A UFJF comprometida com a formação profissional e científica das pessoas, para além de seu objetivo de ser centro de excelência de investigação das principais áreas do saber humano, tecnológico e artístico, também enquanto protagonista pública, deve demarcar sua contribuição para a cultura, lente pela qual o homem vê o mundo. Este é o papel central da Pró-reitoria de Cultura (Procult).
Mamm tem qualificação de espaço e estrutura reconhecida
Neste ano de 2018, o Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) deu importantes passos em direção ao reconhecimento da qualificação do espaço e de sua estrutura organizacional. No mês de junho, o Mamm recebeu o selo de “Museu Registrado” do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O espaço foi o primeiro na região e é um dos poucos no estado com este reconhecimento. “A certificação garante à instituição a excelência do espaço, dá visibilidade e permite que o museu exerça o direito de preferência em casos de Declaração de Interesse Público e, principalmente, o habilita a participar de editais que promovam o fomento aos museus e que exijam seu reconhecimento”, pondera a pró-reitora de Cultura, Valéria Faria.
Para aprimorar ainda mais a qualidade reconhecida pela entidade museal máxima do país, o Mamm convidou o expert José Luiz Pedersoli para fazer uma avaliação da gestão de risco do espaço. Com experiência internacional, usando os métodos e critérios de segurança normatizados pelo International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property (ICCROM), organização ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), Pedersoli fez um diagnóstico das características geográficas e climáticas do Mamm, além de identificar os agentes de risco (químicos, físicos e biológicos) que podem danificar ou avariar gravemente o acervo do museu. Segundo Valéria, “o relatório de conclusão do especialista ajudará a direção a efetuar políticas e ações que tornarão o espaço mais eficiente e seguro para a conservação de seu patrimônio”.
Além dessas medidas de ordem técnica, a nova direção Mamm, liderada pelo professor Ricardo Cristofaro desde abril, também promoveu importantes ações no âmbito da difusão cultural. Projetos antigos, como o Coletivo Cultural e o Encontro de Educadores de Museus, foram retomados. O primeiro oferece transporte gratuito a instituições de ensino público para conhecer o museu, suas exposições e realizar atividades educativas. Já o Encontro de Educadores de Museus é uma oportunidade de capacitação para professores e interessados em métodos não-formais de pedagogia. O projeto convida educadores de outros museus para explicar suas ações e abordagens de ensino. Neste ano foram três edições, com representantes de educativos do Museu de Arte Contemporânea, da Universidade de São Paulo (USP); do Museu do Amanhã, do Rio de Janeiro; e do Instituto Inhotim, de Brumadinho.
Outras ações de formação de público, como a tradicional Colônia de Férias, a Oficina Literária para grupos de terceira idade e público infantil (em parceria com a Biblioteca do Mamm), além da Oficina de Biruta catalisaram os elementos educacionais para ampliar o conhecimento da comunidade em torno do legado muriliano.
Na área expositiva, o museu promoveu seu acervo com a mostra “Arte Brasileira: Coleção Murilo Mendes”, além de homenagear importantes artistas com as exposições “Farnese: Pintura. Gravura. Objeto” e “Retratos do Artista: Arlindo Daibert”, além de promover trabalhos contemporâneos com a mostra de escultura “Jorge dos Anjos: A ferro e fogo”.
Pibiart distribui mais de 90 bolsas
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Artística (Pibiart) é uma das grandes ações do Pró-reitoria de Cultura em 2018, que trará seus primeiros resultados já em 2019. Com o objetivo de fomentar ações culturais de alunos e professores UFJF, o programa distribuiu 91 bolsas, no valor de R$ 370.
Suprindo a demanda pelo incentivo às diversas linguagens artísticas, o Pibiart contemplou alunos e projetos de professores oriundos de diferentes de cursos: Arquitetura; Letras; Medicina; Fisioterapia; Turismo; Comunicação; e Artes. “O programa também serviu para dar novo fôlego aos grupos artísticos ligados à UFJF, contemplando a Orquestra Sinfônica Pró-Música e Coral Pró-Música”, acrescenta a pró-reitora.
A comunidade juiz-forana também ganhou com o projeto, tendo em vista as 38 bolsas destinadas à Escola de Artes Pró-Música. Nela, os alunos da Universidade darão aulas de instrumentos musicais e artes-visuais para a parcela da população interessada neste tipo de formação, mas carente do acesso a escolas do mesmo tipo.
Para Valéria, o Pibiart fortalece a cena cultural da cidade e região e pavimenta o caminho para a futura geração de artistas. “A ideia é promover os talentos dos alunos, independente do curso e linguagem artística de atuação: artes-visuais, música, teatro, moda, etc. A bolsa é um incentivo na formação desses novos agentes culturais. Com atuação num projeto, partindo da idealização até a execução, o aluno aprende, aplica de maneira concreta aquilo que aprendeu em sala, amadurece e ainda ajuda a comunidade. Desse modo perpetuamos a cultura e a mantemos viva.”
Galeria Reitoria: novo espaço consolida-se
Em 2018, o saguão da Reitoria consolidou-se como um espaço expositivo vibrante, ao receber mostras promovidas pela Pró-reitoria de Cultura, que conquistaram o público com suas propostas diversificadas e apresentaram o trabalho de artistas de expressão local, nacional e mesmo internacional, além de revelarem o talento e a criatividade dos alunos da UFJF. Estudantes de Arquitetura e Urbanismo, por exemplo, apresentaram em “Projetando com Jogos de Montar” os resultados de uma premiada pesquisa desenvolvida em torno de jogos de montar arquitetônicos.
Na sequência, de algum modo dialogando com o campo arquitetônico, a mostra “Janelas – Um olhar para fora”, do artista autodidata Edmundo Schmidt, trouxe trabalhos em madeira, com formas geométricas que se encaixam para revelar contrastes entre materiais, formas, planos e texturas.
Uma das exposições mais marcantes do ano foi “Personas – Transliterações Poéticas em Fernando Pessoa”, idealizada como homenagem aos 130 anos de nascimento do poeta português. “A multiplicidade de reinterpretações visuais de poemas de Pessoa, em diálogo direto com os textos, cativou o público pela beleza das obras realizadas por cerca de 30 artistas e a densidade de um autor universal”, conceitua Valéria.
Em dezembro, o espaço abriu-se para abordar um tema sensível e urgente em “Viva a Vida – Combate ao Suicídio”, mostra que mobilizou 98 alunos de 24 cursos da UFJF, inclusive do campus avançado de Governador Valadares, como resultado de um concurso de cartazes de conscientização sobre esse grave problema. O engajamento alcançado entusiasma a pró-reitora Valéria Faria. “É uma grande alegria ver a adesão obtida por uma proposta como essa, o que nos estimula a pensar em outras iniciativas que venham a envolver a comunidade acadêmica. A Galeria Reitoria é um espaço de todos e, se a arte pode contribuir para chamar a atenção para questões atuais e ser uma força de mudança, devemos investir nesse seu potencial de mobilização.”
Centro Cultural Pró-Música mantém tradições, mesmo com orçamento restrito
Este ano, o Centro Cultural Pró-Música realizou mais uma edição do tradicional Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, apesar das restrições orçamentárias. “Ampliamos as oficinas e o público foi bem maior. Tivemos casa lotada todos os dias”, ressalta o supervisor do Centro, Marcus Medeiros.
Em julho de 2019, o evento chega à sua 30ª edição, e a Pró-reitoria de Cultura já prepara a programação. “Temos pedidos do público e dos alunos para voltar a oferecer o festival em duas semanas. Seria ótimo poder atender essa demanda no ano em que se comemoram três décadas do festival, mas isso significa obter mais recursos. Com as atuais dificuldades financeiras das universidades, é um enorme desafio realizar anualmente um evento desse porte. O que procuramos é cumprir o compromisso de dar sequência a um festival tão importante e tradicional”, pondera.
Medeiros, que também é supervisor e diretor artístico do festival, informa que há previsão de parcerias com o Consulado da França e antecipa que a ópera da edição será Narciso, de Domenico Scarlatti. “O festival está contribuindo com muito sucesso para divulgar esse gênero musical, com montagens exclusivas e inéditas de obras e autores da história da ópera.”
Em 2019, a grande novidade será a abertura da Escola de Artes Pró-Música/UFJF, prevista para acontecer em março. A Escola é a vertente pedagógica do Centro Cultural, com a proposta de integrar ensino, pesquisa e extensão na área de Artes e contribuir para a formação pedagógica dos alunos da licenciatura em Música e em Artes Visuais da UFJF, que atuarão como bolsistas de Mediação Artística.
Esta é uma das modalidades do Pibiart, criada para atender exclusivamente à escola, com o oferecimento de cursos de livre formação em música e em diversas áreas artísticas. “Já temos bolsistas aprovados e estamos estudando as formas de inscrição, além das aulas que serão ofertadas”, informa Marcus Medeiros.
Valéria acredita que a abertura da escola representa o cumprimento de mais um compromisso assumido pela Universidade com a incorporação do Pró-Música. “Lutamos muito para resgatar a escola, que vem estreitar as relações entre a UFJF e a comunidade, proporcionando oportunidades acessíveis e democráticas de educação musical e artística.”
Cine-Theatro Central ainda mais próximo do público
Em 2018, o Cine-Theatro Central esteve ainda mais próximo do público juiz-forano, com a estreia do projeto Palco Central, uma iniciativa surpreendente, que levou a plateia para dividir com os artistas o espaço da apresentação, lado a lado no palco. Foram cinco espetáculos de diferentes gêneros desde o início do projeto, em agosto, entre shows, teatro e intervenção artística.
Além do formato intimista, o Palco Central tem entrada franca. “Foi um sucesso”, comemora o diretor do teatro, Luiz Cláudio Ribeiro. “O projeto cumpriu seu objetivo, ao proporcionar uma experiência diferente para o público, além de dar visibilidade e valorizar a cena cultural local”, complementa. O projeto vai prosseguir em 2019, com inscrições de propostas através de edital, que irá selecionar artistas para as próximas apresentações, com pagamento de cachê.
Ao final de 2018, o Cine-Theatro Central contabilizou 91 eventos em seu palco, com uma estimativa de público total de 75 mil pessoas. O último evento ocorreu em 25 de dezembro: o tradicional concerto Beatles Forever de Natal, contemplado pelo Projeto Luz da Terra, com ingressos a preços populares.
Com vistas ao fomento cultural e a democratização de acesso a cultura, o Central inovou neste ano e, além das datas oferecidas com valores diferenciados ou gratuidade pelo projeto Luz da Terra, produziu dois grandes shows: “89 anos de Cine-Theatro Central”, com a cantora Fernanda Cunha e participação da compositora Sueli Costa; além da apresentação de Stanley Jordan e Dudu Lima Trio.
Importantes parcerias foram realizadas, como a efetuada com a Associação Cultural Ponto de Partida, que apresentou o espetáculo “Roda que rola” e, em contrapartida ao ensaio gratuito concedido pelo Conselho do Cine-Theatro, ofereceu 120 ingressos distribuídos pela casa a estudantes de duas escolas públicas municipais, indicadas pela Secretaria de Educação, e que receberam, também, o transporte de vinda e retorno da apresentação, em ônibus da Universidade.
Outra parceria de grande alcance social se deu através da cessão do espaço para apresentação de final de ano do Projeto “Gente em Primeiro Lugar”, projeto de dança gerenciado pela Associação Cultural Arte e Vida, que atende a mais de três mil crianças, adolescentes e jovens entre 6 e 22 anos, de 55 bairros de Juiz de Fora.
No Projeto Visita Guiada, agraciado em 2017 com o prêmio “Amigo do Patrimônio”, concedido pela Prefeitura de Juiz de Fora em reconhecimento à valorização de iniciativas de divulgação e preservação de bens tombados do patrimônio cultural da cidade, a equipe, composta por funcionários e bolsistas de Treinamento Profissional, recebeu capacitação, por meio de intercâmbio com o Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
90 anos do Central
O novo ano também será de celebração para o Central: são 90 anos de história, que se completam em março. A Pró-reitoria de Cultura irá comemorar a data especial com uma programação que está sendo fechada, mas a boa notícia é a realização de obras no espaço a partir de janeiro de 2019, para adequação dos segundo e terceiro andares a normas de seguranças, espaços que deverão ser liberados a partir de abril.
Uma série de eventos, vários dos quais gratuitos e abertos ao público, devem ser realizados durante todo o mês do aniversário e ao longo do ano. “Haverá apresentações de concertos de orquestras e grandes artistas, além de edições especiais do projeto Palco Central, que serão realizadas na parte interna e externa do teatro”, informa Valéria.
As apresentações na parte interna acontecerão às terças-feiras do mês de março. O Palco Central externo vai contar com atrações artísticas diversas, feira de arte e a montagem de uma tenda-palco, na Praça João Pessoa. Na Procult, no Mamm, ou Cine-Theatro Central, acontecerão exposições durante todo o mês de março ou, no caso do Mamm, de acordo com a programação a ser definida pela direção.
Forum da Cultura: centenário e efervescência
Referencial da memória coletiva, tombado pelo município como patrimônio histórico e arquitetônico, o Forum da Cultura será alvo de comemorações pelo seu centenário, começando 2019 com uma noite especial no dia 1º de fevereiro. A programação inclui concerto da Orquestra Juiz de Fora, apresentação do Coral Universitário, exposição de fotografias e exibição de um pequeno filme que registra a história do casarão que hoje pertence à UFJF, sob a administração da Procult. O evento contará com a presença de membros da família dos antigos proprietários.
O prédio, edificado na Rua Santo Antônio 1112, Centro, sediou, no início do século XX, a Villa Cecy, que reverenciava o casamento entre Maria Cecília Schlobach Valle e Clóvis Mascarenhas; posteriormente, foi vendido a Domingos de Araújo e, finalmente, adquirido para abrigar a Faculdade de Direito da UFJF, entre os anos de 1953 e 1972, passando, em seguida, a ser conhecida como Forum da Cultura, um templo das artes a incentivar e promover o teatro, o canto coral, o folclore, a literatura, a pintura e a cultura em geral.
Desde então, vem desempenhando seu papel com maestria; prova disso é que teve um 2018 marcado pela efervescência, com a realização de 148 eventos, destinados a um público de mais de 16 mil pessoas. “Foram nove espetáculos, 96 récitas, 20 projetos e eventos, 21 exposições na galeria de arte e 11 mostras no Museu de Cultura Popular, atraindo mais participantes e visitantes de diferentes idades, em que pese a cessão do espaço a reuniões como a do Fórum do Patrimônio Cultural”, conta a pró-reitora.
Ao longo do ano, o Fórum da Cultura abrigou os projetos de extensão “Escola de Espectador”, “Workshop de Interpretação para a 3ª Idade” e “Centro de Estudos Teatrais: Cursos e Oficinas”, os projetos de Treinamento Profissional “Criação Cenográfica”, “Memória Iconográfica” e “Museu de Cultura Popular”, além das oficinas de Cenografia, Adereços, Iluminação, Figurino, Interpretação, de Corpo e de Voz. Outra ação foi “Memórias do Futebol de salão de Juiz de Fora – 1960 a 1980”.
No Museu de Cultura Popular, que funciona no prédio, foram apresentadas as exposições “Senhora das Águas”, “Representações da Paixão”, “Dia do Índio”, “Sertanejo”, “Festa Junina”, “Bênção, vovó”, “Folclores regionais”, “A volta ao mundo”, “Brinquedos”, “Músicos” e, em dezembro, “Presépios”, em cartaz até o próximo dia 11 de janeiro.
Foram realizadas, na galeria de arte, as mostras “Mascaradas”, “Acervo”, “Ilustrações do livro Pôquer a seis”, “O pulsar da arte”, “Teatro infantil”, “Rabiscos”, “Paisagens municipais”, “Menos é mais”, “Nas portas do céu”, “Grupo Divulgação: Memória”, “Bordado encontro de mil tons”, “Cantos e recantos”, “Retratos”. E ainda: “Labirintos contínuos”, “O preto e o branco”, Dimensões do Diálogo”, “A flor da pele”, “Paisagens contemporâneas” e “Estudos em cerâmica dos alunos do IAD da UFJF”.
Outras informações: (32) 2102-3965 – Pró-reitoria de Cultura