A abertura do Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ao público tem forte significado como demonstrativo da importância e do diferencial das universidades públicas para a sociedade, conforme o reitor da instituição, Marcus Vinícius David, em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta sexta, 12, durante a inauguração do atrativo.
“Em todo o Brasil, as universidades públicas estão administrando espaços como este. Não existe informação mais equivocada do que a conta que divide o orçamento da instituição pelo número de alunos e conclui que as universidades são caras. Elas não focam apenas no ensino”, ressaltou o professor. Somente no Jardim foram investidos, ao todo, R$ 23 milhões em obras finalizadas. Para a manutenção anual, o reitor estima entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões. David listou ainda outros espaços juiz-foranos que vão além da clássica sala de aula, sob cuidados da UFJF, como o Museu de Arte Murilo Mendes e o Cine-Theatro Central.
“A Universidade tem condições de manter o Jardim, com todo o esforço de gestão e captação própria de recursos. Se houver mudanças na política de financiamento das universidades, pode haver dificuldades”, destacou.
Conforme o reitor, as universidades públicas são constantemente desafiadas a desempenhar várias funções. Além de seu papel tradicional, de ensino, “é preciso também estar próximo a sua comunidade”.
David explicou os desafios orçamentário, jurídico e pedagógico para a abertura do Jardim, cuja área de 82,7 hectares foi adquirida pela instituição em 2010, na gestão dos professores Henrique Duque e José Luiz Rezende. Embora o espaço tenha recebido, ao longo desses anos, instalações novas e reformas, quando a gestão de Marcus David e Girlene Silva assumiram a área ainda não tinha captação de água, redes sanitária e de energia para abertura adequada ao público.
A soma de R$ 23 milhões inclui as obras de infraestrutura atuais e anteriores. Estas se referem a edificações, projeto paisagístico, recuperação de áreas degradadas, como uma encosta com voçoroca, adequação de vias internas e outras. Entre as edificações, destacam-se o Centro de Pesquisa, o Laboratório Casa Sustentável, o Setor Administrativo e o Bromeliário e Orquidário, a reforma e a ampliação da Casa Sede.
“Os cenários político e econômico de quando assumimos eram muito adversos. Para que fosse finalizado o espaço onde hoje é o Jardim Botânico, tivemos que enfrentar a questão orçamentária com muita criatividade e competência das equipes envolvidas. As soluções dadas foram sempre pensando na praticidade e na sustentabilidade para que o espaço fosse aberto da melhor maneira”, acrescenta o reitor.
Veja fotos da inauguração do Jardim Botânico
Previstas no projeto inicial e orçados em R$ 21 milhões, as obras do teleférico foram paralisadas e as do trenó de montanha não tiveram início. Os dois equipamentos, propostos na gestão anterior a dos professores Marcus David e Girlene Silva, demandariam mais R$ 15 milhões a R$ 20 milhões para serem finalizados.
Conforme o reitor há um litígio judicial com a empresa contratada e, em um cenário de contenção de aporte público financeiro em universidades, a finalização da obra não foi vista como prioridade de investimentos pelo Governo Federal. Do mesmo modo, o trenó não se encaixa na proposta pedagógica do Jardim, direcionada para a educação ambiental. Há ainda discussões sobre a pertinência de inclusão do teleférico.
Também no período entre aquisição e abertura, além de pesquisas, ações de extensão e ensino, foi elaborado o Projeto Político Pedagógico, fundamental para orientar as ações no Jardim. O documento foi destacado pelo diretor Gustavo Soldati, na entrevista, como sendo uma singularidade local. “A Educação Ambiental é, para nós, a espinha dorsal de todo o Jardim. Temos, em Juiz de Fora, uma concepção única no Brasil sobre as funções do Jardim. É um projeto que integra a questão da biodiversidade com as sociais e culturais. O projeto alia conhecimentos acadêmicos com outros tipos de saberes, como indígenas e quilombolas, que muitas vezes são negligenciados.”
Além do reitor e do diretor, os profissionais de comunicação de Juiz de Fora foram recebidos pela vice-reitora Girlene Silva, pela pró-reitora de Extensão, Ana Lívia de Souza Coimbra e pelo vice-diretor do Jardim, Breno Moreira, que destacou características da flora local. São cerca de 500 espécies nativas em um fragmento florestal em estágio avançado de sucessão, que indica regeneração da área iniciada há aproximadamente 80 anos pela família Krambeck. “No Jardim, são encontradas espécies ameaçadas de extinção, como pau-brasil, ipê roxo e pimenta de macaco”, frisou.
A pró-reitora Ana Lívia destacou a relevância do Jardim para a sociedade e citou que, há 35 anos, já havia mobilização social para que o poder público assumisse esta área da Mata do Krambeck. Frisou o papel importante de lutas para que, entre 2003 e 2010, não fosse implantado um condomínio no local. “O Jardim é um equipamento que nos fez enfrentar diversos desafios para que obtivéssemos hoje um local com gestão democrática e aberta, integrada a conselhos, com representantes da comunidade do entorno”, disse. “No momento em que universidades são questionadas até sobre a sua existência, a abertura deste espaço reafirma que elas são necessárias, estratégicas e fundamentais para o desenvolvimento do país.”
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Serviço
Horário de funcionamento
De terça a sexta e domingo, das 8h às 17h, com entrada de visitantes até 16h30.
Serão permitidos, por vez, até 100 visitantes. Não há limite diário.
Endereço
Acesso à entrada pela Rua Coronel Almeida Novaes 246, no Bairro Santa Terezinha.
Recomendações
O Jardim Botânico é um convite à contemplação da natureza. Para uma visita mais harmônica, saiba o que pode e o que não pode no local.
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