Sérgio Macedo lança o livro Povos indígenas em quadrinhos e expõe os originais no Museu de Arte Murilo Mendes, na próxima sexta, 14, às 19h
Mais conhecido no exterior do que em seu próprio país, Sérgio Macedo finalmente traz seu trabalho para o público de Juiz de Fora na exposição que o Museu de Arte Murilo Mendes abriga a partir do dia 14, sexta-feira, às 19 horas, na galeria Retratos-relâmpago. Apaixonado pela natureza, em particular pela Amazônia, o artista lança seu livro Povos indígenas em quadrinhos e exibe os originais feitos a partir de pincéis aerógrafos e tinta acrílica sobre papel. São cerca de 40 quadros, alguns representativos de sua trajetória anterior, embora sem a pretensão de ser uma retrospectiva.
O tema Povos indígenas é marcante no decorrer de uma trajetória que inclui inúmeras incursões pelo Norte do Brasil. Em 1978, Sérgio Macedo fez, pela primeira vez, a rota da polêmica rodovia Transamazônica. Seu contato com os índios da “floresta da chuva”, como é denominada lá fora, trouxe a inspiração para a obra que desenvolveu desde então. Captando a beleza estética e a força espiritual dos nativos em seu habitat original, seus desenhos passam a imagem de um povo poderoso, digno e nobre.
Valores excepcionais
Foram muitas as “idas e vindas” ao Amazonas para conseguir a sequência de trabalhos que Juiz de Fora terá a chance de conferir. Retratados nos desenhos, o público vai encontrar caras pintadas, corpos nus enfeitados por penas, tintas e contas, homens, mulheres e crianças em atividades como a caça e a pesca, além do convívio real no cotidiano das aldeias. A pesquisa meticulosa do artista resultou em um profundo mergulho nas raízes indígenas, que reforçou sua admiração pelos habitantes iniciais dessa terra Brasil. “Nunca vi valores mais nobres e dignos”, destaca.
Guerreiros do passado e sobreviventes de seu tempo são evocados em quadrinhos, em uma linguagem acessível, que, de muitas formas, torna clara a preocupação de Sérgio Macedo com a preservação da natureza no país e no mundo. “Vejo a região do Amazonas, com sua floresta, seus povos e seus rios, como fundamental para o equilíbrio ecológico do planeta. Apesar da devastação nos últimos tempos, a biodiversidade ali existente é fantástica e temos a obrigação de mostrar sua importância, mantendo-a”, defende.
Universo em expansão
Natural de Além Paraíba, mas com raízes em Juiz de Fora, Sérgio Macedo é reconhecido no universo dos quadrinhos dos anos 1970 e 1980 como um artista de expressão, com passagens pelas revistas Circus, Métal Hurlant e Heavy Metal, todas com circulação na Europa. No Brasil, publicou nas revistas Grilo e Planeta, e nos jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Suas premiações contam, nos Estados Unidos, com o Benjamin Franklin Award de melhor obra multicultural para o livro Lakota: An illustrated history, e, no Brasil, com o troféu HQMIX, na categoria Grande Mestre.
O lançamento de Povos indígenas em quadrinhos vem se somar à publicação Xingu!, que reproduz suas experiências com o povo Kayapó do Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso. De passagem por Juiz de Fora, Sérgio Macedo se estabeleceu na Europa em 1974, morando na França por um período em que fez contato com editoras como a Métal Hurlant. Desde os anos 1980, mantém residência no Taiti, na ilha de Moorea, onde tem seu atelier.
Abertura da exposição e lançamento do livro Povos indígenas em quadrinhos
Dia 14 de dezembro, sexta-feira, às 19h.
Museu de Arte Murilo Mendes – Rua Benjamin Constant, 790 – Centro.
Outras informações: Pró-Reitoria de Cultura: 2102.3964 | Produção MAMM: 3229.7622