Seminário coloca o MAMM na vanguarda das discussões sobre plano museológico
O Museu de Artes Murilo Mendes (MAMM), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), está traçando o seu plano museológico para avançar em seus projetos. Para tal, está realizando seminários com especialistas. O primeiro aconteceu em outubro de 2010, tratando de implantação, gestão e organização. O segundo teve início nesta segunda-feira, 21 de fevereiro, com o tema Museus e Tecnologia, e teve, na quinta-feira, 24, seu desfecho com a consultoria dada para consolidação do Plano Museológico do MAMM. Para a realização de ambos os seminários, o pró-reitor de Cultura da UFJF, professor José Alberto Pinho Neves, convidou o diretor Rafael Azevedo, do Departamento de Apoio a Projetos de Preservação do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro (DAPP/ INEPAC). Para o seminário atual foi convidado também o pesquisador na Universidade Federal Fluminense (UFF), Rafael Arantes, diretor da Holorama, empresa especializada em consultoria e tecnologia.
A edição 2011 do seminário contou com participantes de outras entidades, como o Museu Mariano Procópio, o Espaço Cultural Correios, o Museu Ferroviário, a Divisão de Patrimônio Cultural (DIPAC) da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (FUNALFA) e a Secretaria de Cultura de Rio Novo, que foram beneficiados com o conhecimento repassado para implementação de um plano museológico próprio. Ao todo, foram 17 inscritos. Segundo o professor José Alberto, o plano é uma ferramenta de planejamento estratégico fundamental para a sistematização do trabalho tanto interno quanto externo, também no que diz respeito à atuação junto à sociedade. “Quanto ao seminário, ele pode ser visto como um meio de oxigenar as ideias no âmbito do MAMM, estendendo essa oportunidade a outras instituições”, avalia.
Rafael Azevedo elogia a iniciativa da UFJF em promover, através da Pró-reitoria de Cultura, os seminários que preparam o MAMM para o cumprimento das determinações da Portaria Normativa nº 1, de 5 de julho de 2006, do Ministério da Cultura (MinC). Ele atenta para o fato de que, a partir de 2014, o Governo federal exigirá um plano museológico para concessão de recursos pleiteados em projetos junto aos programas de instituições oficiais, em editais consagrados como os do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS), da Lei Rouanet, do Instituto Brasileiro de Museus do Ministério da Cultura (IBRAM/MinC), da PETROBRAS Cultural, das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), entre outras.
Referência no Brasil
“O plano museológico é um importante mecanismo de certificação e confiabilidade, porque os órgãos oficiais precisam saber com exatidão onde os recursos serão aplicados. É uma questão de credibilidade”, argumenta Rafael Azevedo (foto). O diretor do DAPP/ INEPAC acrescenta: “Posso dizer com segurança que o Museu de Arte Murilo Mendes, que é uma instituição com potencial para ser referência no Brasil inteiro, está na vanguarda das discussões em torno do plano, exercendo muito bem seu papel de transformar-se no paradigma-chave das atividades culturais contemporâneas”.
O pesquisador da UFF, Rafael Arantes, concorda com o pensamento do colega e adiciona que “é muito importante o MAMM estar aproximando, neste momento, seus pares para a discussão em torno da necessidade de preparação de um plano museológico”. “Vejo com entusiasmo essa participação nos seminários”, diz, lembrando que o Museu de Arte Murilo Mendes pode ser apontado como pioneiro nesse tipo de trabalho no interior do país, sendo passível de ser comparado a museus da Europa e dos Estados Unidos em iniciativa, organização, estrutura e automação.
Agregando valores
Rafael Azevedo observa que o Museu de Arte Murilo Mendes está se transformando em um polo de discussões nacional, principalmente em relação aos potenciais de museus na contemporaneidade, o que favorece a criação de uma cultura de interação. Por sua vez, Rafael Arantes destaca a necessidade de maximizar a eficiência museológica, o que implica em acabar com a fragmentação da informação. “A automação possibilita a utilização dos recursos disponíveis de forma plena, barata, fácil, ágil e eficiente”, resume.
O pesquisador da UFF é a favor das tecnologias aplicadas na gestão dos museus, o que inclui desde a catalogação, a conservação e a restauração até as práticas de exposição do acervo, passando pelo uso das mídias e das redes sociais na internet. “Isso seria um meio de acabar com a limitação do espaço físico, de forma com que o público, ou o pesquisador, possa estar dentro do museu mesmo à distância”, conclui, lembrando, porém, que “na ponta de tudo está a questão da sustentabilidade”.