Entre as décadas de 1940 e 1950, eram registrados os primeiros retratos de trabalhadores brasileiros em fotografias dignas de estúdio. O retrato, que até então se destinava a estampar apenas a sociedade burguesa, começa, assim, a chegar à classe operária. É sobre a história desse profissional e suas obras que fala o livro “Assis Horta – um fotógrafo popular”, de Cleber Soares, que será lançado na próxima quinta-feira, dia 11, no Forum da Cultura, com espaço garantido para um bate-papo com o autor.
O livro é fruto da dissertação de mestrado de Soares, defendida em 2019, através do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes e Design (IAD-UFJF). “Assis Horta, tema do meu estudo, tinha falecido quase aos 100 anos, em 2018, e eu, após a defesa, ainda tinha algumas informações interessantes sobre o trabalho do fotógrafo. Então, posso dizer que o livro traz um pouco mais de história do que a dissertação e em uma linguagem menos acadêmica. A minha intenção é que qualquer pessoa que goste de fotografia possa ler e entender a obra”, conta.
“Filhos de operário” (Assis Horta)
O autor busca mostrar como a produção de Assis Horta foi rica e diversificada, dando destaque ao registro de pessoas negras em estúdio, nos moldes da fotografia tradicional à qual apenas a elite branca possuía acesso no século XIX. Também tem enfoque a importância fundamental do fotógrafo para o tombamento de sua cidade natal, Diamantina, pela Unesco, em 1930, sendo um dos primeiros “fotógrafos do Patrimônio”, como eram chamados os profissionais que trabalharam pioneiramente no IPHAN, ainda nas décadas de 1940 e 1950.
“Os registros fotográficos de Assis Horta são fundamentais para o estudo sociológico e cultural de Minas Gerais e do Brasil. Além dessa importância histórica, as fotografias são belos registros do nosso povo e da nossa região”, destaca Soares, que acrescenta em um tom pessoal e intimista: “Quem ler o livro ainda vai descobrir que o ‘seu’ Assis foi um esposo apaixonado, pai zeloso, amigo dedicado, árduo trabalhador e cidadão sempre envolvido em causas sociais. Com seus 1,55 m de altura, Assis Horta foi um grande brasileiro”.
(Divulgação. Foto: Assis Horta)
Soares foi contemplado no Edital do Programa Cultural Murilo Mendes, da Funalfa, em parceria com a Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, em 2019: “Na época o Programa estava completando 25 anos de uma política vitoriosa de incentivo e divulgação da arte e da cultura da nossa região”. No entanto, com a pandemia de Covid-19 e a necessidade do isolamento social, o lançamento precisou ser adiado.
“Fazer o lançamento de forma segura e em um local onde os protocolos de segurança para proteção da saúde estão sendo levados a sério, foi, para mim, fundamental e determinante. Outro motivo que me deixa muito entusiasmado é que o Forum é atuante na disseminação de cultura na cidade há muito tempo (acabamos de comemorar seus 50 anos) e é vinculado à UFJF, a instituição que me acolheu como mestrando em 2017 e com a qual mantenho vínculo afetivo até hoje”, comemora.
O evento é aberto ao público em geral e a entrada é gratuita, sendo obrigatória a utilização de máscara no interior do prédio.
(Divulgação. Foto: Assis Horta)
O autor
Cleber Soares é designer pela Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Artes, Cultura e Linguagens pelo Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes e Design (IAD-UFJF), e especialista em Ensino de Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Forum da Cultura
Instalado em um casarão centenário, na Rua Santo Antônio, 1112, o Forum da Cultura é o equipamento cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), completando 50 anos em julho deste ano. O espaço leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.
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