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MAMM faz parceria com Instituto Tomie Ohtake

MAMM faz parceria com Instituto Tomie Ohtake

Conjunto de cinco obras de arte da coleção Murilo Mendes é emprestado para a mostra “Vieira da Silva e Arpad Szenes: a ruptura do espaço na arte brasileira”, a partir de maio, em São Paulo

Cinco obras de arte de autoria da artista plástica portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, pertencentes ao Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), passam a integrar, em caráter de empréstimo, a exposição “Vieira da Silva e Arpad Szenes: a ruptura do espaço na arte brasileira”, que acontece no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, no período entre 17 de maio e 26 de junho.

Elogiada pelo pró-reitor de Cultura da UFJF, José Alberto Pinho Neves, a iniciativa do Instituto Tomie Ohtake demonstra o reconhecimento da coleção Murilo Mendes, considerada por especialistas como o mais importante conjunto de obras de arte ingressado no Brasil na segunda metade do século XX. “Estamos invertendo a mão desta via de empréstimos ao verificarmos que obras do acervo do MAMM são requisitadas por uma instituição de tal gabarito”, declarou.

Arte em movimento

Segundo o pró-reitor, fazer circular o acervo do poeta juiz-forano faz parte de uma política de movimentação do MAMM, que mantém viva a memória do escritor, ao mesmo tempo em que revela suas relações de estima com artistas contemporâneos como é o caso de Vieira da Silva e Arpad Szenes. Murilo Mendes recebeu vários quadros do casal com dedicatórias ao poeta e à sua esposa Maria da Saudade Cortesão Mendes.

Em alguns deles, Vieira da Silva assina carinhosamente como “Bicho”, tanto na frente quanto no verso da obra, referindo-se à maneira como ela e Murilo costumavam se tratar. Também o poeta faz referências sobre esta amizade em observações como a que registra a oferta de um guache sobre papel, enviado por Vieira da Silva de Paris a Roma na data de seu aniversário (13 de maio).

O conjunto de obras de Vieira da Silva que sai temporariamente do acervo do MAMM para o Instituto Tomie Ohtake consta de três trabalhos em guache sobre papel; um quadro em tinta sobre papel, este um projeto de capa que a artista portuguesa fez para o livro de Murilo Mendes “Os discípulos de Emaús” (foto), e uma obra em guache e tinta da China sobre papel.

Patrimônio de vulto

Sob a guarda da UFJF, o MAMM funciona na Rua Benjamin Constant, 790, com uma proposta que também fomenta a cultura em amplas direções, através de  projetos de Arte-Educação, História Literária, Diálogos Abertos, Leituras Temáticas, Musicamamm, Cinemamm, além de palestras, lançamentos de livros, concertos e seminários. Sua história remonta a 1994, com a criação do Centro de Estudos Murilo Mendes (CEMM), para receber biblioteca, coleção de artes plásticas, documentos e objetos do poeta doados por Maria da Saudade Cortesão Mendes.

Entre as preciosidades do MAMM estão, além de Vieira da Silva e Arpad Szenes, obras de Miró, Picasso, Max Ernst, Ensort, De Chirico, Braque, Léger, Arp, Ismael Nery, Portinari. Outros expoentes das artes plásticas brasileiras com reconhecimento internacional, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Guignard, Evandro Carlos Jardim e Dnar Rocha, passaram recentemente a integrar o patrimônio do MAMM como parte da política de formação de acervo anunciada pelo pró-reitor José Alberto Pinho Neves.

A recepção das bibliotecas de Dormevilly Nóbrega, Arthur Arcuri e Cleonice Rainho também merecem menção, embora ainda estejam em reserva para higienização, catalogação e restauro do que se fizer necessário, aos cuidados dos laboratórios do MAMM. Ainda merece menção o fato de uma das preocupações do Museu ser a inserção da produção acadêmica em livros, daí a criação do Selo MAMM como um registro de permanência das reflexões apresentadas no âmbito da UFJF.

Rompendo fronteiras

O Instituto Tomie Ohtake, criado em 2001, tem como proposta apresentar novas tendências da arte no País e em todo o mundo, também referenciando os últimos 50 anos, que coincidem com o período de trabalho da artista que dá nome ao espaço. Nascida no Japão, em 1913, ganhou o mundo e foi contemporânea de Murilo Mendes, Vieira da Silva e Arpad Szenes, entre outros tantos que compõem a coleção do MAMM.

Até 24 de abril, os espaços do Instituto abrigaram obras de artistas como Vik Muniz em “Relicário” e mostras do projeto Anônimos e artistas”, desenvolvido para investigar as origens da identidade no design brasileiro. Assim, estão em cartaz Veja ilustre passageiro: o Atelier Mirga e os cartazes de bonde” e Caprichosamente engarrafada: rótulos de cachaça”.

Vieira da Silva e Arpad Szenes

Em Lisboa, Portugal, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, criada em 1990, promove a divulgação e o estudo da obra do casal, além de gerir um museu destinado a expor as obras de ambos, ao lado de seus contemporâneos. Há também um centro de investigação e de documentação sobre a vida e o trabalho de ambos. O espaço realiza exposições, colóquios, conferências sobre temas que contribuam para o aperfeiçoamento da arte contemporânea e para o desenvolvimento da cultura e da educação.