As produções vencedoras da primeira edição do Prêmio Janelas Abertas começam a ser apresentadas ao público na próxima terça-feira, dia 8. São videoperformances, curtas-metragens, animações, exposições virtuais, videoclipes, e-books, webséries, documentários, oficinas e outros formatos de conteúdos digitais que somam 150 produções premiadas. O público poderá conferir os trabalhos no canal da Pró-reitoria de Cultura (Procult) no YouTube e mídias sociais. A cada dia, se segunda a sexta-feira, serão apresentadas duas novas produções, com postagens às 11h e às 17h.
Dentre os 150 premiados, encontram-se nomes já reconhecidos, como o cantor Caetano Brasil, o poeta Knorr, o ator e diretor de teatro Marcos Marinho e o artista plástico Guilherme Melich, e vários iniciantes, dentre os quais muitos estudantes ou jovens graduados das áreas de artes, jornalismo, letras, arquitetura e outras, além de professores, arte-educadores, escritores, fotógrafos, músicos e outros profissionais do campo cultural. Há também propostas de grupos, como coletivos de arte.
Um desses grupos é o MARE (Movimento Artístico Evolucionário), uma iniciativa de união de artistas de Juiz de Fora que surgiu no contexto da pandemia com a proposta de mostrar as diversas expressões artísticas existentes na cidade. O primeiro projeto artístico do MARE se classificou em primeiro lugar da faixa 1 do Janelas Abertas, que premia os selecionados com R$ 1 mil: é o Cabaret dos Seres da Ribalta, um videofólio de obras com números de música, dança, palhaçaria e teatro de marionetes.
Para o diretor Rodrigo Mangal, a premiação é motivo de muito orgulho para todos os integrantes do movimento MARE. “O objetivo deste projeto era o de mostrar a importância da cultura em nossas vidas, ainda mais em um contexto de isolamento social. Como nós, artistas, fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar, tivemos de buscar alternativas de realização artística em 2020”. Ainda segundo ele, o caminho natural seria o formato audiovisual e os recursos que a internet proporciona. “A premiação só amplia nosso alcance e nos mostra que nossa aposta rendeu frutos, e esperamos que as exibições promovidas pelo prêmio Janelas Abertas mostrem a importância e a qualidade dos artistas de Juiz de Fora para toda a população.”
Primeiro lugar na Faixa 2, o projeto Suíte Cemitério: leituras expandidas, do jornalista, escritor e músico Wendell Guiducci, apresenta videoperformances em que atores, músicos, professores, diretores, escritores e jornalistas convidados pelo autor, em vídeos brevíssimos, fazem a leitura de alguns dos microrrelatos de seu livro Suíte Cemitério. Como afirma Wendell no projeto, os vídeos curtinhos não só parecem se adequar ao consumo de produtos culturais em ambientes digitais, como dialogam com o contexto da pandemia, já que foram gravados pelos convidados em suas casas durante o isolamento social.
Inicialmente realizados para divulgar o financiamento de Suíte Cemitério, que será publicado ainda em dezembro, os vídeos se transformaram em um produto cultural derivado do livro, e a premiação, para Wendell, é um reconhecimento desse trabalho. O autor se anima com a perspectiva de os vídeos serem vistos por um público maior, além daqueles da sua “bolha” virtual, já que até então foram veiculados apenas nos seus perfis no Facebook e no Instagram. “É muito legal que a Universidade esteja proporcionando a mim, e a outros artistas, a possibilidade de expandir o alcance de público. É uma iniciativa muitíssimo importante da UFJF, espero que inclusive possa ser absorvida pela Universidade como um ‘evento’ anual.”
Primeiro colocado na terceira faixa do Prêmio, o projeto de artes visuais As Janelas da Nossa Casa, de autoria do professor Ronan Lobo de Paula, é a produção de um painel de janelas reutilizadas, que busca provocar reflexões sobre encarceramento, pandemia, preservação ambiental, solidariedade e qualidade de vida. “Janelas reutilizadas carregam memórias. Fragmentos daquilo que um dia abrigou alguém – casas que foram destruídas, reformadas”, diz ele no vídeo sobre o projeto. “Algo muito importante foi pensar que, ao trazer estas janelas, estávamos trazendo histórias com elas. […] Ao mesmo tempo as janelas nos convidam a pensar nas janelas vazias após a pandemia, quantas casas vazias, quantas famílias sem seus entes queridos… se tornando uma homenagem aos que se foram.” O painel estará aberto a visitas gratuitas após a pandemia.
Mix cultural
A diversidade das propostas nesta primeira edição está garantida não só pelo número de projetos premiados, mas pela própria criatividade dos produtores artísticos. “O Janelas se configurou como um mix cultural que dá oportunidades semelhantes para artistas muito distintos”, afirma o diretor do Forum da Cultura, Flávio Lins.
“O Janelas Abertas recebeu propostas bem diversas entre si, em todos os segmentos contemplados pelo Prêmio. Algumas propostas realmente se destacaram pela originalidade, expressividade, relevância, extensão e alcance social. O que, mais uma vez, confirma a qualidade do trabalho artístico e cultural desenvolvido na cidade e na região”, concorda Tarcísio Greggio, supervisor do Memorial da República Presidente Itamar Franco.
Para Flávio Lins, a variedade foi justamente o que mais o impressionou: “Temos produções que revelam sutilezas da intimidade dos proponentes, quase desabafos ou confissões, até projetos de grande porte, envolvendo muita gente e com viés mercadológico”, exemplifica. Além disso, observa ele, “há projetos que resgatam aspectos de cidades da região, de uma delicadeza e riqueza surpreendentes, bem como de uma contribuição muito significativa para diversos campos da cultura”.
Na opinião de Luciane Monteiro, diretora do Museu de Arqueologia e Etnologia Americana (MAEA), os projetos apresentaram atributos de excelente nível em termos de imaginação criativa e crítica, ao trazerem questões candentes do momento atual. “De modo geral, as propostas demonstraram o potencial criativo e expressivo dos artistas e produtores locais/regionais, o que reforça a atuação da UFJF em motivar e valorizar a arte e a cultura, tão importantes para a formação da sociedade, em especial nesse momento de crise sanitária”, ressalta.
Tarcísio Greggio acredita que o prêmio Janelas Abertas já é um marco do calendário cultural de Juiz de Fora, Governador Valadares e região em 2020. “Esse tem sido um ano muito difícil para as pessoas que vivem de seu trabalho artístico e cultural, um setor importantíssimo para a economia de qualquer país”, argumenta, lembrando que o Prêmio foi uma forma de valorizar a cultura e a arte produzidas localmente, e uma oportunidade para que artistas que ainda estão começando pudessem dar visibilidade aos seus trabalhos.
Responsabilidade
Promovido pela UFJF e organizado pela Pró-reitoria de Cultura como forma de proporcionar oportunidades para o campo da produção artística tão afetado pela pandemia, o Prêmio Janelas Abertas recebeu 252 inscrições válidas e distribuiu R$ 105 mil em prêmios para 150 projetos, distribuídos em três faixas: Faixa 1, com 50 prêmios no valor de R$ 1 mil; Faixa 2, com 50 prêmios de R$ 700,00; e Faixa 3, com 50 prêmios de R$ 400,00. Todos os segmentos abrangidos pelo Edital foram contemplados com aprovação de propostas: música (42), cinema e vídeo (33), artes cênicas (23), artes visuais (21), projetos experimentais (14), patrimônio cultural e memória (7), educação (6) e literatura (4).
A repercussão do Prêmio junto à classe artística e a qualidade dos trabalhos inscritos demonstram o acerto da iniciativa da UFJF, ressalta a pró-reitora de Cultura, Valéria Faria: “Nossa universidade, em razão do protagonismo que desfruta no campo da cultura local e regional, tinha a responsabilidade de contribuir para promover o segmento artístico nesse contexto de crise sanitária, que prejudicou imensamente um setor tão atuante e expressivo em Juiz de Fora”.
Outras informações:
Pró-reitoria de Cultura – cultura.ufjf@gmail.com
www.premiojanelasabertas.com.br
YouTube – Procult UFJF