Professora de Educação Musical e Violoncelo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mariana Galon da Silva é a nova supervisora do Centro Cultural Pró-Música (CCPM) pelo próximo biênio. Ela foi nomeada pela reitora Girlene Alves, depois de ter sido indicado por unanimidade pelo conselho curador composto por docentes, servidores técnico-administrativos em Educação (TAEs) e membros da família Sousa Santos. Mariana é graduada em Educação Artística – Licenciatura com Habilitação em Música pela Universidade de São Paulo (USP), mestra e doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e especialista em Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas pela Universidade Federal de Brasília (UnB).
Nascida em uma família musical na cidade de Ribeirão Preto (SP), Mariana começou a se interessar pela música no início da infância. Inspirada por sua mãe, uma violonista autodidata, e por sua avó materna, que foi cantora de rádio, ela passou a integrar corais infantis com seu irmão ainda criança e cresceu acompanhando os concertos da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (OSRP), que contava com seu tio-avô como violinista.
Foi depois de uma apresentação da OSRP e de uma solista russa que Mariana se encantou pelo violoncelo quando tinha dez anos de idade. Embora o desejo tenha aparecido tão cedo, somente aos 15 anos ela começou a praticá-lo, após ganhar seu próprio violoncelo e ter suas aulas custeadas por seus avós. Três anos depois, ingressou no curso de Educação Artística pela Universidade de São Paulo (USP) e deu início ao seu processo de profissionalização. Licenciada, Mariana tornou-se professora de um projeto social do estado de São Paulo.
Centro Cultural Pró-Música
A relação entre Mariana e o Centro Cultural Pró-Música (CCPM) começa em 2022, quando passa a dar aulas na graduação em Música da UFJF, e se deu através do projeto social “Oficina de Cordas”, realizado no Colégio de Aplicação João XXIII e desenvolvido por ela e por Pedro Dutra, para ensinar violino e violoncelo de forma coletiva para os alunos. Como não tinham instrumentos, o centro cultural emprestou os violinos e violoncelos que são utilizados até hoje.
A nova diretora também faz questão de destacar o CCPM como um importante agente na produção cultural, não apenas de Juiz de Fora e região, mas de todo o país. Esse mérito vem como reconhecimento principalmente da realização do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, que atrai músicos brasileiros e até estrangeiros para estudarem no Pró-Música.
A Escola de Artes Pró-Música (EAPM) também é um importante laboratório para os estudantes da UFJF que estão atuando como bolsistas ou voluntários. Além disso, ela oferece formação musical e artística gratuita para a comunidade e promove, juntamente com a Orquestra e o Coral Pró-Música, um trabalho de formação de novas plateias, que deve ser ampliado pela nova gestão.
Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga
A 35ª edição do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga está sendo preparada pela Procult em parceria com CCPM para ser realizada a partir da primeira semana de novembro, já que precisou ser adiada devido à greve dos TAEs e dos docentes da UFJF.
“Eu e o pró-reitor de Cultura, Marcus Medeiros, já estamos convidando os músicos para os concertos e as oficinas. A intenção é focar em professores dos instrumentos que nós oferecemos aqui na UFJF, como piano, violino, violoncelo e canto, para atender aos alunos daqui e também outros músicos de fora, estimulando o interesse pela graduação em Música”, relata Mariana. “Também estamos tentando alojamentos gratuitos para os alunos porque acreditamos que isso resulta em maior adesão ao Festival por quem é de fora, movimentando muito mais a cidade, como já aconteceu. Nosso desejo é fazer com que o festival volte a crescer, mantendo a característica de reunir quem trabalha com Música Antiga e Música Colonial Brasileira.”
Desafios a serem enfrentados
A nova direção do Centro Cultural compreende que existem questões a serem enfrentadas, em especial, relacionadas ao teatro e à EAPM. O principal desafio da escola de artes é estruturar de forma pedagógica como será o ensino de música e de artes. Em relação ao teatro, a ideia é buscar soluções para que ele volte a ser aberto ao público, superando a questão estrutural para a obtenção do alvará do Corpo de Bombeiros.
Apesar da necessidade de reforma, o teatro nunca esteve abandonado, uma vez que a gestão anterior realizou procedimentos de manutenção do local após o recebimento de verbas via emendas. “Os bombeiros instruíram a UFJF sobre o que ainda deve ser feito para possibilitar a reabertura do teatro, e agora a Universidade está contratando uma consultoria para construir um projeto de proteção contra incêndio e pânico. Essa é a primeira etapa. Tudo é muito burocrático e leva tempo, mas percebemos uma boa vontade do Corpo de Bombeiros em nos auxiliar nesse processo.”
Atualmente, as dependências do teatro do CCPM abrigam a secretaria, a Orquestra e o Coral. “Se durante minha gestão eu conseguir proporcionar que o teatro volte a funcionar, ou pelo menos deixar isso muito bem encaminhado, ficarei muito feliz e realizada. Também quero deixar a Escola com os projetos pedagógicos de música e artes”, finaliza a diretora, que também pretende retomar os concursos para instrumentistas, como o concurso Arnaldo Estrela de Piano.