Simone Rolim, educadora do Museu Victor Meirelles, em Florianópolis, ministra palestra no próximo dia 29, às 19h, no MAMM
Muita gente conhece o quadro A primeira missa no Brasil, pintado em 1861, atualmente pertencente ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A obra, que narra de forma bela e pacífica o primeiro evento da Descoberta do Brasil, está estampada em livros escolares e fartamente dispersa na internet. Autor do trabalho, e de muitos outros quadros que ajudam a contar a história do país, Victor Meirelles dá nome ao museu, cujo espaço físico é a própria casa onde nasceu, em Florianópolis. Técnica em Assuntos Educacionais do espaço há um ano e meio, a antropóloga social Simone Rolim será a segunda convidada do projeto Educadores de Museus Brasileiros no Museu de Arte Murilo Mendes e conversa com o público no próximo dia 29, às 20h.
Expoente do romantismo, Victor Meirelles também foi influenciado pelo barroco e pelo neoclassicismo, o que representa um grande desafio para o museu, visto que o público é transportado a uma época distante e a um estilo artístico já pouco usual. Segundo Simone, a alternativa do museu foi conjugar duas exposições simultâneas, uma de arte contemporânea, que dura cerca de dois meses, e outra do próprio acervo do artista, com longa duração. “O fato de nós termos dois exemplos de produções situadas em contextos socioeconômicos, temporais e culturais diferentes, nos permite um diálogo mais visível com a história da arte”, reflete a educadora.
No centro da história
Pensado e criado em 1930 por um grupo de intelectuais interessados em preservar a história artística do país e do pintor catarinense, o Museu Victor Meirelles é, atualmente, administrado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A área de ação educativa do espaço surgiu em 1994 e hoje desenvolve cinco projetos: Projeto de Mediações, Vi Vendo Victor Meirelles, Museu Vai à Escola/Escola Vai ao Museu, Victor em Jogo e Projeto de Inclusão Sociocultural. Um dos projetos de maior destaque, Victor em Jogo, acontece tanto dentro do museu com os visitantes, quanto no espaço virtual do site, e busca instigar o público a descobrir mais informações sobre a vida e a obra do artista que dá nome à casa. De acordo com Simone, a utilização da tecnologia confere leveza na abordagem de temas frequentes na obra de Victor Meirelles, tais como a morte e a guerra.
Instalado no coração da cidade, que à época do pintor chamava-se Nossa Senhora do Desterro, o museu é um dos grandes polos de cultura de Florianópolis, promovendo colóquios, palestras, oficinas e sessões de cinema, todos gratuitos, numa prova de que o espaço que reúne história e arte também serve ao entretenimento. “Costumamos trabalhar muito com o contexto cultural de produção artística do Século XIX e o atual”, explica Simone, apontando para uma possibilidade de falar do passado sem tirar os pés do presente.