Fechar menu lateral

Com shows de nomes da cena musical mineira, Som Aberto lota a Praça Cívica

Lô Borges embala o público da Praça Cívica no SOM ABERTO

Lô Borges embala o público da Praça Cívica no SOM ABERTO

Atração principal da noite, Lô Borges fez jus aos seus mais de 45 anos de carreira e lotou a Praça Cívica da UFJF no último sábado, dia 19, na edição de agosto do Som Aberto. Por mais que o evento realizado pela Pró-reitoria de Cultura reúna diversas faixas etárias em um só lugar, foi na edição com Lô Borges que a universidade conseguiu proporcionar um verdadeiro encontro de gerações de amantes da música mineira. Do mais novo ao mais velho, todos vibraram ao som de cada verso e nota executada em músicas como “Trem Azul”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e “Paisagem na Janela”.

Há quem diga que Lô veio a Juiz de Fora relembrar suas composições de mais de quatro décadas que o fizeram referência na MPB, mas o que foi deixado não corresponde apenas a um grande repertório de marcantes canções. O respeito e admiração pela música mineira estavam presentes em essência na Praça Cívica e isso ficou perceptível antes do show, junto aos músicos que iriam se apresentar ao lado de Lô. Dos mais experientes, com mais de 20 anos de carreira na música, aos mais jovens, o respeito pelo músico pertencente ao movimento cultural Clube da Esquina era imenso.

 

De Minas para o Mundo

Na última edição, além de Lô Borges, a festa contou com a oficina de bordado Mãos a Fio – que foi um dos destaques do evento, atraindo muitos interessados –, o projeto Vivaldi – Dança na Praça, a discotecagem de Marcelo Castro e os shows de A Zagaia, Gabriela Pepino e banda, Zimun e Falcatrua.

Primeira banda a se apresentar, a juiz-forana A Zagaia foi a única representante da cidade na edição de agosto. Com repertório de maioria autoral, a banda de rock com elementos de MPB apresentou músicas de seu disco A Zagaia: Dez anos +1, junto a releituras de grandes composições.

 

Confira mais fotos da edição de agosto do SOM ABERTO

 

Em entrevista com Daniel Goulart, guitarrista da banda, ele falou sobre a importância de eventos como o Som Aberto para a cultura: “A Universidade têm um papel importante, dada a situação mercadológica da música atual, em que o sistema capitalista empurra um tipo de produto goela abaixo da população de maneira monopolista. O evento é uma ótima oportunidade de mostrar às pessoas novos conhecimentos sobre cultura, tanto com artistas tradicionais como Lô Borges, quanto com artistas locais que tentam mostrar seus trabalhos”.

 

Em seguida, Gabriela Pepino subiu ao palco da Concha Acústica para fazer o público dançar. Carregada pela energia da soul music, do jazz e do R&B, a mineira, fã de grandes cantoras como Whitney Houston, Mariah Carey e Etta James, chegou a cidade para divulgar seu mais recente trabalho, Fireflies, lançado este ano. Junto a canções autorais, a cantora apresentou também releituras de músicas como “Valerie”, de Amy Winehouse.

 

Segundo Gabriela, a experiência de tocar no Som Aberto foi fantástica. “Minhas músicas buscam a paz e a harmonia das pessoas. Meu objetivo é que as pessoas escutem, dancem e se sintam felizes. Em tempos de crise, nós, músicos, não podemos desistir dos nossos ideais, porque a cultura sempre será a essência da nação”.

 

Em seguida, a belo-horizontina Zimun apresentou uma sonoridade bastante diferenciada no Som Aberto. Mesclando elementos de reggae, rock e jazz aos versos do rap, a banda, que lançou seu primeiro disco em 2010, retornou a Juiz de Fora, após três anos, para divulgar seu novo álbum, que será lançado em duas semanas, Sobre o Bom Senso e o Senso Comum.

 

Um dos vocalistas, conhecido como Matéria Prima, contou que foi uma honra retornar a cidade para participar do evento. “Iniciativas assim são muito importantes. A especificidade de som não leva a cultura a lugares maiores e o Som Aberto faz exatamente o contrário”, afirma. Matéria Prima explicou como a banda procura passar em seus versos políticos a importância da resistência em tempos como os atuais. “Do micro ao macro, o artista independente tem o viés da provocação. Damos pinceladas de poesia para tirar as pessoas desta realidade escassa de bom senso e também pinceladas de política para que as pessoas pensem sobre a situação absurda em que vivemos atualmente”, ressalta.

 

Quarta banda a se apresentar na edição, a também experiente Falcatrua, com mais de 15 anos de carreira, chegou ao Som Aberto com a proposta de apresentar o melhor do rock mineiro da banda. De acordo com o vocalista André Miglio, a energia do público foi contagiante. “Nosso som não é algo presente nas grandes massas e mesmo assim o público foi extremamente generoso conosco e isso é o que nos estimula a continuar. Acho essencial que a academia esteja viabilizando encontros como este”.

 

Ao conhecer a proposta do Som Aberto de dar oportunidade para que artistas locais se apresentem para um grande público, André disse que, se não fosse por oportunidades assim, talvez ele mesmo não estivesse aqui. “Em 1994, participando do FestValda [festival de música], eu pude ganhar a competição com minha antiga banda [Tianástacia] e ter mais visibilidade dentro do cenário musical. Um moleque começou a banda e, se não fosse por isso, talvez ele não tivesse seguido em frente”, afirmou André.

 

Além disso, o músico informou que a Falcatrua tem um projeto na Rádio Inconfidência, de BH, e que músicos independentes podem mandar seus trabalhos para serem avaliados e, caso aprovados, transmitidos na rádio. “Banda de lá Banda de Cá é um quadro do programa A Noite Vai Ser Boa, que tenta divulgar a música regional sem visar interesses comerciais. Todos que quiserem podem entrar em contato conosco. Nosso objetivo é fazer a roda girar e romper com essa ordem comercial na música”, ressalta.

 

Evento realizado pela Pró-Reitoria de Cultura da UFJF, o Som Aberto já conquistou seu lugar na história da universidade. Ao todo, 11 edições foram realizadas desde a primeira, em maio de 2016, e milhares de pessoas puderam usufruir de uma extensa e intensa experiência cultural gratuita voltada a todos os públicos. A próxima edição do Som Aberto acontece no dia 23 de setembro.

 

Matheus Medeiros

 

Mais informações:

Pró-reitoria de Cultura – (32) 2102-3964