A temporada 2017 do Som Aberto foi aberta no sábado, dia 27, com a presença de um público total estimado pela organização em mais de dez mil pessoas – o maior desde o início do projeto lançado no ano passado pela Pró-reitoria de Cultura da UFJF. E quem veio prestigiar o evento encontrou muito mais atrações musicais, culturais, gastronômicas e artesanais, que garantiram diversão e entretenimento para todas as faixas etárias, fator que foi ressaltado por muitos.
A tarde ensolarada e quente, após vários dias de muito frio e chuva, estava perfeita para as atividades ao ar livre e levou pessoas de todas as idades à Praça Cívica, a partir das 14h, para conferir uma programação extensa e variada que movimentou o local até o fim da noite. Teve zumba fitness com a Academia Feminina Simetria, que pôs muita gente para queimar calorias ao som de merengue, salsa e muita música latina: “Zumba é fácil, desestressa e interage”, ressaltou a coordenadora Caroline Hottun, feliz com o resultado da apresentação. Teve demonstração de hipnose, massagem relaxante, oficinas para crianças e artistas visuais produzindo arte ao vivo, com o coletivo Cavalete de Rua apresentando o Pentagrama, intervenção planejada para acontecer no Som Aberto.
Muitas pessoas aproveitaram o dia para passear com seus cães, andar de bicicleta, ouvir música, acompanhar o movimento e conhecer as opções gastronômicas e o trabalho artesanal dos mais de 70 expositores participantes do Grand Bazar. “Percebi mais organização nesse evento. Tem muito mais gente do que das últimas vezes, mais diversidade de produtos, mais gente interessada. Várias famílias com crianças. Isso é muito legal: reúne pessoas diferentes num único ambiente, no qual compartilham as atividades. É bom para a diversidade de Juiz de Fora”, resumiu a estudante Julia Garcia. “O Som Aberto está muito bacana e com certeza venho nos próximos. Quase não tem evento [na cidade] que interliga todo mundo – criança, adulto, idoso”, concordou o também estudante Ranerson Landin.
A animação do público e a dimensão do Som Aberto surpreenderam a quem compareceu pela primeira vez: “Estou amando, é sensacional”, empolgou-se a artesã Patrícia Garcez, da marca de costura criativa Estilo Feito à Mão, que já conhecia o evento pelo relato de outras artesãs e amigas que o frequentam, mas não havia tido a oportunidade de participar. “Vendi muito, estou muito satisfeita. Adorei toda a estrutura e as atrações são muito legais. Juiz de Fora precisa desesperadamente disso. Agrega cultura, dá oportunidades para vários artistas, não só músicos, mas artesãos e outras categorias que não têm oportunidades. E é de todas as faixas etárias: da criança ao idoso. Cada um encontra um produto ou uma programação de que pode participar.”
A expositora Ana Luiza Daibert também estreou no Som Aberto com sua marca de geleias, chutneys, conservas, pães e bolos Ouiuai – Francomineirices. Disposta a mostrar o melhor e as semelhanças das culinárias mineira e francesa, a mestre em gastronomia que morou e estudou na França gostou muito do que viu na Praça Cívica: “A troca de energia é maravilhosa. Ambiente animado, público de todas as faixas etárias e estilos, o que é muito bom para a divulgação de nosso trabalho. Essa troca de conhecimento e cultura favorece as pessoas. É muito estimulante”, avaliou.
“Organização impecável”
Artistas e músicos também manifestaram seu entusiasmo com o projeto e o sucesso da edição. Daniel Marques, da banda Visco – uma das atrações musicais a se apresentar na Concha Acústica – destacou o astral do projeto e a receptividade da plateia: “Foi uma experiência maravilhosa. Organização impecável, dia lindo e maravilhoso pra todo mundo”, comentou o músico. Segundo ele, uns dos melhores momentos da apresentação da banda de vertente independente, pós-grunge, foi quando interpretaram uma música de Nina Simone, lenda do jazz americano: “A resposta foi muito boa, com todos cantando. Estou muito feliz, muito realizado: a vontade era muito grande de participar desse evento emblemático da cidade.”
A estudante da UFJF e integrante da banda Inoutside, Mariana Campello – selecionada para participar do Som Aberto através do cadastramento de bandas universitárias – ficou surpreendida com a receptividade do público a seu trabalho e considerou a oportunidade de se apresentar na Concha Acústica “gratificante”. Ela já conhecia o projeto por ter acompanhado edições anteriores, mas avaliou que a estrutura do evento estava melhor e que as atrações atraíram mais público.
Para o músico Rodrigo Andrade, integrante da Operação Tequila, que encerrou as apresentações musicais com seu Tributo a Los Hermanos, o Som Aberto foi uma oportunidade de se apresentar para a parcela do público que não conhece a banda de seus shows em casas noturnas. “Aqui é uma coisa popular. É legal poder mostrar o trabalho para o maior número de pessoas possível”, afirmou. “Não deixem esse espaço se perder. Vamos cuidar para que o Som Aberto possa permanecer”, ressaltou o músico.
Além dos shows na Concha Acústica, o público do Som Aberto pôde conferir o trabalho da dupla Nanda e Carol, que fez uma apresentação acústica de violão e voz no Palco Cultural, um espaço para pocket shows montado junto à praça de alimentação. Na avaliação de Fernanda, o público reagiu muito bem à proposta, participou e proporcionou uma troca estimulante com a dupla, mais acostumada a apresentações em bares no qual o público não é tão diversificado quanto o do Som Aberto.
Surpresa
O movimento de público registrado por essa primeira edição de 2017 foi ainda mais significativo, considerado o fato de que Juiz de Fora oferecia, no sábado, outras boas opções culturais gratuitas e públicas. O chargista Mário Tarcitano, que participou pela terceira vez do projeto fazendo caricaturas, ficou impressionado: “Com tanto evento na cidade nesse momento, na Rua Halfeld, na Praça da Estação, achei que não ia ter tanta gente assim. Foi uma surpresa positiva!”, festejou, feliz com a possibilidade de travar contato direto com o público. “É legal ver a reação quando a pessoa se vê na caricatura”, explicou o artista, que produz charges para jornal e normalmente só tem retorno de seu trabalho pelas redes sociais.
O produtor e palhaço do Grão de Circo, Lucas Figueiredo, participante pela primeira vez do projeto, considerou o público do Som Aberto perfeito para o espetáculo do grupo, que não é focado exclusivamente no público infantil, mas oferece brincadeiras que envolvem também os adultos. Para Lucas, “quanto mais apresentações nesse formato horizontal, que aproxima, aconchega” – a exemplo da roda que se formou para ver o Grão de Circo – melhor para o evento e para os artistas de rua de Juiz de Fora. “Mais palhaços!”, pede ele à organização do Som Aberto, que Lucas já conhecia de assistir à apresentação de amigos artistas: “É um aprendizado contínuo. Aprendemos quando vemos, e quando fazemos também. É uma dualidade que leva ao aprendizado”.
Desafios
Idealizadora do projeto, a pró-reitora de Cultura, Valéria Faria, considera o público o “verdadeiro responsável pelo sucesso do Som Aberto”, que teve início em junho de 2016 com a proposta de retomar e reformatar uma ideia nascida entre estudantes da UFJF na década de 1970. Agora já são oito edições realizadas, apesar dos desafios de se promover um evento desse porte numa instituição pública federal. “A força do evento supera as adversidades e é assim que mantemos as edições”, afirmou. “O evento fez tanto sucesso em 2016 que hoje temos reconhecimento. As pessoas nos procuram; são as atrações que vêm até nós. Tanto é assim que uma banda de porte nacional, a Tianastácia, vem privilegiar o nosso evento [na edição de 24 de junho], dado o reconhecimento da relevância do Som Aberto”, antecipa a pró-reitora. Com certeza, mais uma grande edição do Som Aberto à vista.
Fotos: Twin Alvarenga.