A noite foi de emoção para familiares e amigos de Renato Stehling, na abertura da mostra Tributo a Stehling, na Galeria Renato de Almeida do Centro Cultural Pró-Música, na terça-feira. Realizada pela Pró-reitoria de Cultura, a exposição reúne 22 obras de um dos nomes mais importantes das artes plásticas juiz-foranas, cujo falecimento completa dez anos em 2013.
Para o pró-reitor Gerson Guedes, que conviveu com o artista nos tempos em que ambos lecionavam artes no Pró-Música, o vernissage teve um caráter especial: além da idealização da homenagem a Stehling, que foi uma iniciativa do pró-reitor, todas as obras foram recuperadas pelo Laboratório de Conservação e Restauração de Pintura e Escultura do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), através de mecenato da Pró-reitoria de Cultura. Poder agora admirar essas telas na exposição, segundo Guedes, significa “ver a imortalidade da obra” e, através desta, sentir a presença da energia do artista. “Stehling tem uma obra muito característica”, observou.
Esta também é a opinião de Vianno Rheim, artista plástico, caricaturista e ilustrador, que gostou das cores e dos traços de Stehling, reveladores de um estilo muito próprio: “É a assinatura dele. É difícil alcançar a assinatura e, depois, a manter. É o mais difícil para um artista”, avaliou. Em sua opinião, Tributo a Stehling é importante para a cultura de Juiz de Fora, pois é uma forma de não deixar morrer a memória do artista.
Para o também artista plástico Wesley Aragão, Stehling é um dos maiores nomes de uma geração de grandes pintores juiz-foranos: “Ele deixou discípulos, inclusive eu. Produzia muito e inspirou outros artistas. Era uma espécie de guru”, afirmou. “Sua obra continua viva”.
Recuperação
Para a realização dessa exposição, a UFJF, através da Pró-reitoria de Cultura, patrocinou a recuperação integral das obras, que passaram por tratamento especializado, realizado pelo Laboratório de Conservação e Restauração de Pintura e Escultura do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM). Datados de um período que vai da década de 1970 a 2002, os óleos sobre tela e sobre eucatex estavam danificados por sujidade acumulada e ataque de insetos xilófagos (cupim de madeira seca), tanto nos chassis e molduras quanto nas próprias telas.
Após o mapeamento dos danos, as pinturas foram submetidas a tratamento. Segundo Valtencir Almeida, conservador e restaurador do MAMM, adotou-se o critério de mínima intervenção, optando-se pela conservação, que teve início com a higienização e a limpeza mecânica e química das obras. Tomados por cupins, os chassis – suportes para as telas – foram removidos e substituídos por novos, que receberam tratamento preventivo através de imunização contra a ação de insetos e de umidade.
A recuperação dos óleos sobre tela envolveu o preenchimento dos orifícios causados pelos cupins com enxertos de linho especial. Também foi realizado o reforço das bordas das telas, a remoção de verniz oxidado, o nivelamento de lacunas e a reintegração cromática, com tinta especial, importada, específica para trabalhos de restauração. Por fim, as obras receberam uma camada de proteção para a tela e novas molduras.
Recuperados, todos os trabalhos reunidos em Tributo a Stehling estarão à venda, e a renda apurada será integralmente revertida à família do pintor. A iniciativa marca a preocupação da nova gestão da Pró-reitoria de Cultura com o resgate da memória de nomes relevantes das artes plásticas juiz-foranas, que tem uma história de tradição e grandes talentos na área.
Acompanhada de filhos e netos, a viúva do homenageado, Martha Stehling, agradeceu muito a UFJF e especialmente ao pró-reitor Gerson Guedes por terem-na presenteado com esta exposição e com a restauração das obras, algumas das quais estão sendo expostas pela primeira vez. Todas as telas de Tributo a Stehling estão à venda, e a renda irá integralmente para a família do artista. A mostra permanece em cartaz na Galeria Renato de Almeida até o dia 29 de maio.