Ações de acessibilidade são tema de palestra on-line com Roseli Garcia e Marina Baffini nos canais do MAMM

As educadoras Marina Baffini e Roseli Garcia realizam na quinta-feira, 17 de novembro, às 19 horas, uma palestra virtual a convite do Museu de Arte Murilo Mendes para discorrer sobre a importância dos recursos de acessibilidade em museus, demonstrando os benefícios dessas aplicações em notórios espaços museais de São Paulo. O evento acontece pelo canal do MAMM/UFJF no YouTube, registrando um primeiro movimento que o museu realiza para divulgar as ações do Programa de Acessibilidade Universal, dispostas no Plano Museológico 2019/2022 da casa.

O superintendente do museu Aloisio Castro ressalta que tal programa está em sintonia com as diretrizes da Lei nº 11.904 – que institui o Estatuto dos Museus. “Estamos cientes da relevante missão museológica de que é preciso ampliar e consolidar o conhecimento sobre os conceitos inclusivos entre os profissionais de museus e aprimorar nossas políticas de acesso e de práticas educativas”, pontua.

“Nos últimos seis meses, temos trabalhado para que as ações do Programa sejam executadas, de forma que já conseguimos reproduzir esculturas da coleção Murilo Mendes, a partir de impressões 3D, que poderão ser tocadas e percebidas através do tato pelos visitantes”, adianta a produtora cultural do MAMM/UFJF Carmem Mattos. Esta atividade ainda não está disponível, mas já foram reproduzidas a bilha do espanhol Pablo Picasso e um trabalho do artista peruano Joaquín Roca-Rey.

Também foi concluída a adaptação de uma obra do húngaro Victor Vasarely, sendo a execução técnica pensada e realizada pelo Laboratório de Conservação e Restauração de Papel do MAMM/UFJF, sob os cuidados de Aloísio Castro e Lauro Bohnenberger.  A ideia é que o público visitante possa ter acesso às obras do acervo a partir de recursos multissensoriais, o que permite conhecer de perto relevantes trabalhos nacionais e internacionais integrantes da coleção do poeta Murilo Mendes.

Impressora 3D produzindo réplica de obra de Pablo Picasso. (Foto: Carmem Mattos)

Castro e Carmem são orientadores do projeto “MAMM para todos verem”, que conta com a participação do bolsista de iniciação artística (PIBIART-Procult) Gabriel Lima, aluno do curso de Jornalismo da UFJF. Pessoa com deficiência visual, Gabriel acompanha de perto as atividades desenvolvidas pelo museu: “minha experiência tem sido interessante pois posso avaliar e contribuir no crescimento cada vez maior da acessibilidade, tanto das obras, quanto do espaço físico do museu”.

As ações previstas no Programa de Acessibilidade Universal do MAMM/UFJF têm como parceiros o Núcleo do Grupo de Pesquisa em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância (NGIME) e o Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI/UFJF), este vinculado à Diretoria de Ações Afirmativas, à PROGRAD e à PROAE, com o intuito de implementar ações afirmativas para pessoas com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Altas Habilidades e Superdotação no âmbito da graduação e da pós-graduação da Universidade.

Bagagem especial

Segundo Roseli, o tema “Acessibilidade em Museus – benefícios para todos” envolve questões de mobilidade e inclusão, que atualmente estão sendo abordadas com maior intensidade, em diversos aspectos, incluindo os museus. ”As exposições precisam disponibilizar recursos de acessibilidade, como audiodescrição, adaptações para serem tocadas, videolibras, comunicação simplificada, entre outras ações. Nesta conversa on-line, eu e Marina vamos discorrer sobre a importância desses recursos de acessibilidade em museus, contando sobre nossas experiências nessa implementação”, adianta.

Roseli é mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade presbiteriana Mackenzie; especialista em Arte-Educação em Linguagens da Arte pela Universidade de São Paulo (USP); graduada em Letras peça Universidade Presbiteriana Mackenzie; consultora de acessibilidade em museus e espaços artístico-culturais; consultora em audiodescrição; atriz pela Oficina dos Menestréis.

Marina Baffini de Castro é artista plástica, arte educadora, pedagoga, pós-graduada em arte terapia e especialista em acessibilidade cultural. Sua trajetória inclui assessorias para museus, instituições culturais e educacionais, além de participações em congressos nacionais e internacionais, com artigos publicados no Brasil, em Barcelona e em Portugal. No momento, desenvolve estudos sobre tradução intersemiótica de imagens bidimensionais para estética tátil, com atuação no Grupo de Estudos e Pesquisas de Acessibilidade em Museus da USP.

Réplica tátil de Victor Vasarely. (Foto: Carmem Mattos)

Norte para a mobilidade

O Programa de Acessibilidade Universal integrante do Plano Museológico do MAMM define que, nas últimas décadas, houve um considerável avanço aos preceitos básicos de universalidade de acesso com a Lei n° 13.146, de 6 de junho de 2015. “No entanto, Cohen, Duarte e Brasileiro (2012) apontam a segregação dos públicos, que frequentam museus e outros espaços culturais, devido, especialmente, às barreiras físicas, sensoriais e cognitivas. A superação dessas barreiras constitui um importante desafio para a promoção plena da inclusão aos espaços museais e o acesso igualitário aos serviços oferecidos, garantindo, dessa forma, o exercício pleno da cidadania”.

Ainda de acordo com o Plano Museológico “desde a inauguração, o MAMM tem demonstrado preocupação com a efetiva inclusão espacial dos diferentes públicos, promovendo iniciativas importantes de adequação no espaço arquitetônico, como vagas especiais no estacionamento para idosos e pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, rampa de acesso às entradas principal e secundária, banheiros adaptados e elevador”.

No texto, são reconhecidos o desafio e a importância de ampliar os esforços para garantir o acolhimento dos visitantes, “estimulando o compromisso contínuo de respeito, convívio e valorização da diversidade, por meio do treinamento e conscientização de todos os funcionários”. Para tal, tem sido trabalhada a cultura da inclusão, com propostas de melhoria progressiva no espaço arquitetônico e no acesso à informação. O objetivo é suprimir os obstáculos físicos, sensoriais e cognitivos, possibilitando pleno acesso ao museu e à sua programação.

“Nessa perspectiva, estamos trabalhando na construção de um museu universitário comprometido com a promoção do acesso aos bens culturais musealizados, a valorização da diversidade e a afirmação do direito à educação a todos os sujeitos”, conclui Castro.