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A música gravada na arte

MAMM abre na próxima quinta, 20, exposição do artista gaúcho Carlos Scliar, reunindo 10 gravuras em homenagem ao compositor Carlos Gomes e sua obra Il Guarany

 

Tom pode ser variação de altura, intensidade, duração ou qualidade de um som musical, mas também pode ser o colorido, a mistura de cores diferentes. Entre algumas acepções da palavra, a estreita relação entre as artes visuais e a música. Lançado em 1857, o romance indianista O Guarani, de José de Alencar, primeiro do gênero no Brasil, inspirou o compositor Carlos Gomes, contemporâneo de Alencar, na criação de Il Guarany, ópera em quatro atos, com libreto de Antonio Scalvini, apresentada em março de 1870, na Itália. No centenário de morte de Gomes, em 1996, o artista gaúcho Carlos Scliar lançou o álbum homônimo, com 10 serigrafias inspiradas no drama musical do compositor, que o Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) apresenta ao público, no próximo dia 20, quinta-feira, às 20h.

Nascido em Campinas, em 1836, formou com o pai e com os irmãos, ainda menino, um conjunto musical, no qual deu seus primeiros passos para uma carreira repleta de premiações e grande reconhecimento nacional e internacional. Aos 15 anos, Gomes começou a compor, porém limitava-se a valsas, polcas e modinhas. Entre aulas de piano e canto, iniciou seus estudos de ópera, tendo Giuseppe Verdi como maior referência e influência. Aos 25 anos, após já ter apresentado um bom número de concertos, apresentou sua primeira ópera, A noite do Castelo, encenada no Teatro da Ópera Nacional, no Rio de Janeiro. Logo, ascendeu profissionalmente, tornando-se um dos mais populares e requisitados compositores do país.

Considerada a maior obra do compositor, O Guarani foi representada em toda a Europa e América do Norte. Inserindo a figura do índio no protagonismo da cena, Gomes recebeu elogios até mesmo do grande italiano Giuseppe Verdi. Segundo o crítico de arte Olívio Tavares de Araújo, “Carlos Gomes paira acima de discussões, embora a realidade musical de sua obra continue para nós quase desconhecida”.

Em Il Guarany: Homenagem a Carlos Gomes, o gaúcho radicado no Rio de Janeiro Carlos Scliar, falecido em 2001, recria instrumentos que integram excertos da partitura e relê a melodia através de cores vibrantes e da reprodução de trechos da composição. “Numa linguagem marcadamente gráfica, Scliar apenas ‘estofa’ com áreas de cor recortadas e chapadas as imagens ampliadas dos instrumentos, tiradas de algum livro técnico antigo, jogando-as sobre notas e pautas que não admitem nenhuma leitura simbólica”, analisa Araújo. “O resultado me parece de uma beleza despretensiosa e ao mesmo tempo requintada em sua despretensão”, finaliza o crítico.