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Cine-Theatro Central divulga selecionados pelo Projeto Sérgio Lessa

Cine-Theatro Central divulga selecionados pelo

Projeto Sérgio Lessa

 

“Já estive em muitos teatros no Brasil e fora daqui, mas nunca me apresentei em um lugar tão belo como este.” As palavras são de Laura Cardoso, dama do teatro brasileiro, quando de sua apresentação do espetáculo Veneza, no Central, em 2003. Diante desta manifestação, não fica difícil entender o motivo que leva os artistas locais a também cultivarem o desejo de se apresentarem no palco do Cine-Theatro Central.

Oito foram os congratulados deste ano pelo edital do Projeto Sérgio Lessa e que exibirão seus respectivos projetos no Theatro. Ao longo de 2011, o Central receberá espetáculos de teatro, dança e música – e outros, que reúnem diversas linguagens artísticas –, todos valorizando a cultura local, prezando pela qualidade e a preços populares.

Pela primeira vez no “símbolo maior da cultura de Juiz de Fora”, o músico (pianista e violonista) Carlos Henrique Pereira está ansioso por apresentar o projeto Minas, Gerais. “Esta é uma oportunidade única para os produtores e artistas independentes se apresentarem em nossa melhor sala, já que em certos casos não seria possível realizar o evento sem essa parceria”, afirma o artista, que programa a gravação de seu show para a produção de um DVD.

 

Música [em] alta

Os espetáculos desta edição, em sua maioria, possuem uma relação harmônica com a música. Correntezas, do compositor, arranjador e violonista Hérmanes Abreu, é um trabalho de jazz contemporâneo, homônimo ao novo CD do artista. As composições prezam pela raiz mineira, e a percussão emprega instrumentos criados pelos músicos com materiais inusitados. Apesar de já ser íntimo do palco do teatro, Hérmanes acredita que “o Central é especial para qualquer artista, não só por sua importância histórica, mas também visualmente e acusticamente falando”.

Com a pretensão de trabalhar a diversidade artística e cultural por meio de materiais recicláveis, o espetáculo Quadros, do Grupo Afrolata, valoriza a multiplicidade: hip hop, arte circense, teatro, dança, percussão, contação de histórias. Pela segunda vez no Central, o Afrolata vai apresentar a tradição das composições de raiz combinada com músicas contemporâneas e trabalhos de autoria do grupo.

A forte mistura artística é também o que propõe o show da Banda Rama Ruana. Sob a inspiração do personagem simbólico do grupo – o índio Anaur –, um dos integrantes da banda, Bruno Tardio explica que “a apresentação é um misto de desenhos, sons, imagens, efeitos visuais e de áudio, que interagem de forma conjunta e englobam importantes temas, como discriminação cultural e racial, guerras, aquecimento global e preservação da natureza”.

 

Para todos os gostos

Com aproveitamento nas áreas pedagógica e artística, a Orquestra de Violões do Conservatório Estadual de Música de Juiz de Fora completa 10 anos em 2011, e nada mais justo que comemorá-los no palco do Central. Sob a batuta do maestro Vicente Augusto Cimino estão, além dos atuais músicos, antigos alunos que hoje já frequentam universidades de música ou trabalham em outras orquestras.

O clássico infantil A Bela e a Fera é a nova aposta da Isto Cia. Teatral. A história, já conhecida por todos, ganha nova versão que trata de uma realidade individual e coletiva, que faz parte do cotidiano. “Já nos apresentamos no Central, e o resultado é muito positivo: estar nesse teatro é uma experiência única para o ator que tem o privilégio de subir em seu palco. É sempre emocionante”, lembra o ator Gustavo Eiterer.

A Cia. Ormeo leva ao teatro a estreia de seu novo espetáculo, Retina – trilogia final, dirigido por Daniela Guimarães. O grupo de artistas que integram a companhia trabalha na investigação de interação das linguagens cênicas, realizando o intercâmbio entre dança, teatro, cinema, artes visuais, música e literatura. O resultado final é um espetáculo que acrescenta novas possibilidades ao trabalho do artista e contempla um público diverso.

Suplentes

Dois projetos suplentes ainda foram selecionados, caso haja alguma desistência entre as propostas aprovadas: o lançamento do segundo CD de Kika Tristão e o espetáculo Gaitas da Cidade, respectivamente.

Espetáculo marcante em Juiz de Fora, o Gaitas da Cidade foi congratulado anteriormente pelo Projeto Sérgio Lessa, em 2009. Naquele ano, o palco do Central reuniu gaitistas juiz-foranos que dividiram o espaço com músicos de expressão nacional. Já a proposta de Kika Tristão é a realização do show de lançamento de seu segundo álbum solo, que apresenta músicas inéditas e que privilegia os compositores locais.

 

Patrono e projeto

A quinta edição do Sérgio Lessa reafirma o inevitável destaque de seu homenageado para o complexo cultural de Juiz de Fora, ao relembrar o profissional de teatro que se dedicou à arte por mais de 30 anos. Falecido em 1997, Sérgio Lessa atuou como diretor, autor, adaptador e ator do teatro da cidade e foi o responsável pela criação do Grupo Teatro Comédia.

O projeto que o homenageia preza por incentivar a produção local e, dessa forma, democratizar o apoio da Universidade Federal de Juiz de Fora ao desenvolvimento da cultura da cidade. Desde 2007, são mais de 40 projetos que receberam o apoio da Pró-reitoria de Cultura da UFJF, com isenção do aluguel do Cine-Theatro Central, além de auxílio com divulgação – entre confecção de flyers, impressão de ingressos e apoio junto à mídia local.

A oportunidade de apresentar seu trabalho no palco do Central representa um sonho para grande parte dos artistas juiz-foranos. “É como se tivéssemos conseguido o passaporte para voos maiores, ou então, a certeza de que o trabalho foi bem realizado”, afirma Bruno Tardio (Banda Rama Ruana). O Projeto Sergio Lessa, além de apresentar essa oportunidade aos produtores locais, pretende democratizar o acesso do grande público ao palco maior da cidade. Cliente antigo do Central, Gueminho Bernardes, do Grupo Teatro de Quintal, contemplado com o espetáculo Tropa de Elite 2, ainda pontua as constantes melhorias que a parceria sugere: “A cada edição, o Central vem oferecendo um suporte cada mais completo, o que facilita ainda mais a produção”.

Reconhecimento

Contemplado nas últimas três edições do projeto Sérgio Lessa, o Festival Internacional de Coros de Juiz de Fora foi retirado da seleção desta edição porque a Pró-reitoria de Cultura realizou uma parceria com a Associação Artística e Cultural Coro Municipal, cedendo duas datas para a abertura e o encerramento do festival.

A medida foi determinada para oportunizar que mais projetos locais pudessem compartilhar da isenção do aluguel do teatro. Cada projeto selecionado em 2011 faz jus a uma data gratuita no Cine-Theatro Central, totalizando oito propostas escolhidas. Ao mesmo tempo, o Central, por meio da Pró-reitoria de Cultura, garante ao FestCoros uma parceria individual, na qual cede ambas as datas para a realização do festival. Todos ganham.