Fechar menu lateral

Por uma complexidade no olhar

Coordenadora da equipe educativa da Fundação Iberê Camargo, de Porto Alegre, Camila Schenkel conversa com o público em encontro que debate a educação em museus nacionais

Marco na arquitetura contemporânea brasileira, a Fundação Iberê Camargo – instituição criada para conservar e divulgar o acervo do pintor gaúcho – está atenta ao seu tempo não apenas pela precisão e atualidade do projeto arquitetônico do português Álvaro Siza, primeira criação dele no país, mas também pela forma que a apresenta suas exposições e, principalmente, pela maneira que acolhe seus visitantes. Convidada do sexto encontro do projeto Educadores de Museus Brasileiros no Museu de Arte Murilo Mendes, que acontece amanhã, 27 de novembro, às 19h, a coordenadora da equipe educativa da instituição de Porto Alegre, Camila Schenkel, relata sua experiência à frente de um setor que só esse ano já recebeu 20 mil visitas, considerando apenas os agendamentos e excluindo, assim, as visitas espontâneas ao espaço. “Nosso foco é atender o público diversificado que vem à Fundação”, comenta Camila, apontando o caráter turístico da instituição.

Criada em 1995, um ano após a morte de Iberê Camargo, a Fundação foi proposta da viúva do artista, Maria Coussirat Camargo, detentora de todo o acervo de Iberê. Inicialmente instalada na casa do artista, a instituição ganhou nova estrutura em 2008, através de um projeto arquitetônico que comungava das pretensões contemporâneas do museu. Vencedor do Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2002, e premiado com o mérito especial da Trienal de Design de Milão, o projeto de Siza recebeu, ainda, Medalha de Ordem ao Mérito Cultural, do Ministério da Cultura brasileiro. Segundo o arquiteto, professor e curador, Jorge Figueira, a criação do arquiteto português “não é ‘minimalista’ ou ‘autorreferente’ ou passivamente ‘artística’”. “[A arquitetura de Siza] quer ligar, quer relacionar-se, quer abrir possibilidades, quer reconhecer a história, quer pertencer”, reflete Figueira no livro “Álvaro Siza – Modern Redux”.

 

“Homem a caminho”

Vanguardista por excelência, a Fundação carrega em si o compromisso de estar atento ao seu tempo, exercício no qual se debruçou Iberê ao longo de sua vida. “Tenho sempre presente que a renovação é uma condição da vida. Nunca me satisfaz o que faço. Vejo nisso um estímulo perante a criação. Ainda sou um homem a caminho”, disse o artista no livro No andar do tempo: 9 contos e um esboço autobiográfico, publicado em 1998 pela editora L&PM. Segundo Camila Schenkel, a contemporaneidade também guia o trabalho educativo do museu. Além de elaborar materiais diversificados para cada exposição, considerando aspectos táteis e multissensoriais, a equipe realiza encontros com professores, visando replicar e aprofundar as experiências de cada mostra. Formado por profissionais de áreas distintas, como Artes Visuais, Design, Dança, Letras, Pedagogia, Jornalismo, Moda e História, o grupo privilegia as trocas entre a instituição e o público. “A equipe conduz procurando uma postura mais ativa dos espectadores, favorecendo o diálogo. São visitas sempre muito conversadas”, explica Camila.

Artista plástica, Camila Schenkel é mestre em História, Teoria e Crítica da Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde leciona atualmente, no Instituto de Artes. Vencedora do 19 º Salão Jovem Artista do Governo do Estado do Rio Grande Sul, e do Salão 10 x 10 da Fundarte de Montenegro (Rio Grande do Sul), a artista já realizou duas exposições individuais e integrou mais de uma dezena de mostras coletivas. Segundo ela, seu trabalho criativo reflete no exercício educativo, trabalho educativo. “Tenho uma atenção muito grande às obras, e isso se deve à formação como artista”, revela. “Como artista eu preciso, em muitas vezes, ser público para a arte”, pondera, aponta a alteridade como exercício constante e caro ao ofício na Fundação.

 

Educadores de Museus Brasileiros no MAMM

Encontro com Camila Schenkel (Fundação Iberê Camargo)

Dia 27 de novembro, terça-feira, às 19h.

Museu de Arte Murilo Mendes – Rua Benjamin Constant, 790 – Centro.

 

Outras informações: Pró-Reitoria de Cultura: 2102.3964 | Produção MAMM: 3229.7622