A criação do Museu da Moda Social (MMOS) da Universidade Federal de Juiz Fora remete à trajetória da cidade como polo da indústria têxtil no século XX. Alçadas à condição de patrimônio cultural e artístico face à sua importância histórica, as vestimentas, assim como calçados e acessórios, carregam memórias individuais e coletivas, traduzindo a sociedade de determinada época e toda a movimentação econômica e produtiva nela refletida.
O projeto do MMOS traz as digitais do professor Luiz Fernando Ribeiro, do bacharelado em Moda do Instituto de Artes e Design, ele próprio um artista que despontou como designer e artesão a partir da aquisição de um item que pertenceu à escritora e produtora cultural Scarlet Moon de Chevalier.
O acervo cresceu e, hoje, dispõe de peças de vestuário e acessórios diversos, além de materiais referentes à criação e à pesquisa de tecidos e estampas adquiridas em feiras têxteis brasileiras e estrangeiras para a extinta Companhia Ferreira Guimarães, ativa por mais de um século.
Para fins de organização, esse material foi cadastrado inicialmente em quatro partes, tendo sido acrescido de uma nova doação, por parte da família da baronesa alemã Hildegard von Bierberstein Seitz. A Coleção 01 referencia Christina Queiroz, juiz-forana radicada em Brasília e falecida em 2016, conhecida nacionalmente por utilizar a moda como forma de expressão.
A Coleção 02 é uma doação da família Amaral Cruz, de Juiz de Fora, com vestidos longos e curtos usados em eventos sociais entre 1999 e 2015. A Coleção 03 veio de outra juiz-forana, Roberta Terra e a Coleção 04 refere-se aos anos 1960, com peças que pertenceram a Sônia Oliveira, Dona Aracy, além de itens fabricados por Luiz Fernando Ribeiro de 1986 a 2014.
Cerca de 90% das peças estão em estado de conservação considerado entre bom e ótimo, produzidas a partir de grandes marcas nacionais, como Tufi Duek, Marco Rica, Barbara Bela, Reinaldo Lourenço e Lia Rabello. Os itens internacionais são representativos de nomes como Alexander McQueen, Christian Dior, Dolce & Gabbana, Emporio Armani, Gai Mattiolo, Karl Lagerfeld, Roberto Cavalli, entre outros grandes estilistas.
O acervo inclui, ainda, diversos materiais referentes ao campo de criação e pesquisa da fábrica Ferreira Guimarães, fechada em 2009, com catálogos, revistas, objetos, cadernos técnicos, quadros, arquivos de pedidos de clientes e cerca de 150 modelos de estampas da década de 1990 pintadas a mão, apresentando colagens e técnicas diversas, idealizadas por designers de países como Itália, França, Espanha e Estados Unidos.
O MMOS ocupa hoje um dos espaços no entorno da sede da Escola de Artes Pró-Música, localizada na Avenida Barão do Rio Branco, 3373, onde funcionou a antiga Faculdade de Filosofia e Letras da UFJF (Fafile), o Colégio de Aplicação João XXIII e a Casa de Cultura. Sua criação e funcionamento, sob a égide da Pró-reitoria de Cultura, agrega valor e conhecimento para o público acadêmico e a comunidade em geral, que podem assimilar melhor a relevância da moda para a compreensão da história mundial no último século.