Arte, política e poesia marcam Bienal em Juiz de Fora
29ª Bienal de São Paulo traz para a cidade oito artistas reconhecidos internacionalmente em obras de efervescente discussão
A 29ª Bienal de São Paulo chega a Juiz de Fora, em seu projeto Itinerância, no dia 29 de março, apresentando 70 obras de oito artistas no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM). A exposição, que reuniu, entre 25 de setembro e 12 de dezembro de 2010, 850 obras de 159 artistas de diversos países, segue até agosto com diferentes recortes em 13 cidades brasileiras. “Embora seja impossível, obviamente, o transporte integral de exposição tão extensa e complexa como a Bienal para outros lugares, o trabalho conjunto entre a curadoria da Bienal de São Paulo e as instituições que recebem esses recortes permite que seus visitantes tenham acesso a vários destaques e que desfrutem do contato próximo com algumas das mais relevantes produções da arte contemporânea brasileira e internacional”, explica Moacir dos Anjos, curador da Bienal em parceria com Agnaldo Farias.
O projeto que desembarca na cidade propõe refletir, nas mais diferentes concepções, a relação entre arte e política, mote da mostra original. A norte-americana Adrian Piper, o português radicado no Brasil Artur Barrio, a peruana Sandra Gamarra, a africana Zanele Muholi e os brasileiros Cildo Meirelles, Hélio Oiticica, Clarice Lispector e Gil Vicente compõem o elenco selecionado para o MAMM. De acordo com o pró-reitor de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora, José Alberto Pinho Neves, a seleção chama atenção por levar o público a refletir sobre o homem como ser político. “A arte trabalha com metáforas, e essas metáforas nos fazem ver Verdade”, afirma.
A vinda de obras de dois artistas de proeminência é destaque da mostra: Cildo Meireles é representado pelo Projeto Cédula (Quem matou Herzog?), que integra a série histórica Inserções em Circuitos Ideológicos, no qual o artista grava a pergunta sobre o jornalista assassinado durante a ditadura militar brasileira em cédulas que depois devolve à circulação. Gil Vicente participa com a série Inimigos, em que o artista faz um autorretrato no qual aparece “matando” figuras ilustres, como os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, o Papa Bento XVI e a Rainha Elizabeth, entre outros.
Além das obras, o MAMM recebe o terreiro “O outro, o mesmo”, que em São Paulo foi atração logo na entrada da mostra. Projetado pelo arquiteto Carlos Teixeira, o grande espaço construído com papelão prensado serve como ponto de descanso e também ambiente propício ao encontro de ideias e sensações.
Programa Educativo da Bienal revela cuidado com espectadores
O projeto itinerante também traz à cidade um dos maiores destaques da última edição da bienal: a arte-educação. Após desenvolver treinamento com todos os profissionais do MAMM, a Bienal oferecerá no dia 9 de abril um curso para educadores, a fim de que levem a arte apresentada para as salas de aula.
Sandra Sato, arte-educadora do museu, destaca, ainda, as diversas ações voltadas aos visitantes. “Iremos propor diversas ações poéticas, discutindo as obras e o que elas suscitam”, explica. Sandra também ressalta a possibilidade de desenvolver um bom trabalho junto aos adolescentes e pré-adolescentes, avaliando como sendo o público mais difícil de se gerar interesse. Pelo tom político e pela atualidade das obras selecionadas, a arte-educadora acredita que as reflexões poderão interagir com as mais diversas áreas de conhecimento.
29ª Bienal de São Paulo – Obras selecionadas – Juiz de Fora
Visitação de 30 de março a 15 de maio.
Local: Museu de Arte Murilo Mendes – Rua Benjamin Constant, 790 – Centro
Horários: De segunda a terça, das 10 às 18h e aos sábados e domingos, das 13 às 18h.
Entrada franca
Mais Informações: (32) 3229.9070 (MAMM)