Cineasta Marcos Pimentel exibe e debate seus últimos dois filmes, no próximo dia 10, às 20h
“Tive a sorte e a felicidade de exibir meus filmes para públicos muito diferentes, em festivais no Japão e na Europa, mas não tem lugar melhor para passar meus filmes do que em Juiz de Fora. Fico emocionado”, comenta o documentarista, roteirista, produtor independente e juiz-forano Marcos Pimentel, que já ganhou mais de 70 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Seus dois filmes mais recentes, A poeira e o vento e Século, serão exibidos no projeto Cinemamm, do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), no dia 10, às 20h. Em seguida, ocorre a mesa de debates A produção documental brasileira contemporânea, que conta com a presença do cineasta e coordenador de programação da Rede Minas, Alexis Parrot.
Segundo Marcos Pimentel, o mundo vive um boom realista, um crescimento muito grande da produção e da visibilidade de documentários, que sempre estiveram à margem do cinema comercial de ficção. “Vamos fazer uma discussão partindo dos filmes que possuem uma linguagem cinematográfica recorrente aos documentários brasileiros contemporâneos, mas, ao mesmo tempo, fogem de alguns modismos e apontam novas possibilidades, para, em seguida, abranger a produção nacional, estadual e local do documentário brasileiro”, adianta.
Marcos Pimentel é graduado em Comunicação Social pela UFJF e em Psicologia pelo CES-JF. Também se formou em documentário pela EICTV (Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños), em Cuba, e especializou-se em Cinema Documentário pela Filmakademie Baden-Württemberg, na Alemanha. Dentre os filmes que realizou, estão a trilogia Taba (Doc. / 35mm / 16 min. / 2010) , Pólis (Doc. / 35mm / 22 min./ 2009) e Urbe (Doc. / 35mm / 15 min. / 2009); A arquitetura do corpo (Doc. / 35mm / 21 min. / 2008) e O maior espetáculo da Terra (Doc. / 35mm / 15 min. / 2005).
Retratos reflexivos
A poeira e o vento é um documentário, com duração de 18 minutos, sobre uma pequena cidade mineira, frequentemente afetada pelos dois elementos do título. Seus poucos habitantes tentam, ao mesmo tempo, manter a subsistência através da agricultura e garantir a sobrevivência de hábitos e costumes antigos. Eles continuam praticamente isolados do progresso, às margens do Parque Estadual de Ibitipoca, que vê o turismo crescer a cada ano naquela região. Segundo o diretor, entre indas e vindas à cidade, a equipe acompanhou, ao longo de um ano e meio, o cotidiano dessa comunidade. “Talvez seja o mais mineiro dos meus filmes, visto que é introspectivo e contemplativo. Busquei observar um tempo dilatado, no qual as coisas vão acontecendo aos poucos”, comenta. O filme estreou em abril de 2011 no Festival É Tudo Verdade, o maior do gênero na América Latina, e ganhou o prêmio de melhor curta-documentário. A poeira e o vento também foi premiado no Atlanticdoc 2011 – Festival Internacional de Cine Documental de Uruguay, em que ganhou o prêmio de melhor curta-metragem.
Já o curta-metragem Século é um trabalho experimental, de 11 minutos de duração, “extremamente pessoal e intimista”. “Não acredito que seja um documentário, mas um ensaio audiovisual. Tanto que, quando vou inscrevê-lo em festivais, o coloco na categoria experimental, por essa minha dificuldade de classificá-lo”, afirma o documentarista. O filme aborda os movimentos voluntários e involuntários da memória a partir da separação de um casal: “conosco, o amor; entre nós, o tempo”, diz a sinopse. Século foi filmado em preto e branco, em um tom reflexivo, e conta com a participação de Raphaela Ramos e Zezinho Mancini, que fazem a locução dos personagens. Século participou de festivais como a 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes e a Mostra do Filme Livre de 2012.