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Murilo e a Itália: desdobramentos

Revista acadêmica da Unicamp publica palestras de seminário realizado pelo MAMM

Pesquisadora de grande produtividade acadêmica, atenta às relações entre a Itália e o Brasil, Maria Bethânia Amoroso, docente no Instituto da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é a organizadora do 32º volume da revista Remate de Males, publicação semestral do Departamento de Teoria Literária do Instituto no qual leciona.  Contendo nove artigos e uma resenha, a revista é resultado do seminário Ipotesi/Hipótese: Murilo Mendes, que o Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) abrigou durante o mês de outubro de 2011, sob coordenação de Maria Bethânia. “O intuito desse encontro foi apresentar pesquisas que centralizassem a atenção nas relações entre a produção poética, ensaística e crítica de Murilo Mendes e o universo cultural italiano”, explica a organizadora na apresentação da revista.

Focado na relação entre o poeta juiz-forano e as artes plásticas produzida na Itália do século XX, o texto do professor Lorenzo Mammì, da Universidade de São Paulo (USP), disseca a faceta de crítico de arte desenvolvida por Murilo em textos para exposições de amigos próximos. “O interesse de Murilo Mendes pelas artes plásticas remonta à década de 1920, mas adquire maior espessura na década de 1940 e se desenvolve plenamente mais tarde, durante sua estada na Itália”, relata Mammì. Já o pesquisador Júlio Castañon aborda em seu artigo a produção final do poeta, no texto intitulado A forma severa: ajustes de roteiro em Murilo Mendes. “O texto tem como ponto de partida principal o exame das referências que Murilo Mendes faz em correspondência com João Cabral de Melo Neto a suas leituras da literatura italiana”, explica Castañon em seu resumo acadêmico. “Os comentários que faz dessas leituras revelam um estudo minucioso dos textos, o que permite a hipótese de que esse aspecto tenha tido papel importante no desenvolvimento da produção de Murilo Mendes nesse período final de sua obra”, complementa.

Poeta e professora, Prisca Agustoni retoma em sua colaboração a relação de sintonia entre a produção poética de Murilo no livro Ipotesi e a criação poética italiana. Docente na Universidade de Roma “La Sapienza”, Ettore Finazzi-Agrò trata da relação de entre lugar vivenciada pela arte muriliana. “Para vencer esse estatuto singular de artista vivendo entre dois mundos, ele vai construindo, aos poucos, uma nova comunidade intelectual em que ele se inclui, ficando todavia à margem dela, aceitando o ambíguo papel de poeta brasileiro de Roma”, escreve Finazzi-Agrò. Ainda integram a revista os pesquisadores Eduardo Sterzi, Vinícius Honesko, Pablo Simpson, César Braga-Pinto e a própria organizadora, além da resenhista Vera Lins.

 

Murilo e a Itália

Nascido em Juiz de Fora, Murilo Mendes mudou-se para o Rio de Janeiro aos 19 anos, onde permaneceu até sua transferência para a Itália, em 1957, aos 56 anos de idade. Contratado pelo Departamento Cultural do Itamaraty para ministrar aulas de Estudos Brasileiros na Universidade de Roma, o poeta soma diversas obras publicadas, originalmente, no país europeu. Pensador respeitado e escritor premiado, criou em sua residência um ponto de referência de encontros de intelectuais, o que se reflete em sua prolífica atuação cultural, sempre atenta à suas origens tupiniquins.

 

Revista Remate de males

Disponível em: http://www.iel.unicamp.br/revista/index.php/remate/index