgem”, explica Manacá.

A música “Saudade Matadeira”, apresentada no edital “Janelas Abertas”, foi premiada no Festival Nacional da Canção (Fenac). (Foto: arquivo pessoal/Paulinho Manacá)

E Diorgem não só está fazendo, mas fazendo com maestria. Desde quando resolveu se enveredar pelos festivais de canções segue colecionando prêmios, o mais recente deles em Extrema, no sul de Minas Gerais. A música “Saudade Matadeira” – que faz parte do vídeo produzido para o “Janelas Abertas” –, por exemplo, faturou o segundo lugar e o prêmio de melhor do público no maior festival do gênero no Brasil, o Festival Nacional da Canção (Fenac). Paulinho Manacá participou dessa conquista, tocando pandeiro na música.

Os festivais também foram os responsáveis por apresentar Diorgem àquela que viria a ser sua grande paixão. “Eu conheci a viola nos festivais, através de um grande amigo meu e compadre querido, que é o Bilora, violeiro lá de Santa Helena de Minas. Eu vi ele tocando, gostei, e fui aprender, sem professor, autodidata. Aí me apaixonei”, conta. E só com a viola já conquistou o primeiro lugar em pelo menos três festivais nacionais: em Itapina, no Espirito Santo; Piacatuba, em Minas Gerais; e na cidade goiana de Alexânia. Isso sem falar do segundo lugar e melhor intérprete no Festival Nacional de Viola de São José do Rio Preto, em São Paulo, considerada o berço dos violeiros.

O percursionista Manacá está à frente do projeto. (Foto: arquivo pessoal)

Manacá quer unir justamente essa experiência de Diorgem à frente do instrumento de corda à sua como percursionista para garantir a longevidade da viola, do tambor e da folia, uma cultura que, segundo ele, “não é nossa, mas que a gente tem que se apropriar.”

 

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*Neste sábado, 13, na última matéria da série sobre os projetos de Governador Valadares contemplados no “Prêmio Janelas Abertas”, vamos conhecer o trabalho do músico Maurício Mansu