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A moderna literatura brasileira em revista

Lançamento de livro e exposição, no próximo dia 6, às 20h, no MAMM, rememoram a trajetória da pioneira revista Verde


Logo no primeiro número, no espaço reservado à apresentação, os idealizadores da revista Verde diziam a que vieram: “Abrasileirar o Brasil – é o nosso risco. / P’ra isso é que a VERDE nasceu. / Por isso é que a VERDE vae viver. / E por isso, ainda, é que a VERDE vae morrer.” A equipe da publicação, que era dirigida por Henrique de Resende e redigida por Martins Mendes e Rosário Fusco, reunia ainda os poetas Ascânio Lopes, Camilo Soares, Christophoro Fonte Boa, Francisco Ignácio Peixoto, Guilhermino César e Oswaldo Abritta. Nomes de relevância para a sociedade e para a cultura de Cataguases, na Zona da Mata mineira, os nove jovens ultrapassaram as fronteiras do interior e marcaram a História nacional, divulgando e incentivando a então recente literatura modernista.

Transpondo para o universo infantil, de forma didática e lúdica, esse universo em que o moderno redesenhava e reescrevia o país, o poeta e professor Joaquim Branco se une ao artista plástico Fernando Abritta para contar a história na qual um pequeno, porém encantado, movimento no interior do Brasil apontava para a solidificação de práticas artísticas expostas na grande capital paulista. Escrita por Branco e ilustrada por Abritta, Uma Verde história será lançada no próximo dia 6, às 20h, no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM). Aberta no mesmo dia, na Galeria Lugar de Honra, a mostra Verde irá apresentar as ilustrações do livro e recordar a revista modernista, que ficou em circulação entre os anos 1927 e 1929.

O modernismo no interior

“Este manifesto não é uma explicação. […] Nem é uma limitação dos nossos fins e processos, porque o moderno é innumerável”, postulava o Manifesto do grupo verde de Cataguases, que, sob as fortes cores dos trópicos, ansiava por uma arte com características próprias – mesmo que na conjunção de influências diversas – e bastante representativa do Brasil. “O espírito moderno, que irá nortear todas as manifestações culturais no país – influenciando mais tarde a busca de uma identidade política nacional –, era uma atitude de aceitação das transformações ocorridas no mundo na virada do século”, elucida Luiz Ruffato no livro Os ases de cataguases.

Contando com colaboradores de variados estilos, como Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Alcântara Machado, Sergio Milliet, Pedro Nava e Murilo Mendes – o último a sugerir um reencontro –, o Movimento Verde legou a Cataguases não só um marco na literatura, mas a introdução do modernismo em diversas outras áreas. Numa breve passagem pelas heranças da Verde, é possível observar as construções de Oscar Niemeyer e os jardins de Burle Marx; os painéis de Djanira e Portinari; e o cinema de Humberto Mauro. “Esta versão da história da Verde, contada a partir das ‘biografias’ dos ‘meninos’ que a fizeram, tem um valor que ultrapassa seu viés didático”, aponta o poeta Francisco Marcelo Cabral, na apresentação de Uma Verde história.

Segundo o professor e pesquisador Joaquim Branco, o Movimento Verde é a base de todos os movimentos culturais de Cataguases, que viu surgir a revista Meia-Pataca nos anos 40 e o Grupo Tótem em meados da década de 60. “O Movimento Verde está muito acima do que se poderia esperar de um movimento numa cidade pequena”, destaca Branco, que em sua pesquisa acadêmica investiga a produção literária do pequeno município, já tendo publicado quatro livros sobre a Verde. Em sua pesquisa, o autor aponta a efervescência e excelência do Colégio Cataguases como o principal motivo para a eclosão do movimento na cidade.

Tendo a história da cidade intimamente ligada à revista, Uma Verde história visita o polo modernista em imagens repletas de referências aos grandes expoentes das artes plásticas da Semana de 22. “O Fernando Abritta fez ilustrações que funcionam muito mais do que as histórias em quadrinhos fariam”, entusiasma-se Branco, que desenvolveu o projeto do livro na tentativa de introduzir o tema nas escolas da cidade. “É um livro que pode ser o grande divulgador do modernismo de Cataguases”, aposta, numa expressão de puro encantamento, estado de espírito que, segundo Branco, também é fruto da Verde.

Lançamento do livro Uma Verde história

Abertura da exposição Verde, na Galeria Lugar de Honra

Dia 6 de março, às 20h – Entrada franca

Museu de Arte Murilo Mendes – Rua Benjamin Constant, 790 – Centro.

Outras informações:

Pró-Reitoria de Cultura: 3229.3964

MAMM: 3229.7622