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Entre o mítico e o real, livro conta a vida de Itamar Franco

Biografia autorizada do ex-presidente, falecido em julho passado, será lançada amanhã, dia 22 de novembro, às 19h, no MAMM

Somente um conterrâneo consegue falar com perfeição sobre aquele que pertence à mesma terra. Seguindo a assertiva, em junho de 2009, um convite foi feito ao jornalista Ivanir Yazbeck: retratar, em palavras, a vida do ex-presidente Itamar Franco, também juizforano. “Foi uma surpresa a encomenda e um desafio aceitá-lo”, afirma o autor, exultante com o resultado.  O Real Itamar – Uma biografia (Editora Gutenberg) será lançado amanhã, dia 22, às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), na cidade natal que projetou um dos homens mais importantes para a política brasileira atual.

A obra revela detalhes da vida e da intimidade do político mineiro, que assumiu os destinos da Nação, nos últimos dois anos e três meses do governo Collor, cassado pelo Congresso Nacional. Durante seu mandato o país passou a viver uma nova era de amadurecimento político e, sobretudo, de estabilidade econômica a partir da criação de uma nova moeda, o Real. Reconhecido por seu topete, sempre esguio, Itamar foi o responsável por determinar o fim definitivo de uma praga inflacionária, que levou o Brasil à grave crise econômica no início da década de 90.

Segundo Yazbeck, a biografia é uma boa oportunidade de descrever o político de forma mais humana, desmistificando sua fama de temperamental e acrescentando novos adjetivos ao biografado – destacando, entre eles, a ética, a competência e a responsabilidade. “Mostro muitos exemplos de um lado compassivo de Itamar, mesmo diante dos adversários”, relata o escritor, deixando resvalar o encantamento ao se aproximar do político, que se iniciou em governos locais, tendo sido prefeito de Juiz de Fora por dois mandatos.

Além de retratar um homem aberto e que gostava de uma boa conversa, o livro apresenta episódios únicos, antes desconhecidos do público. Já no primeiro capítulo, em que se descreve o seu nascimento a bordo de um Ita (que deu origem a seu nome), a história começa a ser relatada em tons épicos, a partir da viuvez precoce de sua mãe, em Salvador, na Bahia, com três filhos menores, de volta à sua cidade, Juiz de Fora.

Formado em engenharia, Itamar Franco também foi eleito senador em dois mandatos, e governador de Minas Gerais. Sua chegada à presidência, como revela o autor, expõe uma interessante jogada política, em que o nome do mineiro foi sugerido como forma de potencializar uma chapa encabeçada por um jovem político alagoano. Além do lançamento da nova moeda, deve se destacar que foi em seu governo que se criou a lei que instituiu os remédios genéricos, ocorreu a volta do carro popular, ainda que por um curto período, e principalmente a manutenção e o aprimoramento da democracia, que ele lutou obsessivamente para restabelecer.

Em 2011, quando exercia o mandato de senador pela terceira vez, Itamar foi diagnosticado com leucemia, agravada por uma pneumonia, que levou ao seu falecimento no dia 2 de julho deste ano. Destacado no âmbito internacional, o político foi classificado pela revista semanal britânica The Economist como “o maquinista que colocou o Brasil nos trilhos”. “Fiquei com a imagem de uma pessoa afável, agradabilíssima, inteligente e de uma sensibilidade muito grande com os projetos sociais”, destaca o autor.

Acompanhada por um rico acervo fotográfico, que registra em imagens importantes momentos da História do Brasil ao longo das últimas décadas, O Real Itamar resgata não só o mito, mas o real homem que mudou a cara do país. “Cada episódio, para quem escreve, é um momento de emoção muito grande. A cada momento que eu conseguia transpor para o texto a vida do antagonista tomando outro rumo, me comovi. Emocionei-me à medida que percebia a exatidão”, declarar Yazbeck, para em seguida concluir: “Utilizei adjetivos sem camuflar a verdade”.

 

Sobre o autor

Filho de libaneses e natural de Juiz de Fora (1941), Ivanir José Yazbeck iniciou carreira como jornalista no semanário Binômio, ao lado do editor Fernando Zerlottini e dos repórteres Fernando Gabeira, Geraldo Mayrink e José Pedro Rodrigues de Oliveira. Em 1964, transferiu-se para o Rio de Janeiro tendo trabalhado no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia e Extra, como diagramador e editor de arte, além de esporadicamente atuar como repórter, redator e crítico de cinema. Por dois anos, afastou-se das redações para dedicar-se a escrever roteiros de teledramaturgia. Discípulo de Bráulio Pedroso tornou-se autor de seis mininovelas levadas ao ar pela Rede Globo, no programa intitulado Caso Verdade. Autor prolífico escreveu, dentre outros, O enigma do pássaro de pedra (1992), Em algum lugar no céu (1994), A noite em que Jane Russell morreu (1991), Uma noite no Raffa’s (2003) e O colunista (2009). Este é seu décimo livro.

Mauro Morais

Assessoria de Comunicação – Procult