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Fração do contemporâneo brasileiro

MAMM exibe, a partir do dia 8, gravuras de artistas contemporâneos brasileiros doadas pela Sociedade Os Amigos da Gravura, do Museu Castro Maya

Naturalmente, a gravura adquiriu maior reconhecimento como linguagem artística a partir da década de 1920, quando a discussão acerca da reprodução artística começou a ganhar novos contornos. Diante de um mercado de arte em constante ascensão, a gravura assume, nos dias de hoje, seu indiscutível caráter popular, apesar das refinadas e diferentes técnicas utilizadas em sua produção. Expressão habitual entre os consagrados do circuito artístico, a gravura se dissemina, muitas vezes, através de instituições que se responsabilizam em editar e fazer circular a produção gravurista contemporânea brasileira. Iniciada pelo industrial e empresário Raymundo Ottoni de Castro Maya, em 1952, e retomada pelos Museus Castro Maya, em 1992, a Sociedade Os Amigos da Gravura edita, anualmente, 50 exemplares de gravuras produzidas por artistas plásticos brasileiros, numa forma de incentivar o colecionismo e estimular novas criações. Escolhido pela instituição carioca para receber alguns dos trabalhos já editados, o Museu de Arte Murilo Mendes apresenta, a partir de amanhã, 8 de novembro, a série de trabalhos doados que, agora, compõem o acervo de arte contemporânea do espaço.

Reunindo nomes como Antônio Manuel, Eduardo Sued, Eliseu Visconti, Lena Bergstein, Mônica Barki, Nelson Leirner, entre outros, a exposição, em cartaz na Galeria Poliedro, serve como amostra da produção artística brasileira do presente. De acordo com o crítico de arte e curador independente Marcus de Lontra Costa, “num país sem tradição visual como o Brasil, a gravura foi e é de extrema importância: ela aproxima a literatura das artes plásticas, ela recusa essa espécie de pedantismo pseudointelectualizado que faz da arte prisioneira das teorias filosóficas e a recoloca na vida diária e cotidiana das pessoas”. Para Costa, a gravura surge no Brasil com o intimismo de Carlos Oswald, mas é no expressionismo de Lasar Segall e Oswaldo Goeldi que ganha espaço de prestígio. “A gravura fala da gravura, fala da arte, mas não se envergonha de falar sobre o seu país, sobre o homem, sobre a realidade. A gravura é a arte da luta”, discursa o crítico no texto intitulado A gravura no Brasil no século XX, publicado pelo portal O papel da arte, voltado apenas para discussões acerca da gravura.

Português radicado no Rio de Janeiro, Antônio Manuel assina um trabalho que retoma sua produção abstrata-geométrica da década de 1980, bastante diferente dos trabalhos altamente políticos que caracterizam sua trajetória artística. Dona de uma dicção marcada pelo feminismo, Mônica Barki reúne outros suportes artísticos comuns em seu percurso profissional, como fotografia e performance, na serigrafia Berlinda, da série Ana C., na qual reproduz diferentes ângulos de um personagem envolto numa faixa impressa pela técnica da flexografia e cuja mensagem se restringe a um excesso de imagens desconexas. Já Nelson Leirner, um dos mais incensados artistas contemporâneos do país, mantém seu caráter vanguardista na gravura Variações, na qual insere diferentes personagens infantis, como Hello Kitty, Garfield, Mickey Mouse, Gasparzinho, entre outros, numa clara crítica à cultura de massa e às ideologias capitalistas.

 

Exposição Gravura Contemporânea

Galeria Poliedro

A partir de 8 de novembro.

Museu de Arte Murilo Mendes – Rua Benjamin Constant, 790 – Centro.

Outras informações: Pró-Reitoria de Cultura: 2102.3964 | Produção MAMM: 3229.7622