Combustível, produzido a partir do óleo de cozinha, tem sido testado em veículos da Ibor, empresa parceira do projeto
O Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região (PartecJF) celebrou nesta quarta-feira, dia 26, a viagem inaugural de um caminhão movido 100% com biodiesel produzido no próprio PartecJF. A cerimônia de lançamento ocorreu no campus da UFJF e contou com a presença de representantes da Ibor, do PartecJF, da universidade e do governo municipal.
Entre os presentes estiveram Girlene Alves, reitora da UFJF; Telmo Ronzani, vice-reitor da UFJF; Fabrício Campos, pró-reitor de Inovação da UFJF; Fábio Brum, pró-reitor de Infraestrutura da UFJF, professor Adilson David da Silva, coordenador da Plataforma de Biodiesel; Luiz Antônio Bordin Júnior e Guilherme Bordin, sócios da Ibor Transporte Rodoviário; Flávia David, presidente do Instituto EPROS; e Ignácio Delgado, secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade da Prefeitura de Juiz de Fora.
A viagem foi realizada por um caminhão da Ibor, empresa de transporte rodoviário sediada em Juiz de Fora e parceira no projeto de desenvolvimento do biodiesel coordenado pelo PartecJF. O veículo seguiu até Belo Horizonte, utilizando exclusivamente o biocombustível produzido no PartecJF. O desenvolvimento do projeto do biodiesel foi possibilitado por um acordo de cooperação entre o município de Juiz de Fora, a Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (EMPAV), a Green Fuels LTDA e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o apoio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (FADEPE).
“Enxergar o combustível sustentável é mais do que uma necessidade, é uma obrigação para nós como corporação. Sabemos dos desafios ambientais que enfrentamos e da responsabilidade do setor de transporte. Descobrir que essa tecnologia está sendo desenvolvida aqui em Juiz de Fora, na universidade onde estudamos, foi gratificante e um grande incentivo para seguirmos nessa direção”, explicou Guilherme Bordin.
A iniciativa está inserida no projeto de produção de biodiesel a partir de óleo de cozinha usado, uma solução inovadora para promover a sustentabilidade e reduzir impactos ambientais. A tecnologia utilizada na conversão do óleo em biodiesel é da empresa britânica Green Fuels, que cedeu a máquina de produção por meio de um fundo de financiamento do governo do Reino Unido. O processo químico é simples e eficiente, garantindo que um litro de óleo de cozinha resulte em um litro de biodiesel.
Além do caminhão da Ibor, veículos da Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanidades (Empav) também têm testado o biodiesel, assim como o ônibus circular da UFJF, que atualmente opera com uma mistura de 30% de biodiesel no diesel fóssil. Os testes com a transportadora Ibor tiveram início em dezembro de 2024.
Segundo Telmo Ronzani, esse é um exemplo do impacto positivo da parceria entre universidade, tecnologia e inovação. “No campo das energias renováveis, conseguir aplicar esse conhecimento na cadeia produtiva e na melhoria da qualidade de vida das pessoas é fundamental”, pontuou o vice-reitor.
A iniciativa está alinhada às diretrizes das ações de descarbonização e transição energética, contribuindo para a inovação e a sustentabilidade no setor de transportes. A produção de biodiesel na Zona da Mata surgiu como uma alternativa para impulsionar o desenvolvimento econômico da região e mitigar seus impactos ambientais. A logística de coleta e beneficiamento do óleo de cozinha usado é realizada pelo Instituto EPROS, parceiro fundamental no fornecimento da matéria-prima para a usina de biodiesel do PartecJF.
Para o professor Adilson David da Silva, coordenador da Plataforma de Biodiesel, o projeto representa um ciclo completo de sustentabilidade: “Estamos mostrando que é possível ser 100% sustentável e não depender de combustíveis fósseis. Esse caminhão, movido inteiramente a biodiesel, representa o objetivo final do nosso projeto: transformar um passivo ambiental, como o óleo de cozinha usado, em uma solução viável e inovadora para o transporte”.