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Comissão anuncia decisão de capturar e transportar onça para área ampla e segura

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Integrantes de comissão explicam próximas ações em relação à presença da onça em JF (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Sobrevivência, liberdade, cautela e segurança são quatro das palavras-chave que levaram a comissão interinstitucional do caso da onça-pintada, em Juiz de Fora, a anunciar a decisão de capturar e translocar o animal para área adequada à existência do felino. A decisão foi divulgada na manhã desta quinta-feira, 2, em entrevista à imprensa, com 11 dos representantes de sete instituições que compõem o comitê.

“Para que esta história tenha um desfecho muito positivo, ainda hoje, equipe do Cenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros) saiu às 10h, de Atibaia (SP), com equipamentos necessários para iniciar o processo de captura. Isso para que o animal possa ser translocado para uma área florestal ampla, onde possa ficar livre, seguro e monitorado com colar. Ele terá acompanhamento técnico para continuar vivendo. Não é em cativeiro”, explicou a pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Lívia Coimbra, acrescentando que, embora a universidade saiba que o animal percorre outras áreas da Mata e foi avistado em frente a hotel, na Avenida Brasil, a instituição está subsidiando os custos financeiros da vinda da equipe técnica, que já esteve em Juiz de Fora, com um analista, de 26 a 29 de abril.

O biólogo e o veterinário do Cenap/ICMBio – órgão federal, referência em onças – chegam à cidade para reforçar a equipe de pesquisadores da UFJF, que já estão monitorando o animal desde a última sexta, 26. Ele foi filmado na noite de quinta, 25, no Jardim.

“Temos uma compreensão mais consistente do comportamento e das rotas do animal. Com toda a variação da biologia, há certos padrões verificados. Essas informações dão segurança o suficiente para o planejamento de captura e translocação”, explica o professor Artur Andriolo, do Departamento de Zoologia da UFJF.

Vídeo em hotel

Câmeras de vigilância registram o animal em hotel na Avenida Brasil; assista ao vídeo.

É verídico o vídeo divulgado na última quarta, 1º, em que o animal é visto circulando, em frente a um hotel na Avenida Brasil, ao lado da Rodoviária, às 2h30 do dia 26 de abril. O registro foi realizado por meio de câmeras de vigilância do estabelecimento. Para ter acesso à área, o felino teve de cruzar o rio Paraibuna e a avenida, correndo risco de atropelamento e de incidentes.

Integrante da comissão, o tenente coronel Tigre Maia, do Campo de Instruções do Exército Brasileiro, em Juiz de Fora, entrou em contato com o hotel, ainda na quarta, para confirmar a veracidade das imagens. Imediatamente órgãos de segurança foram acionados. A Polícia de Meio Ambiente trabalhou com equipe técnica, no Jardim, e fez rondas na região da Rodoviária e ao longo do rio à noite. “Estamos atuando em conjunto com a comissão, diuturnamente, visando à integridade física do animal e à segurança da população”, destacou o capitão Flávio Campos, comandante da 4a Cia de Meio Ambiente da Polícia Militar.

Em caso de o animal ser avistado e em situações de emergência, moradores podem acionar a Companhia pelos telefones 190 e 3228-9050 e o Corpo de Bombeiros pelo 193. “Pedimos à população que evite caminhada ou o ciclismo na beira do rio, na região, entre 17h e 6h“, recomendou o gestor da Área de Proteção Ambiental da Mata do Krambeck, Arthur Valente, representante do Instituto Estadual de Floresta, que está a postos com equipamentos de captura. “A Prefeitura de Juiz de Fora também está com sua estrutura à disposição para o êxito das atividades”, disse o secretário municipal de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano, Luís Cláudio Santos Pinto.

O felino foi avistado, nas imediações do Jardim e da Área de Proteção, nos dias seguintes ao vídeo. Na noite desta quarta, o animal também foi fotografado pelos pesquisadores e por militares de Meio Ambiente.

Sobrevivência e riscos

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Felino foi fotografado na noite desta quarta, 1º, durante monitoramento (Foto: Pedro Nobre/UFJF)

Não é esperada a circulação de onças-pintadas em áreas urbanas e com alta presença de pessoas. “Ainda que machos da espécie tenham a tendência de ser mais audazes, o comportamento específico deste indivíduo tem sido além do esperado”, explica o professor Artur Andriolo, do Departamento de Zoologia da UFJF, que integra a equipe de monitoramento por 24 horas diárias do animal. “Ele tem tido movimentação mais ampla do que a área estritamente de mata”, completa.

concentração de pessoas, onde ele foi avistado, além do Jardim Botânico, como é a entrada do hotel. Na própria região do Jardim, há casas, lojas e bar, que tenderiam a afastá-lo com os ruídos. É ainda inusitada a circulação do animal mesmo quando ainda há várias atividades humanas, veículos e culto religioso. No último registro, ele foi visto às 20h.

De acordo com o Cenap/ICMBio, a espécie tem hábito solitário e territorialista. São necessários entre 50km² a 100 km² para a sobrevivência de apenas um indivíduo. A área do Jardim não chega a 1 km². É de exatamente 0,827 km². Somadas as áreas da Mata do Krambeck e da Mata da Remonta, que formam os maiores fragmentos florestais de Juiz de Fora, o total alcança 5,12 km². A soma corresponde a somente 11% do mínimo necessário para a sobrevivência do animal com segurança e oferta regular de presas. Do mesmo modo, a opção por um cativeiro é descartada.

É perceptível em integrantes da comissão e de pesquisadores o contentamento com a aparição de uma onça-pintada, em Juiz de Fora, onde não se tem registro oficial da espécie há pelo menos 80 anos, como também o acolhimento positivo da população. “A presença da onça é um indicativo da qualidade ambiental da área, mas ela não é suficiente para o animal. Por isso, o Jardim concorda que há riscos para o animal e para população e endossa as medidas que estão sendo tomadas”, disse o diretor em exercício do Jardim Botânico, Breno Moreira. Consequentemente a mudança contribui para a reprodução da espécie, pois o felino será levado para região com presença de outros indivíduos. Restam apenas 280 exemplares, na Mata Atlântica, que cobre parte do país da região Sul à Nordeste.

Orientações
Também nesta quinta, cerca de 30 educadores ambientais do Jardim começaram a orientar pessoalmente, de casa em casa, vizinhos do local. Moradores podem tirar dúvidas e receber orientações sobre segurança, a espécie de onça-pintada e o andamento das ações relacionadas ao caso.

Na última segunda, 29, representantes de associações de moradores do entorno da Mata do Krambeck receberam recomendações, em reunião, com parte da comissão interinstitucional, criada para o caso. A visitação e outras atividades, no Jardim, seguem interrompidas.

Atuam na comissão representantes da UFJF, por meio da Pró-reitoria de Extensão, do Jardim Botânico, do Departamento de Zoologia, do Departamento de Medicina Veterinária, do Colégio de Aplicação João XXIII e da Diretoria de Imagem Institucional; da Prefeitura de Juiz de Fora, com a Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano e a Secretaria de Comunicação Social; do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); do Instituto Estadual de Florestas (IEF); da Polícia Militar de Meio Ambiente; do Corpo de Bombeiros e do Campo de Instrução do Exército em Juiz de Fora.

Acompanhe as atualizações, em tempo real, no perfil do Jardim Botânico no Instagram. Para auxiliar nos trabalhos, compartilhe informações oficiais, checadas.

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